Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Entenda

Atitude de Mandetta de confronto com Bolsonaro reduz apoio de militares a ministro

Gustavo Uribe, Daniel Carvalho e Talita Fernandes
14 abr 2020 às 09:32

Compartilhar notícia

- Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

O apoio que o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) tinha no núcleo militar do Palácio do Planalto para continuar no cargo perdeu força na noite de domingo (13).

O tom adotado pelo auxiliar presidencial em entrevista à TV Globo foi avaliado pela cúpula fardada como uma provocação desnecessária ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que atrapalha o esforço de se evitar uma troca no comando do Ministério da Saúde em meio à pandemia do coronavírus.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Na entrevista, Mandetta disse que o brasileiro não sabe se escuta ele ou o presidente sobre como se comportar durante a crise de saúde e alertou que os meses de maio e junho serão os mais duros.

Leia mais:

Imagem de destaque
Gestão pública

Londrina não tem lei própria que regulamenta transição de governo

Imagem de destaque
Filho do ex-presidente

PF mira Carlos Bolsonaro em depoimento de ex-ministro sobre caso Abin paralela

Imagem de destaque
Entenda

Concessão de Praça da Juventude é retirado da pauta da sessão da Câmara de Londrina

Imagem de destaque
Câmara de Londrina

Fábio Cavazotti defende aprovação de nova sede para Codel e Ippul nesta quinta


Mandetta também criticou aglomerações em padarias. Na quinta-feira (9), novamente ignorando as recomendações de isolamento social, Bolsonaro entrou em uma padaria de Brasília, onde posou para fotos e cumprimetou apoiadores.

Publicidade


Para militares do governo, Mandetta fez um confronto público com Bolsonaro, não obedecendo à hierarquia do cargo, e reascendeu um conflito que havia diminuído de temperatura no final da última semana.


Na segunda-feira passada, o presidente, que já avaliava demitir o ministro após o pico da pandemia, considerou antecipar a decisão. Ele foi, no entanto, convencido pelo núcleo militar a aguardar até junho, para não piorar a crise de saúde.

Publicidade


A avaliação agora no Planalto é a de que Mandetta desprezou o esforço da cúpula fardada e está preocupado neste momento apenas com a sua imagem pública, em uma eventual tentativa de se candidatar a governador de Mato Grosso do Sul em 2022.


Apesar do incômodo com a postura do ministro, Bolsonaro indicou na noite de domingo (12) que não pretende afastar Mandetta do cargo neste momento. O presidente não quer correr o risco de ser responsabilizado sozinho caso o sistema de saúde entre em colapso.​

Publicidade


A repercussão negativa da entrevista de Mandetta também criou desconforto no Ministério da Saúde. Nesta segunda-feira, ele evitou aparições públicas e não compareceu à entrevista que tem sido realizada diariamente no Palácio do Planalto para apresentar atualizações no cenário do coronavírus no país. Segundo aliados do ministro, ele submergiu para não ampliar o desgaste.


A ausência de Mandetta, cuja participação era prevista, não foi justificada e gerou estranheza inclusive entre outros integrantes da equipe ministerial, como Sergio Moro (Justiça), que compareceu à coletiva de jornalistas.

Publicidade


Os técnicos do Ministério da Saúde disseram, sem detalhes, que o ministro estava em uma reunião e tentaria chegar a tempo. Aliados de Mandetta reconhecem que a postura adotada por ele foi equivocada e defendem que ele evite novos confrontos.


Segundo assessores palacianos, no final da tarde de domingo (12) o presidente foi informado que Mandetta havia concedido uma entrevista à Rede Globo naquela tarde. Segundo relatos feito à reportagem, ele assistiu ao conteúdo no Palácio da Alvorada e, para a surpresa de aliados, minimizou as declarações, avaliando que não foram graves.

Publicidade


Nesta segunda-feira (13), questionado por jornalistas sobre a entrevista, o presidente disse que não assiste à Rede Globo e não quis comentar as declarações do auxiliar presidencial.


A relação entre Bolsonaro e Mandetta nunca foi próxima, sempre foi protocolar. O ministro foi indicado ao cargo pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), aliado de primeira hora do presidente, mas hoje rompido.

Publicidade


Pela falta de afinidade de ambos, Bolsonaro chegou a cogitar a sua substituição em setembro, mas desistiu ao constatar que ele tinha amplo apoio junto ao setor da saúde.


No início da pandemia do coronavírus, o presidente se queixou ao ministro de que ele deveria defender mais o governo e o repreendeu por ter participado de uma entrevista ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adversário político de Bolsonaro.


Mandetta modulou sua retórica e passou a pregar a importância de a atividade econômica não parar. Ele, no entanto, não se dobrou à pressão do presidente contra a medida de isolamento social, o que iniciou o embate entre ambos.​


A crise com Mandetta abalou Bolsonaro. Segundo assessores presidenciais, pela primeira vez desde que assumiu o cargo, o presidente receou estar perdendo capital político ao constatar que parte da base bolsonarista nas redes sociais apoia o ministro.


De acordo com um aliado do presidente, preocupada com o marido, a primeira-dama Michelle Bolsonaro chegou a recomendar ao presidente que diminuísse o ritmo da ag​enda política para evitar um quadro de estresse.​


Mandetta confronta após 'fico' no ministério


Enquadramento


Um dia depois de ameaçar "usar a caneta" contra ministros que "viraram estrelas", Bolsonaro foi questionado por Mandetta sobre o motivo pelo qual não o demitia. A pergunta foi feita em reunião com outros ministros na segunda-feira passada (6). O presidente teria ficado em silêncio.


Ministros militares, em parte responsáveis por demover Bolsonaro da ideia de exonerar o ministro da Saúde, tentaram contornar a situação. Mandetta também questionou o motivo de sua nomeação, já que o presidente não o ouvia.


Recados em discurso


Após um dia inteiro de indefinição por parte do governo, naquela mesma segunda-feira (6) Mandetta anunciou que ficaria na pasta de Saúde. E deu alguns recados a Bolsonaro.


Em pelo menos dois trechos de seu pronunciamento, ele falou insistentemente no respeito à ciência, além de ter citado O Mito da Caverna, alegoria usada para ilustrar o conflito entre a ignorância e o conhecimento.


O ministro reclamou de "mais um solavanco" durante o seu trabalho e apoiou as medidas dos governadores, que se tornaram os antagonistas do presidente na crise de saúde.


Crítica ao presidente em Goiás


​Neste último sábado (11), após Bolsonaro se aglomerar com apoiadores em Águas Lindas de Goiás, Mandetta, que também estava na cidade e observou a multidão à distância, criticou o presidente.


"​Posso recomendar, não posso viver a vida das pessoas. Pessoas que fazem uma atitude dessas hoje daqui a pouco vão ser as mesmas que vão estar lamentando"​, afirmou.


Entrevista para o Fantástico


Em entrevista neste domingo (12) para o programa Fantástico, da TV Globo, Mandetta disse que brasileiro "não sabe se escuta o ministro da saúde, se escuta o presidente, quem é que ele escuta".

"Espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e que a gente possa ter uma fala única, uma fala unificada. Porque isso leva para o brasileiro uma dubiedade", afirmou.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo