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Em 2032

Potencial colisão de asteroide põe à prova protocolos de defesa planetária

Salvador Nogueira - Folhapress
18 fev 2025 às 21:02

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A sensação dos últimos dias é o asteroide 2024 YR4, descoberto em 27 de dezembro do ano passado pelo projeto Atlas, financiado pela Nasa. Com uma probabilidade até agora estimada em 2,2% de colidir com a Terra em 22 de dezembro de 2032, ele está pondo à prova todos os protocolos de defesa planetária estabelecidos internacionalmente.

Normalmente, quando um objeto ameaçador à Terra é descoberto, quase sempre tem uma chance baixa, mas não nula, de colidir com a gente.

Essa probabilidade tende a diminuir até zerar, conforme os astrônomos monitoram o objeto e determinam melhor sua órbita. Só que, no caso em questão, aconteceu o contrário: quanto mais se observou, mais o risco de um impacto aumentou, atingindo os 2,2% atuais.

"Ele passou do limite de 1% de probabilidade de impacto e pela primeira vez a Iawn (Rede Internacional de Alerta de Asteroides) disparou o protocolo para a ONU, SMPAG (Grupo Consultivo de Planejamento de Missões Espaciais, que reúne as agências espaciais do mundo) e outros", explica Cristóvão Jacques, do Observatório Sonear, única entidade brasileira participante da Iawn.

 "Iawn e SMPAG foram criadas pela ONU em 2013-2014 como organizações para lidar com impactos do espaço."
Isso na prática significa que esses grupos, ao serem acionados, trabalham para estabelecer um plano conjunto de observação e estudo do asteroide, assim como eventuais estratégias de mitigação de um possível impacto. Até o telescópio James Webb, parceria americano-canadense-europeia, entrou na dança para observar o objeto e ajudar a determinar sua natureza e trajetória.

O que sabemos até agora sobre o 2024 YR4? Trata-se de um asteroide de 40 a 100 metros de diâmetro, provavelmente do tipo S (o que indica composição majoritariamente rochosa, silicatos). Não é o mais perigoso que tem (esse seria o metálico), não é o menos (esse seria o carbonáceo). Sua órbita exata segue incerta, de modo que não sabemos ainda se ele de fato tem alta probabilidade de colisão conosco.

Essa situação deve mudar radicalmente nas próximas semanas, conforme ele seja mais observado. Com a incerteza atual na órbita, o que os cientistas fazem é simular um grande número de variações possíveis e ver em quantas delas há uma colisão. Daí sai o número de 2,2%. Por essas mesmas simulações, temos os desfechos possíveis das observações futuras. Se ele seguir uma trajetória "nominal" (a mais provável com os dados disponíveis), deve ser possível descartar a chance de impacto lá pelo dia 8 de março. Se tivermos sorte, pode acontecer antes disso.

Contudo, se a probabilidade de impacto continuar subindo com o refinamento obtido nas próximas observações, pode chegar a cerca de 20% no começo de abril -ainda assim longe de uma certeza de impacto, mas uma estimativa sem precedentes.

Pelo tamanho dele, sabemos que a frequência de colisões do tipo é relativamente comum -uma por século, em média. Nos registros históricos, temos duas boas referências, ambas vindas da Rússia: o impacto de Tunguska, ocorrido em 1908, e o de Chelyabinsk, em 2013. Estima-se que o primeiro tenha sido causado por um asteroide de cerca de 65 metros, e o segundo, por um de 20.

No caso de Tunguska, pela região desabitada em que ocorreu, quem sofreu foram as florestas, 2.150 quilômetros quadrados delas foram achatadas pela onda de choque. No caso de Chelyabinsk, sobre região mais ocupada, houve cerca de 1.500 feridos e danos a cerca de 7.200 edificações. Uma eventual colisão do 2024 YR4 tem potencial para fazer um pouco pior, dependendo de onde cair. Não vai ser o fim do mundo, nem na pior das hipóteses, mas pode causar grandes estragos.

Onde? Numa faixa que se estende por cerca de metade do planeta, passando pelo norte da América do Sul, pela África central e vai até a Índia. Com a sequência das observações, será possível refinar a região ameaçada e, quem sabe, eliminá-la completamente, com o descarte de um impacto.

O que fazer? Com escasso tempo de reação (sete anos até o possível impacto), não há muito que seja possível. Para aplicar uma solução como a testada pela sonda Dart, da Nasa, de impacto cinético, o tempo de aviso precisaria ser maior (pelo menos uma década para ter boa chance de dar certo). A estratégia mais viável de mitigação seria no âmbito de defesa civil, evacuando regiões potencialmente atingidas.

Não custa reforçar que tudo isso neste momento é mais um exercício baseado na hipótese de impacto do que uma convicção de que haverá uma colisão. O mais provável é que escapemos do 2024 YR4 incólumes e talvez seja possível confirmar esse desfecho nas próximas semanas.

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