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MEIO AMBIENTE

UTFPR analisa impacto da água do Igapó após a chuva em Londrina

Jéssica Sabbadini - Redação Bonde
10 out 2025 às 07:10

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Tomado por uma coloração verde nas últimas semanas, o Lago Igapó 2, na zona sul de Londrina, causou curiosidade, espanto e até mesmo indignação por parte da população que frequenta a região. Com acumulados de chuva muito abaixo da média histórica nos meses de julho, agosto e setembro, o crescimento de cianobactérias tóxicas causou um processo chamado de eutrofização, o que trouxe a coloração verde-escura para o lago.


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Na terça-feira (07), Londrina registrou 25 milímetros de chuva dentro do período de uma hora, o que pode ter contribuído para aliviar o problema. Na manhã desta quinta-feira (09), era possível ver que a coloração das águas está em um tom menos esverdeado. Apesar isso, as alfaces d’água seguem cobrindo trechos dos quatro lagos que compõem o Igapó, mesmo com o início da retirada na última segunda (22).


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O professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), Orlando de Carvalho Junior, que integra uma , disse que coletou amostras da água do lago para analisar os impactos da chuva. O resultado, segundo ele, deve ser divulgado nesta sexta (10).


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Carvalho Junior confirmou que, visualmente, o Lago Igapó 2 está com uma coloração menos verde do que antes das chuvas desta terça. Ele detalhou que a chuva ajuda a diminuir a quantidade de cianobactérias que causam a eutrofização do corpo d'água, já que, de certa maneira, a precipitação “lava o lago”. “Visualmente a gente consegue perceber uma melhora daquela cor verde”, reforça.

O professor disse ainda que o IQA (Índice de Qualidade da Água) medido pela equipe regularmente está ruim em todos os pontos analisados após o processo de eutrofização.

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Concentração na montante

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No lago 2, em específico, a concentração se dá em pontos mais próximos às margens. Ao caminhar pela extensão do corpo hídrico, é possível ver alguns pontos com poucas alfaces, já em outros, cobriam trechos maiores da superfície.

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A situação mais grave é na área da ponte dos guarda-chuvas, localizada na Rua Bento Munhoz da Rocha Neto, próximo ao início da Avenida Ayrton Senna da Silva. No local, alguns trabalhadores estavam fazendo a retirada das alfaces d’água nesta quinta, que são consideradas plantas daninhas quando colonizam rapidamente o local em que se encontram.


Com auxílio de uma rede e um barco de pequeno porte, os homens puxam e concentram as macrófitas próximas à margem e fazem a retirada com auxílio de um equipamento semelhante àquele utilizado na limpeza de piscinas. A reportagem atestou que os servidores da Sema (Secretaria Municipal do Ambiente) e CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), pastas responsáveis pelo mutirão de limpeza, não faziam uso de trajes adequados enquanto realizavam o serviço.

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O fato traz perigos à saúde dos trabalhadores, visto que as cianobactérias filamentosas que esverdearam o Igapó são tóxicas, podendo afetar seres humanos e os peixes residentes. Suas toxinas, se ingeridas, podem ser hepatotóxicas ou neurotóxicas, prejudicando o fígado e o sistema nervoso, respectivamente. Já em contato com a pele, podem causar irritações sérias.


Imagem ilustrativa da imagem UTFPR analisa impacto da água do Igapó após a chuva
                                                                     Foto: Jéssica Sabbadini

‘Irritações, coceiras e dermatites’

Carvalho Junior, que é doutor em Hidráulica e Saneamento pela USP (Universidade de São Paulo) e professor do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, e explica que, “sem o uso adequado dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individuais), os trabalhadores estarão sujeitos às toxinas pelo contato direto com a água contaminada, o que pode causar irritações, coceiras e dermatites”. Completou dizendo que o uso de máscara facial evitaria o contato com respingos e aerossóis que podem causar conjuntivites, dores de cabeça e náuseas.


Já as macrófitas não apresentam perigo direto aos homens, porém, o risco reside no fato de os servidores estarem manipulando, sem proteção, a água, as raízes e folhas das alfaces com biofilme impregnado de cianotoxinas. O especialista recomendou o uso de luvas longas, botas impermeáveis, macacão, óculos e máscara facial.


Foi solicitado a Sema um posicionamento quanto a oferta de equipamentos de proteção aos trabalhadores, mas a reportagem não obteve retorno até a publicação do material.


À população, o professor alerta que não é recomendado tomar banho, consumir peixes retirados do lago e ainda praticar canoagem. “O ideal seria proibir qualquer atividade que envolva o contato direto com a água até que o problema esteja resolvido”, considera.


Telas nas tubulações


De acordo com os trabalhadores ouvidos nesta quinta, por dia, é possível encher mais de um caminhão com as alfaces d’água retiradas. O material é descartado na CTR (Central de Tratamento de Resíduos), localizada no Distrito de Maravilha, zona sul.


Entretanto, um servidor relatou que todas as alfaces d’água já tinham sido retiradas do local, mas que retornaram dias depois através das tubulações que conectam os lagos 3 e 2 e passam sob a rotatória das avenidas Ayrton Senna e Maringá. À reportagem, o trabalhador sugeriu a colocação de telas na tubulação, o que impediria a passagem das plantas de um lago para outro.


No dia em que o mutirão de limpeza foi iniciado, na última semana, a Sema havia informado que uma tela seria instalada para bloquear a passagem das plantas para os lagos 1 e 2, vindas dos Igapós 3 e 4. A reportagem questionou se a instalação foi realizada, mas ainda não obteve retorno.


Conforme a Secretaria, “a intenção mais adiante é remover as plantas também dos lagos 3 e 4, onde há uma proliferação maior das mesmas”. Não há previsão de quando o serviço será finalizado.


Imagem ilustrativa da imagem UTFPR analisa impacto da água do Igapó após a chuva
                                                            Foto: Jéssica Sabbadini

Esgotos clandestinos

O especialista alerta que a estiagem pode ter agravado a eutrofização no Lago Igapó, mas que essa não é a causa do problema. Segundo ele, há pontos de lançamento clandestino de esgoto ao longo da extensão do lago, o que, aliado à falta de chuva, favorece o processo de eutrofização. “Só a chuva não resolve o problema, tem que tirar os pontos de lançamento de esgoto”, explica, citando que a Sema já foi comunicada sobre a situação.


O professor explica que a eutrofização é o lançamento abundante de nutrientes, como fósforo e nitrogênio, que levam ao crescimento desenfreado de cianobactérias, conhecidas popularmente como algas. O esgoto doméstico, por exemplo, contém a presença de detergente e xampu, que são ricos em fósforo. Da mesma forma que a urina é uma fonte de nitrogênio. “Essas bactérias estão sempre lá, mas quando há o excesso de nutrientes aliado a um lago com volume mais baixo de água pela falta de chuva, elas crescem muito”, esclarece.


A Sema pontuou que foram realizadas vistorias nas galerias pluviais do entorno do Igapó, com equipe técnica própria e em conjunto com a Sanepar, “por conta da larga experiência da empresa em relação à questão”, e nenhum ponto de esgoto irregular foi detectado.


Aliadas em menor quantidade


Em relação às macrófitas aquáticas, o professor alerta que a cobertura de cerca de 30% da superfície com as plantas pode até ajudar a remediar o processo de eutrofização, diminuindo a penetração de luz e impedindo o processo de fotossíntese. “As alfaces d’água ajudam a retirar um pouco desses nutrientes porque competem com as bactérias no consumo de fósforo e nitrogênio”, explica.


Entretanto, o professor complementa que a decisão de retirar as plantas pode ter relação com a parte visual e também com a percepção da população, que poderia ficar alarmada com a presença das alfaces d’água. “Eu não recomendaria retirar sem critérios porque elas podem ajudar a remediar o processo”, opina.

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Dividida em níveis, Carvalho Junior explica que a eutrofização no Lago Igapó está no mais alto, chamado de hipereutrófico, de acordo com a última análise feita pela equipe. “Com várias chuvas sucessivas, a gente não vai ter esse problema mais, mas tem que chover regularmente”, afirma. Conforme previsão do Simepar, deve chover em Londrina no domingo (12) e na próxima segunda (13). (Colaborou Heloísa Gonçalves)

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