O presidente da Argentina, Javier Milei, deverá vir ao Brasil no próximo fim de semana para participar de uma conferência conservadora que reunirá bolsonaristas e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Balneário Camboriú (SC). Com isso, ele não irá à cúpula do Mercosul, em Assunção, que será realizada no domingo (7) e segunda-feira (8).
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A viagem de Milei foi confirmada pela Casa Rosada, que não detalhou sua agenda. Filho de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que o argentino participará da Cpac (Conferência de Ação Política Conservadora) e terá um encontro com o ex-presidente brasileiro.
Essa será a primeira viagem de Milei ao território brasileiro como presidente, mas o argentino não planejou encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na sexta (5) ou no sábado (6), Lula inclusive pode estar a poucos quilômetros de Milei, se confirmar uma visita oficial a Itajaí (SC).
"Trata-se do maior encontro de conservadores de toda a história da América Latina", escreveu Eduardo Bolsonaro em uma publicação no X, em referência à Cpac. "Além de palestrar, ele [Milei] também terá reunião bilateral com Jair Bolsonaro."
O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, disse que Milei deve viajar ao Brasil no sábado, retornando à Argentina no dia seguinte. Ele não detalhou, no entanto, a agenda do presidente e não confirmou o encontro com Bolsonaro. Ainda segundo Adorni, Milei cancelou sua participação na cúpula do Mercosul por problemas de agenda.
Na semana passada, o presidente Lula disse que aguardava um pedido de desculpas de Milei como uma condição para que os dois pudessem se reunir. "Não conversei com o presidente da Argentina porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele falou muita bobagem. Só quero que ele peça desculpas", afirmou o presidente.
"A Argentina é um país que eu gosto muito e é um país muito importante para o Brasil. E o Brasil é muito importante para a Argentina. Não é um presidente da República que vai criar uma cisão. O povo argentino e brasileiro são maiores que os seus presidentes. E eles querem viver bem, viver em paz", declarou.
Em resposta, Milei rejeitou a retratação, chamou Lula pejorativamente de esquerdinha e disse que ele tem "ego inflado". "É preciso colocar-se acima dessas bobagens porque os interesses dos argentinos e dos brasileiros são mais importantes do que o ego inflado de algum esquerdinha", afirmou o argentino à emissora LN+, do jornal La Nacion.
"Qual é o problema? É porque o chamei de corrupto? Por acaso não foi preso por corrupção? É porque o chamei de comunista? Por acaso não é comunista? Desde quando é preciso pedir perdão por dizer a verdade? Ou a correção política está tão em falta que não podemos dizer nada à esquerda, ainda que seja verdade?", disse o ultraliberal.
Essa não será a primeira vez que Milei viaja a um país ignorando as autoridades locais. No mês passado, o argentino viajou para a Espanha e não se encontrou com nenhum membro do governo de esquerda do premiê Pedro Sánchez, tampouco se reuniu com o rei Felipe 6º, como é o comum em visitas de chefes de Estado estrangeiros.
No discurso, Milei voltou a criticar a esposa de Sánchez. Sem citar nomes, o argentino disse que "as elites globais não se dão conta do nível de destruição que atingiríamos se as ideias do socialismo fossem implementadas, mesmo se tiverem uma mulher corrupta e tomarem cinco dias para pensar a respeito".