O paranaense já está acostumado a sair de casa durante o verão com sol e, no meio do caminho, encontrar vento, chuva, e depois o sol novamente durante um trajeto. Essa condição de chuvas irregulares é comum no verão, um exemplo está na Região Metropolitana de Curitiba. O Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) possui duas estações meteorológicas a 12 km de distância, aproximadamente. A estação que fica no Jardim das Américas, em Curitiba, registrou 302,4 mm de chuva no acumulado do mês de janeiro de 2025, e a estação que fica no município de Pinhais registrou 221,2 mm no mesmo período.
Segundo o meteorologista Fernando Gomes, são três os ingredientes para a formação de nuvens e chuva: umidade, instabilidade atmosférica e mecanismos de elevação do ar. Entretanto, fatores como relevo, vegetação e urbanização influenciam a combinação dessas variáveis, tornando algumas áreas mais propícias à ocorrência de precipitação.
“Por exemplo, quando o ar quente e úmido encontra uma montanha, ele é forçado a subir. À medida que ganha altitude, o ar se resfria e a umidade condensa, formando nuvens e precipitação”, explica Gomes.
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De acordo com o especialista, esse processo ocorre no barlavento, o lado da montanha voltado para o vento. Já no sotavento, o ar desce após perder umidade e aquece, inibindo a formação de nuvens e precipitação, o que pode criar regiões mais secas. “Assim, é possível encontrar áreas com elevados volumes de chuva e outras muito mais secas separadas por alguns quilômetros dentro de uma mesma mesorregião”, acrescenta.
Nas áreas urbanizadas, outros fatores influenciam a formação de
nuvens de chuva, como a alta concentração de concreto, asfalto e
veículos. Tudo isso ajuda a aquecer o ambiente criando um fenômeno
conhecido como “ilha de calor urbana”. “Esse calor extra aquece o ar
mais rapidamente, favorecendo sua ascensão. Quando essa elevação ocorre
em uma atmosfera úmida e instável, forma-se um ambiente propício para o
desenvolvimento de nuvens convectivas e chuvas localizadas naquela
região”, conta Gomes.
Ainda conforme o meteorologista, regiões com bastante vegetação têm mais umidade devido à liberação de vapor d’água, pelo solo e as plantas, na atmosfera. Juntando isso com instabilidade e mecanismos de levantamento, aumenta o favorecimento de formação de chuva nessas áreas em comparação com as regiões mais urbanizadas.
Outro fator que também influencia na distribuição irregular de chuva são os ventos que, em diferentes altitudes, impactam diretamente na duração, no deslocamento e na intensidade das tempestades. “Dependendo desses fatores, uma nuvem de chuva pode precipitar apenas sobre uma parte de um município e dissipar-se antes de atingir outras áreas próximas, influenciando a distribuição espacial da precipitação”, ressalta Gomes.