POLÍTICA
Curitiba - O presidente da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), Alexandre Curi (PSD), já recebeu cinco representações pedindo a cassação do mandato do deputado Renato Freitas (PT), que se envolveu em uma briga na manhã de quarta-feira (19) no centro de Curitiba. Os casos serão encaminhados para o Conselho de Ética da Alep.
Vídeos divulgados na quinta (20) pelo advogado Jeffrey Chiquini, que assumiu a defesa do manobrista Weslley de Souza Silva, envolvido na briga, mostram Freitas e um assessor encurralando o oponente. A briga mostrada no vídeo divulgado na quarta-feira, em que Freitas tem o nariz atingido e cai no chão, teria ocorrido depois disso.
As imagens mostram Freitas e sua companheira, que esta grávida, caminhando na calçada. Weslley de Souza deixa uma garagem em um carro e faz uma manobra por cima da calçada, perto do casal. Em seguida, ele estaciona em outra garagem e deixa o carro correndo em direção à rua. Neste momento, o deputado e outro homem atravessam a rua. As imagens seguintes mostram os dois cercando o manobrista, que é agredido.
Segundo Renato Freitas, apenas o rapaz que o acompanhava agiu, para “abafar” a briga, já que sua companheira está grávida. “Quando estávamos atravessando a rua, alguém faz uma manobra imprudente. Eu só falei para ele respeitar o pedestre e continuei andando. E ele me encarou, abaixou o vidro e me xingou, me injuriou”. De acordo com o deputado, ele foi chamado de “nóia” e “lixo”. “Eu estava atento, alerta, tendo em vista que a mãe do meu filho estava ali. Eu vi que ele saiu do carro e veio correndo. E eu não deixei que ele atravessasse a rua para iniciar um conflito físico ao lado da minha companheira grávida.”
Depois disso, os três entraram no carro e pararam na esquina. Freitas diz que o veículo foi cercado por Weslley e outras duas pessoas – o que é negado pelo manobrista. Foi aí que começou a briga registrada no vídeo divulgado na quarta-feira.
VERSÃO DE WESLEY
Em entrevista na tarde desta sexta, Weslley disse que, antes de acertar o nariz de Freitas, foi cercado pelo deputado e por seu assessor. Ele afirmou que o deputado o agrediu com dois chutes e um soco. “Ele perguntou se eu sabia quem ele é”, revelou o manobrista. “Só balancei a cabeça e estacionei o carro. A imagem mostra ele e o outro rapaz vindo pra cima de mim. Ele me acertou com uma ‘voadora’ e dois socos, daí o outro rapaz que estava com ele me derrubou no chão. Aí começaram as agressões."
Segundo Weslley, as imagens da briga divulgadas na quarta-feira foram feitas por dois vendedores que ficam na esquina das ruas Visconde do Rio Branco e Vicente Machado, no centro da capital. Ele negou que os dois estivessem com ele ou que ajudaram a cercar o carro do deputado.
NOVO PEDIDO
O advogado Jeffrey Chiquini vai protocolar o sexto pedido de cassação na segunda-feira (24). “É o fim da linha para ele. Renato Freitas será cassado, será punido criminalmente por improbidade administrativa e terá que indenizar este jovem, porque é um agressor”, afirmou. Chiquini vai solicitar informações da Alep, para saber se o jovem que estava com Freitas é assessor parlamentar, e sobre o carro utilizado pelo deputado no momento da briga.
Para o advogado, Freitas não pode alegar legítima defesa. ”Só se pode alegar legítima defesa se houver uma agressão atual ou iminente, o que em momento algum as imagens mostram. Não se pode cogitar que alguma injúria praticada, o que não aconteceu, justifica o espancamento que o parlamentar praticou contra o Weslley.”
JÁ ESPERAVA
Renato Freitas disse nesta sexta que já aguardava os pedidos de cassação. “Aqueles que se fizeram meus inimigos porque roubaram os cofres públicos, praticaram rachadinha, são acusados de lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de influência, entre tantos outros crimes, é claro que esses aí querem o meu fim. E, portanto, farão todo o possível para que eu seja cassado”, comentou o deputado.
“Se alguém bater no meu rosto no meio da rua, desculpe, não vou voltar atrás. Se alguém quebrar o meu nariz e eu cair, eu não vou ficar caído, eu vou levantar e vou enfrentar”, afirmou o deputado.