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As eleições municipais de 2024 produziram uma mudança significativa no mapa de comando das 103 maiores cidades do país, que concentram 40% do eleitorado nacional.
Apesar de ter sido proporcionalmente o maior fracassado do segundo turno, o PL de Valdemar Costa Neto conquistou no total dos dois turnos o maior número desses municípios, 16, desbancando por uma prefeitura o PSD de Gilberto Kassab.
Essas 103 cidades são as que possuem mais de 200 mil eleitores, incluem as 26 capitais, sendo as prefeituras mais cobiçadas pelo peso político -em Brasília não há eleição municipal.
Embora a matemática aponte pequena diferença, a tabela de partidos vencedores nessas cidades não pode ser tomada como valor absoluto. É preciso levar em conta outros fatores para traçar o desempenho dos partidos.
Começando pelo campeão das urnas nesses grandes centros. O PL era insignificante nessas grandes metrópoles em 2020, tendo eleito apenas dois prefeitos.
Coube a Jair Bolsonaro, que se filiou ao partido em 2021, promover o grande salto, levando o PL a subir de 2 prefeitos para 10 mesmo antes das eleições -por meio do troca-troca partidário.
No primeiro turno de 2024 o PL elegeu 10 prefeitos e colocou outros 22 candidatos no segundo turno, disparado o melhor desempenho.
Ocorre que só conseguiu eleger seis neste domingo, o pior resultado proporcional entre as grandes legendas.
Destaque para as importantes derrotas em Fortaleza, Belo Horizonte, Manaus e Goiânia, capital onde Bolsonaro se deslocou e assistiu o revés pessoalmente.
Os principais resultado da sigla neste domingo (27) foram a conquista de Cuiabá e Aracaju, o que elevou para quatro o número de capitais sob seu comando (levou no primeiro turno Rio Branco e Maceió).
Já o PSD elegeu 11 prefeitos nos grandes centros em 2020 e agora pulou para 15. O crescimento relativo à última eleição, porém, contrasta com uma leve queda em relação ao número atual de prefeitos nas grandes cidades: 17.
Diferentemente do PL, o PSD está na gestão de cidades mais populosas, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e São Luís.
Kassab e Valdemar travaram uma briga particular pelo título de maior sucesso nas eleições, mas, em relação às grandes cidades, o resultado pode ser classificado como um empate -no total de todos os mais de 5.500 municípios, o PSD levou a melhor, com 887 eleitos contra 515 do PL.
Voltando aos grandes centros, o pelotão que vem a seguir é formado por União Brasil (14 eleitos), MDB (12), PP (11), Republicanos (8) e Podemos (8).
Desses, destaque para o União Brasil, que manteve o comando de Salvador e levou Goiânia e Natal, além do MDB, que manteve a cidade com o maior eleitorado do país, São Paulo -e que, por isso, rivaliza com o PSD quando o parâmetro é o total da população governada.
No campo da esquerda houve uma leve melhora do PT, que saiu de 4 eleitos nas grandes cidades há quatro anos, para 6 vitórias agora, incluindo uma capital, Fortaleza, o que não conseguia desde 2016.
PSD, PDT e PSOL tinham poucas grandes prefeituras e agora terão menos ainda. O PSOL, que comandava Belém e que nem para o segundo turno foi, não terá nenhuma.
Na categoria grandes tombos, o PSDB segue na trajetória que o levou de um grande partido para uma sigla de porte médio e que ameaça colocá-lo na prateleira dos pequenos.
Em 2020, os tucanos conquistaram 17 grandes prefeituras, entre elas São Paulo. Agora, só estão em 5, nenhuma delas capital.
O maior símbolo do fiasco na atual eleição esteve em São Paulo, cidade em que o PSDB venceu nas duas últimas eleições, com João Doria em 2016, no primeiro turno, e Bruno Covas em 2020.
Neste ano, o deputado federal Aécio Neves (MG) e o presidente da legenda, Marconi Perillo, que são alguns dos poucos líderes históricos que restam no partido, patrocinaram a filiação e a candidatura de José Luiz Datena, que antes havia se filiado ao PSB, com a perspectiva de ser vice na chapa de Tabata Amaral.
Ele amargou a quinta colocação na disputa, com 112.344 dos votos, o equivalente a 1,84% do total. O próprio apresentador qualificou seu desempenho como "péssimo" e "horrível".