As emissões globais de dióxido de carbono (CO₂) provenientes de combustíveis fósseis devem aumentar 1,1% em 2025 e atingir um novo recorde. A alta contribui para um cenário em que "já não é mais plausível" o cumprimento da meta mais importante do Acordo de Paris, que é evitar que o aquecimento global supere 1,5 graus Celsius (Cº) acima do período pré-industrial, no Século 19.

Os dados são de um relatório produzido pela organização internacional de pesquisa Global Carbon Project com uma equipe internacional com mais de 130 cientistas.
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Em números absolutos, a projeção é de que as emissões em 2025 cheguem a 38,1 bilhões de toneladas de CO₂. O resultado deve elevar a concentração de CO₂ atmosférico para 425,7 partes por milhão (ppm) em 2025 – 52% acima dos níveis pré-industriais.
O relatório mostra que restam apenas 170 bilhões de toneladas de CO₂ para que o aquecimento global ultrapasse o limite estabelecido pelo Acordo de Paris. Segundo pesquisadores, o aumento da temperatura acima do 1,5ºC causará mudanças climáticas mais severas e pode levar a "um ponto de não retorno", criando consequências permanentes no clima.
Essa margem, chamada de "orçamento de carbono", está praticamente esgotada, e o resultado de 2025 praticamente inviabiliza a meta, alertam os cientistas envolvidos no trabalho.
O documento do Global Carbon Project descreve um cenário crítico e diz que um aquecimento de 1.7º C passa a ser um objetivo mais plausível a ser perseguido.
“Com as emissões de CO₂ ainda aumentando, manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C já não é mais plausível”, disse o professor Pierre Friedlingstein, do Global Systems Institute da Universidade de Exeter, que liderou o estudo.
“O orçamento de carbono restante para 1,5°C será esgotado antes de 2030, no ritmo atual de emissões. Estimamos que as mudanças climáticas reduzam os sumidouros combinados de terra e oceano – um sinal claro do planeta de que precisamos reduzir drasticamente as emissões”, complementou.
O estudo também indica que 8% do aumento na concentração atmosférica de CO₂ desde 1960 ocorre por causa do enfraquecimento de sumidouros de carbono terrestres e oceânicos. Esses ecossistemas são capazes de capturar o gás carbônico da atmosfera, atenuando o problema.
O aumento nas emissões de CO₂ fósseis é impulsionado por todos os tipos de combustíveis: carvão (+0,8%), petróleo (+1%), gás natural (+1,3%).
As emissões por desmatamento permanecem altas, em torno de 4 bilhões de toneladas de CO₂ por ano, enquanto remoções permanentes por reflorestamento e regeneração florestal compensam cerca de metade dessas emissões.
A projeção para as emissões da aviação internacional é de aumento em 6,8% (superando os níveis pré-Covid). As emissões do transporte marítimo internacional devem permanecer estáveis.
Nos EUA (+1,9%) e na União Europeia (+0.4%), as emissões devem crescer em 2025. A projeção inverte um movimento de queda dos últimos anos.
A China deve aumentar as emissões de gases do efeito estufa em 0,4% no ano de 2025. O ritmo é considerado menor do que nos últimos anos, por causa do crescimento moderado do consumo energético e do avanço das energias renováveis.
A Índia deve aumentar as emissões em 1,4%, o que também é considerado abaixo das tendências recentes. Uma monção (ventos sazonais) precoce reduziu a necessidade de refrigeração nos meses mais quentes. Também houve avanço das renováveis e crescimento baixo no consumo de carvão.
As emissões projetadas para o Japão são de queda de 2,2% nas emissões. As emissões no restante do mundo devem crescer 1,1%.