O secretário estadual interino de Saúde, César Neves, confirmou que Cambará (Norte Pioneiro) receberá uma central de armazenamento do soro antiescorpiônico, mas não citou prazos. Em três meses, o município registrou duas mortes de crianças em decorrência de picada de escorpião-amarelo. Um menino de três anos foi a óbito em julho e nesta segunda-feira, um garoto de 12 anos morreu. Em casos de envenenamento, a equipe de Saúde de Cambará precisa recorrer ao município de Jacarezinho.
Neves disse que além das mortes, o número de registros de picadas do animal peçonhento também vem crescendo, o que justifica a implantação da central. Entretanto, ele ressalta que é necessário que o soro fique armazenado em um tipo específico de frigorífico. Ele garantiu que a compra do equipamento está sendo providenciada, mas que é necessário seguir os trâmites legais. “Nós estamos fazendo com a máxima destreza possível para que também seja instalado lá em Cambará mais um local de aplicação do soro”, afirma.
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O secretário interino afirmou que o Paraná conta com 225 locais de aplicação de soro antiescorpiônico que foram escolhidos ao longo dos anos de acordo com um mapa epidemiológico de incidência de casos de envenenamento por escorpião-amarelo
Além disso, também é levado em conta municípios com suporte mínimo de monitorização na aplicação do soro, o que inviabiliza o armazenamento em municípios de pequeno porte, por exemplo. O secretário admite que a vontade da pasta é de que o soro estivesse à disposição em todos os municípios, mas que a compra e distribuição do soro é feita pelo Ministério da Saúde.
“É uma compra centralizada e, de lá, vem para os estados. É uma compra pequena e restrita”, detalha, complementando ainda que não é possível importar o soro. “Ele é feito em cima das espécies capturadas em território nacional”, esclareceu.
Apesar disso, Neves explicou que o número de locais pode aumentar conforme a necessidade de alguma região diante do aumento no número de casos de picadas de escorpião.
Aumento de casos no Paraná
Ele relata um aumento expressivo no número de registros de envenenamento por escorpião no Paraná: 6,5 mil em todo o ano de 2024 contra 5,1 mil até agora. “Entende-se que algo está acontecendo do ponto de vista climático ou regional que está aumentando o número de acidentes”, ressalta.
Outro ponto de alerta, segundo ele, são as mortes, já que desde 2021 não havia registros de envenenamentos fatais decorrentes da picada de escorpião. Por outro lado, neste ano já foram registradas três mortes. Além das duas de Cambará, outro caso aconteceu em setembro, em Jacarezinho
Mutirão de limpeza
Neves aponta que já foram recolhidos mais de mil escorpiões-amarelos na região de Cambará nos últimos meses durante uma varredura. “Eu quero fazer um apelo porque a população também é importante nesses casos. O escorpião gosta de lixo, gosta de entulho, o que acaba sendo os locais de maior proliferação, além da questão climática”, afirma.
Segundo ele, uma nova operação está sendo organizada para atender o município. “Fazer o recolhimento desses aracnídeos diminui a chance de ocorrer um acidente, assim como esses insetos são encaminhados para onde se produz o soro”, esclarece.
Em relação ao caso da criança de 12 anos que morreu após uma picada de escorpião, o secretário,
lamentou mais uma morte, e disse que mandou levantar todo o prontuário médico. Neves afirmou que não faltou assistência ao menino. “Esse tempo de aplicação entre uma hora e uma hora e meia está dentro do protocolo de eficácia do uso do soro”, ressalta.
Neves, que também é médico, opina que se o soro tivesse sido aplicado em menos tempo, a “história não seria diferente”. “A gente reputa esse caso como uma triste fatalidade”, afirmou. Crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis para casos graves de envenenamento por picadas de escorpião-amarelo.
Medidas preventivas
Para reduzir o risco de acidentes, a Sesa reforça um conjunto de medidas preventivas, que devem ser adotadas em residências, áreas externas e locais com maior risco de infestação:
• Manter a casa, quintal e terrenos limpos, evitando acúmulo de entulhos, restos de materiais de construção e objetos desnecessários.
• Tampar ralos, caixas de gordura, frestas nas paredes e rodapés, e utilizar telas em aberturas e grelhas nos ralos.
• Afastar camas, sofás e berços das paredes e evitar que roupas de cama, cortinas ou mosquiteiros encostem no chão.
• Examinar roupas, calçados, toalhas e lençóis antes de usá-los, principalmente se estiverem guardados no chão ou em locais pouco utilizados.
• Utilizar luvas e calçados em atividades de jardinagem ou em áreas de risco.
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e forros.
• Instalar vedantes ou sacos de areia nas portas e janelas.
• Não usar inseticidas domésticos, pois não são eficazes contra escorpiões e podem dispersá-los.
• Eliminar fontes de alimento para os escorpiões, como baratas, mantendo o ambiente limpo e o lixo bem acondicionado.
Para tirar dúvidas sobre acidentes causados por animais peçonhentos e intoxicações, a população pode ligar no Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná (CIATox) que é vinculado à Sesa, no telefone 08000 410 148. Há ainda, outras três unidades do CIATox, ligadas aos Hospitais Universitários, são elas: CIATox Londrina (43) 3371-2244, CIATox Maringá (44) 3011-9127 e CIATox Cascavel (45) 3321-5261.
(Com Agência Estadual de Notícias)