Em webinário nesta sexta-feira (6), a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) confirmou 9.852 casos de febre oropouche em países das Américas. De acordo com o pesquisador Andrea Vicari, o Brasil concentra 80,5% dos casos e duas mortes pela doença. Seis países têm registros autócones, ou seja, o vírus já circula por esses lugares.
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Países da América do Norte, como Estados Unidos e Canadá, registraram, respectivamente, 21 e 1 casos de febre oropouche, ambos importados de outros países, como Cuba, que registra mais de 500 casos da doença.
Segundo Vicari, países do continente europeu também notificaram 30 casos importados. Nos EUA, dos casos confirmados, 20 foram registrados no estado da Flórida e um em Nova York.
No Brasil, a arbovirose atinge, pelo menos, 21 estados brasileiros. A doença foi notificada pela primeira vez na década de 1950 e, desde então, os casos foram predominantes na Amazônia.
A nova linhagem do vírus surgiu em 2010 e depois se dispersou na região amazônica. Desde o final de 2023, a doença tem sido detectada em estados brasileiros não amazônicos.
A Opas informou ainda que há várias incertezas relacionadas ao aumento, distribuição geográfica, espectro de manifestações clínicas e transmissão vertical da doença.
Bióloga e pesquisadora da Fiocruz, Maria Clara Alves Santarém participou do bate-papo e informou que o mosquito transmissor da doença, o Culicoides paraensis, está entre os menores insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) existentes.
Fisicamente, o inseto que também é conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, tem manchas nas asas e hábitos vespertinos e matutinos. Além disso, pode se proliferar em ambientes diversos, mas principalmente em áreas de monocultura de banana e locais úmidos. Em áreas urbanas, os criadouros, no entanto, ainda são desconhecidos.
A pesquisadora ainda alertou para cuidados com ações e vigilância eficazes que foquem no ambiente de proliferação desses mosquitos.
Para coletar o Culicoides paraensis, a armadilha utilizada pelos pesquisadores é luminosa e contém atrativos químicos para os insetos, como CO2. A população também pode capturar esses mosquitos e, posteriormente, entregar para autoridades. Para isso, basta molhar os dedos indicadores com álcool, encostar no mosquito e colocá-lo em um frasco a ser entregue para equipes de vigilância.
Para ajudar na identificação, localização e cuidados específicos com possíveis focos da doença, a Opas apresentou uma cartilha em três idiomas que estará disponível no site da organização (paho.org/pt/brasil) nos próximos dias.
Os sintomas da febre oropouche tendem a passar em sete dias e são semelhantes aos da dengue, chikungunya e algumas formas de zika, o que pode dificultar o diagnóstico. Pessoas de todas as idades podem contrair a doença, mas os casos são mais comuns entre crianças e jovens moradores de áreas com altas taxas dos mosquitos.