Levantamento realizado pela ProPPG (Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação) para o Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências, comemorado neste domingo (11), aponta que a presença feminina já é superior à masculina em todas as etapas da trajetória acadêmica na UEL (Universidade Estadual de Londrina).
Da Iniciação Científica (IC) à pós-graduação, os números de meninas e mulheres envolvidas com a pesquisa acadêmica evidenciam um cenário mais equilibrado do ponto vista da igualdade de gênero, tema prioritário na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Por outro lado, dados da ONU e da Unesco, criadoras da data alusiva, apontam que as mulheres representam cerca de 30% dos pesquisadores, demonstrando que ainda existem barreiras a serem vencidas, especialmente em áreas como Ciências, Tecnologia, Engenharias e Matemática (STEM, na sigla em inglês).
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De acordo com a ProPPG, a UEL encerrou o ano de 2023 contando com 5.922 estudantes de pós-graduação. Do total, 3.670, ou seja, 61% são do sexo feminino. Este levantamento é amplo e leva em consideração desde as matrículas deferidas até as que possuem pendências e em todos os cursos - especializações lato sensu, mestrado e doutorado – ofertados pelos programas de pós-graduação da UEL.
Os dados apontam que o Centro de Ciências da Saúde (CCS) é o que reúne o maior número – 638 – de pós-graduandas, representando 74% do total. Ao mesmo tempo, os dados mostram uma maior paridade de gênero nos centros onde estão localizadas as áreas do conhecimento que historicamente eram dominadas por homens.
Só para se ter uma ideia, o Centro de Ciências Exatas da UEL encerrou o ano passado com 542 alunas de pós-graduação, o que representa 55% do total. É neste centro onde estão os cursos das áreas de Computação, Física, Estatística e Matemática.
Outro centro “dominado” pelas mulheres é o de Ciências Agrárias (CCA). Contando com os cursos das áreas de Zootecnia, Medicina Veterinária e Agronomia, o CCA da UEL conta com 64% de presença feminina em seus cursos de pós-graduação. Por lá, eram 318 mulheres “contra” 174 homens no final de 2023.
No caso do CTU (Centro de Tecnologia e Urbanismo), que reúne as áreas de Estruturas, Construção Civil, Engenharia Elétrica e Arquitetura e Urbanismo, a presença feminina é um pouco menor porém ainda bastante significativa – 37% – apontam os dados apurados pela ATI (Assessoria de Tecnologia da Informação).
EM BUSCA DE EQUIDADE
Observando as mudanças no perfil dos estudantes, a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação (ProPPG) da UEL, Silvia Meletti, destaca que os avanços na direção da igualdade de gênero são frutos de muito trabalho e lutas recentes. Por isso, ainda são avanços pequenos diante das enormes demandas.
“Não é possível falarmos da inserção na ciência sem pensarmos na trajetória toda de formação em nível superior. Então, hoje nós já observamos uma mudança no perfil nos cursos de graduação. A presença da mulher está muito mais forte nestes cursos do que era há 15, 20 anos. Estamos caminhando para uma mudança deste perfil”, comemora.
Para exemplificar o quanto os avanços são recentes, ela destaca a incorporação da licença-maternidade das mulheres bolsistas de pós-graduação nos critérios de pontuação para a concessão das bolsas de estudo por parte dos órgãos de fomento. Inserido na Lei nº 13.536, esse critério foi regulamentado apenas em 2017.
“Antes da normativa nacional, a UEL já havia adotado todo um regramento para a maternidade na pós-graduação e, agora mais recentemente, a inserção da pontuação ser diferenciada para a distribuição do fomento interno para a distribuição de bolsas”, explica.
“Então, isso será considerado na avaliação do seu currículo para a distribuição do fomento. Hoje, temos também o tempo da licença-maternidade que justifica a prorrogação do tempo regular tanto para a contagem dos prazos quanto da ampliação da bolsa”, conclui a pró-reitora.