O militar londrinense Silas Real, 26, está há 4 meses na Ucrânia enfrentando diariamente a realidade da guerra contra a grande potência mundial Rússia. Mas quais motivos fizeram o jovem natural de um país pacífico deixar toda a família em prol de uma causa alheia? O que muitos denominam loucura, ele chama de coragem para defender a liberdade e a soberania de todo um povo.
Antes de se alistar como voluntário na guerra, Real morava com a esposa no bairro Heimtal, na Zona Norte de Londrina, e levava uma vida tranquila. Trabalhava como vigilante patrimonial e tinha uma rotina comum. Entretanto, o interesse pela área militar sempre esteve presente, principalmente após passar pelo Exército Brasileiro em 2017.
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Com a escalada da guerra e as cenas catastróficas que se espalharam pelo mundo, o jovem decidiu abrir mão da vida no Brasil para realizar o desejo íntimo, unido com a vontade de "servir ao próximo". "Sempre tive interesse pela área militar. Minha rotina era como a de muitas pessoas, mas sentia que poderia contribuir de uma forma mais ativa em algo maior."
A escolha de atuar na guerra, segundo Real, não foi impulsiva. Ele acompanhava o conflito desde o início e enxergou na resistência ucraniana uma oportunidade para agir. A decisão veio após "muita reflexão e oração". "Essa guerra não é só sobre um país tentando se defender, mas sobre algo muito maior. Vi que essa situação poderia impactar o mundo todo e senti no meu coração que não queria apenas assistir de longe."
A notícia da ida para a guerra assustou familiares e amigos do londrinense. Ele conta que inicialmente a esposa relutou, mas após um tempo ofereceu apoio. Já o restante da família foi contra a decisão, por conta da preocupação com os riscos envolvidos. "É uma decisão que envolve riscos, e eu sabia que isso traria apreensão. Mas também sei que não tomaria essa decisão sem pensar muito e sem propósito."
A guerra e o futuro incerto
Atuando em um batalhão de assalto [formações criadas para liderar ataques contra inimigos] do exército ucraniano e com experiência no controle de drones, Real vive a guerra de maneira intensa, suportando temperaturas abaixo de zero e recursos escassos. De acordo com ele, o treinamento inicial foi ministrado por militares da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), processo que diz ser sigiloso. A rotina é pesada, alternando entre missões, treinamentos e raros momentos de descanso.
Nesta quarta-feira (5), enquanto falava com o Portal Bonde, o londrinense se preparava para mais uma missão em Kiev, onde atua. "A guerra não é só o que as pessoas veem na TV, é algo que se vive 24 horas por dia. Você vê destruição, perda, medo, mas também vê coragem, companheirismo e um povo que luta com tudo o que tem."
Na última terça-feira (3), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai suspender a ajuda militar à Ucrânia. Volodymyr Zelensky, presidente do país europeu, tratou do assunto com Trump em uma reunião tensa na Casa Branca, em que o chefe de Estado norte-americano declarou querer paz, motivo pelo qual não ajudará mais no combate à Rússia.
Mesmo com os conflitos e as rusgas diplomáticas, a resistência nos territórios afetados continua, com os soldados - muitos brasileiros, como Real - determinados a lutar até o fim.
"A possibilidade de perder esse suporte traz bastante medo, pois sabemos o quanto essa ajuda tem sido fundamental. Mas, com ajuda ou sem ajuda, nós vamos sempre tentar", destaca, sinalizando que não tem data para retornar para casa. "Todos aqui, do mais novo até o mais idoso, desejam que essa guerra acabe o quanto antes. Ninguém quer viver em um cenário de destruição, pois eu confirmo para você: isso aqui é muito triste, muito sofrimento, e o maior desejo de quem está lutando é ver a paz voltar."
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