A quase centenária Maria Lourenço de Jesus Silva, 98 anos, arregala os olhos e solta uma baita gargalhada quando descobre que terá logo, logo um restaurante popular na esquina de casa, no bairro Tuiuti, em Maringá, na Região Noroeste.
Ela conta que não troca o tempero da sua comida por nada, mas pode abrir uma exceção para experimentar o almoço servido diariamente no vizinho de rua. "É bom ter o restaurante aqui. Se eu não como, outro come. Ajudará o povo que não possui muito dinheiro a ter acesso a uma alimentação de qualidade”, diz, com uma simplicidade invejável.
O restaurante popular do Tuiuti faz parte de um grande pacote de investimento do Governo do Estado com foco na segurança alimentar da população. Em Maringá serão três novos locais, em fase de licitação, fornecendo refeições saudáveis e a preços acessíveis na cidade. Eles se somam ao empreendimento já existente na Vila Olímpica, ao lado do Estádio Willie Davids, totalizando quatro restaurantes populares na cidade.
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Quando todos os restaurantes estiverem de portas abertas, praticamente irá dobrar a quantidade de pratos servidos diariamente a R$ 3,00 no município. Saltará de 1,1 mil para 2,1 mil refeições na hora do almoço, de segunda a sexta-feira, das 11h às 14h.
Além disso, Maringá passará a contar também com uma cozinha central, cujo projeto de construção está em fase final de elaboração por parte da prefeitura. O local concentrará a produção dos restaurantes, melhorando consideravelmente a logística do programa. O investimento total por parte da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento é de R$ 4,9 milhões, com contrapartida municipal de R$ 333,7 mil.
"O Governo do Estado prioriza o olhar social, cuidar daquela parcela da população que mais precisa e que muitas vezes não consegue fazer uma refeição de qualidade”, diz o governador Carlos Massa Ratinho Junior. "Esse conjunto de restaurantes em Maringá vai garantir segurança alimentar a um preço acessível, melhorando a qualidade de vida das pessoas”, afirma. "São projetos que queremos replicar em todo o Estado do Paraná.
AMPLIAÇÃO
Além do empreendimento do Tuiuti, para 250 pratos diários, Maringá vai ganhar um restaurante popular no bairro Honorato Vechi, ao lado da horta comunitária, com capacidade de atender até 500 pessoas, e outro no bairro Ney Braga, também para 250 refeições.
Eles se somam ao Restaurante Popular da Vila Olímpica, ao lado do Estádio Willie Davids. O local, com mais de uma década de funcionamento, serve atualmente 1.100 refeições por dia. "É reflexo de uma parceria intensa de Maringá com o Governo do Estado. A experiência com o projeto de restaurante popular é maravilhosa, uma garantia de comida de qualidade para a população”, ressalta Ulisses Maia, prefeito de Maringá.
DESCENTRALIZAÇÃO
Maia lembra que os novos espaços vão funcionar em pontos diferentes da cidade, em bairros distantes do centro. A intenção, reforça, é atingir o maior número de pessoas possível. Paralelamente, diz ele, a prefeitura planeja ampliar o programa, passando a oferecer jantar também nos locais. "Serão três novos restaurantes descentralizados, em lugares com grande concentração de pessoas. E uma cozinha industrial que vai centralizar a produção dos alimentos”, afirma.
PÚBLICO ALVO
São alvos desse atendimento os idosos, trabalhadores em geral, estudantes, aposentados, moradores de rua, desempregados, ambulantes, famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco social. As refeições serão oferecidas a R$ 3 por pessoa e a prefeitura subsidia outros R$ 3.
"Maringá estava carente de mais restaurantes populares, principalmente nesta época que estamos passando. É alimentação de qualidade e acessível”, diz José Adriano Matias, que ganha a vida fazendo roçado na região que abrigará o restaurante popular do Honorato Vechi, o maior do novo conjunto de empreendimentos.
"Tomara que fique pronto logo. Às vezes você não quer cozinhar, tem preguiça, vai ali e come. Tudo prontinho e saudável”, acrescenta a aposentada Alice Donato, do bairro Tuiuti.
POLÍTICA PÚBLICA
Para o secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, os restaurantes populares são instrumentos para a realização da Política de Segurança Alimentar e Nutricional nos municípios, em conjunto com outros equipamentos como as cozinhas e hortas comunitárias, feira de alimentos da agricultura familiar, entre outros.
"Os restaurantes vão atender os mais vulneráveis. Algo que vai fazer uma diferença enorme na vida dessas pessoas”, destaca o chefe do núcleo regional de Maringá da secretaria da Agricultura e Abastecimento, Jucival de Sá. "É toda uma cadeia que será atendida, como os pequenos produtores da agricultura familiar que vão poder fornecer alimentos. Atende a população nutricional e socialmente”, completa.
OFICINAS
De acordo com o projeto técnico, o município de Maringá fará também parcerias com universidades para oferecer cursos nos espaços dos restaurantes populares. Por exemplo, vão ser realizadas orientações sobre alimentação saudável, oficinas sobre o consumo consciente de sal e açúcar e capacitação de Boas Práticas Para Manipulação dos Alimentos.