Correndo o risco de ter o mandato cassado ou de perder a cadeira para o PT por suposta infidelidade partidária, o deputado federal André Vargas (sem partido) teve atuação praticamente nula no Congresso Nacional desde que voltou da licença, no final de maio. O político paranaense havia se afastado da Casa depois que se tornou pública sua ligação com negócios do doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal (PF) na operação Lava Jato. Youssef é a figura central de um suposto esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões.
Tão logo foram reveladas as interceptações telefônicas que mostraram troca de mensagens entre os dois, Vargas sofreu pressão do PT e se desfiliou da legenda. Antes, já havia renunciado à cadeira de vice-presidente da Câmara. Na sequência, pediu licença do mandato por "motivos particulares" e ficou afastado entre os dias 7 de abril e 20 de maio. Desde que voltou, conforme o registro de atividades do parlamentar no portal da Câmara na internet, o deputado não participa de nenhuma comissão permanente na Casa, sequer discursou em plenário. O último discurso dele foi há 50 dias, quando foram veiculadas as primeiras matérias na imprensa sobre a viagem que fez para o Nordeste, em férias, num jatinho pago pelo doleiro.
Segundo o deputado federal Fernando Francischini (SDD), também da bancada paranaense na Câmara e membro da oposição ao governo federal petista, Vargas tem se preocupado ultimamente em garantir o apoio dos colegas para escapar da possível cassação no processo por quebra de decoro, no Conselho de Ética. "Ele sabe que a chance de alguém escapar da cassação em plenário após a queda do voto secreto é zero, por isso tem trabalhado para postergar a votação para depois das eleições." Para Francischini, mesmo encerrado o período eleitoral, "ainda será difícil escapar, mas já devem aparecer uns votos favoráveis".
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Já o deputado paranaense João Arruda (PMDB) reconheceu que a "situação difícil" de Vargas se tornou um prejuízo para a bancada do Estado. Ele confirmou que a atuação do londrinense, que já teve papel de destaque no PT, está reduzida, sem defesas de projetos ou discursos na tribuna. "Vive um momento constrangedor", comentou Arruda. "Ele sempre ajudou a bancada, tinha atuação importante nesse sentido da articulação política junto aos ministérios e governo federal." Arruda disse que tem visto o ex-petista nas sessões da Câmara. "Quando nos encontramos é um contato cordial, normal."
A FOLHA tentou entrevistar o deputado federal André Vargas, mas não houve retorno.
Edson Ferreira
Reportagem Local