O presidente da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), Ademar Traiano (PSD), vai presidir a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a mais importante do Poder Legislativo estadual, em 2025.
A eleição seria no início da próxima legislatura, mas foi adiantada pelo próprio Traiano, que foi eleito nesta terça-feira (10) com oito votos. A partir do próximo ano, a Alep será presidida por Alexandre Curi (PSD).
Em seu quinto mandato como presidente da Alep, Traiano teve a imagem desgastada em dezembro do ano passado, quando foi revelado que ele recebeu R$ 100 mil de propina para renovar o contrato com uma prestadora de serviços da TV Assembleia.
O próprio deputado confessou que recebeu propina em 2015 e firmou termos de não persecução penal e civil com o MP (Ministério Público) do Paraná. Com isso, pagou multa e não foi processado. O ex-deputado Plauto Miró Guimarães (União Brasil) também confessou o recebimento de R$ 100 mil e firmou acordos com o MP.
Para evitar um desgaste maior, a Alep antecipou a eleição da Mesa Executiva, que seria em 2025, para este ano. Traiano foi excluído dos cargos da Mesa, mas passou a trabalhar nos bastidores para presidir a CCJ, que analisa todos os projetos que tramitam pelo Legislativo.
Ele teria contado com o apoio do governador Ratinho Júnior (PSD) na disputa e venceu com facilidade os deputados Renato Freitas (PT), Fábio Oliveira (Podemos) e Luiz Fernando Guerra (União Brasil). Freitas teve dois votos; Oliveira e Guerra, um voto cada.
Na manhã desta terça, Oliveira, Guerra e Requião Filho (PT) protocolaram um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Paraná para tentar barrar a votação. Eles alegaram que a antecipação fere o regimento interno da Alep, mas não tiveram o pedido acatado pela Justiça.
Oliveira foi um dos maiores críticos de Traiano depois que o caso de corrupção passiva veio à tona e chegou a discursar pedindo que ele renunciasse à presidência da Alep. Traiano respondeu a um processo no Conselho de Ética da Alep, mas a representação foi arquivada por recomendação do relator, deputado Matheus Vermelho (PP).
Requião Filho insinuou que o governo utilizou “pendências no orçamento” e “contratações” para ajudar a eleger Traiano.
“Querem colocar na presidência de uma comissão um cara que acaba moralmente com a história da Assembleia. Vão utilizar as pendências do orçamento e algumas contratações para convencer os deputados a votar em quem eles querem. Infelizmente, essa é a Assembleia Legislativa do Paraná”, disse.
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