A Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) afirmou, nesta segunda-feira (15), que hidrômetros antigos estão medindo menor consumo de água e a substituição por novos deve aumentar as faturas dos consumidores. Conforme a empresa, os novos hidrômetros medem com maior precisão. Como consequência, a ação deve resultar em contas mais caras.
As trocas são de 2.200 equipamentos, em média, por mês, o que representa pouco mais de 1% dos equipamentos presentes nos municípios de Londrina, Cambé e Tamarana. São mais de 215 mil hidrômetros nessas cidades.
A reportagem apurava a reclamação de moradores do Jardim do Sol e do Jardim Shangri-Lá quando a companhia, por meio da assessoria de imprensa, confirmou a alteração. A empresa ressaltou que a mudança acontecerá de acordo com a substituição do hidrômetro.
Leia mais:
Filho de autor de atentado em Brasília presta depoimento à PF em Londrina
“Encontro de Estreia” será neste domingo na Vila Cultural Casa da Vila em Londrina
Árvore de Natal do Lago Igapó será inaugurada nesta sexta em Londrina
Feira Londrina Criativa acontece neste fim de semana em shopping da zona norte
O novo hidrômetro - que já está presente em algumas residências - tem uma sensibilidade de leitura que identifica vazamentos, como, por exemplo, na válvula de descarga. Já o hidrômetro atual submede o consumo real da residência. A substituição dos relógios será feita de maneira gradativa, a depender da validade do medidor.
A Sanepar ainda esclareceu, em nota, que "todos os hidrômetros utilizados são certificados pelo Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial]. A troca é feita por recomendação do próprio instituto em razão do desgaste das peças dos medidores, o que compromete a medição correta do volume de água consumido no imóvel".
Não há informações catalogadas acerca dos bairros ou municípios que já estão avançados na troca do relógio antigo. Mas, segundo a empresa, casas que tiveram o hidrômetro alterado nas últimas semanas já fazem parte do grupo com medição atualizada.
Questionada sobre o aviso prévio aos moradores do provável aumento da tarifa, a assessoria da Sanepar expôs que "a troca não acontece com aviso prévio e nem é necessária a autorização do cliente. Ao aderir ao serviço, ele assume a responsabilidade de guardar o patrimônio e garantir o acesso livre" para a empresa.
Moradores pedem melhorias
A reportagem recebeu denúncias, na última sexta-feira (12), de moradores do Jardim do Sol e Shangri-Lá sobre a constante falta de abastecimento de água que assola a região. Três moradores entrevistados confirmaram o mesmo problema. Um deles, que pediu para não ser identificado, gravou um vídeo enquanto a sua casa estava sem água. O relógio seguia girando, mesmo sem nenhum fluxo.
O morador do Jardim do Sol aparece revoltado na gravação. De acordo com ele, a região vive desabastecida. Na última vez, a sua residência ficou sem acesso à água por dois dias seguidos, chegando a esvaziar o reservatório.
Além disso, a tarifa do morador registrou, no mesmo período, um aumento de 261% de um mês para o outro, saindo de R$ 199,33 para R$ 519,83. Após formalizar uma reclamação, a tarifa foi reduzida quase à metade.
Bairro vizinho ao Jardim do Sol, o Shangri-lá também apresentou problemas, gerando reclamações. Duas residentes afirmaram que o problema é antigo e as esperanças de que a situação seja resolvida é pequena.
"Faz 50 anos que moro aqui. Não pode ameaçar chuva que o encanamento estoura. Os hidrômetros estouram e ficam vazando. O pessoal vem e diz que vai trocar, que vai arrumar, que vai pôr novo, mas não fazem. Eles viram as costas, acontece a mesma coisa. Em questão de cuidar, a Sanepar abandonou mesmo este bairro", desabafou a idosa Silvia Mara Berto.
Silvia ressaltou que a situação é agravada pelo fato de não ter reservatório, o que a impossibilita até mesmo de ter acesso ao básico. "É horrível, porque, na minha casa, não tenho caixa [d'água]. A casa é antiga, aí sofremos muito, porque não podemos usar banheiro. É triste!."
Outra residente, que não quis ser identificada, expôs que o desabastecimento gera diversos transtornos.
"Sempre que falta, não consigo seguir minha rotina, preocupada [com a possibilidade de] acabar a água do meu reservatório", pontuou a moradora.
"Meu aquecedor funciona com água da rua. Então, banho quente é impossível. Muitas vezes, a água chega suja e, consequentemente, a caixa d’água se enche dessa água suja", lamentou.
Sanepar se pronuncia
A Sanepar informou em nota que "não tem registros de paralisações recorrentes no abastecimento de água dos jardins do Sol e Sangri-lá. Nesta região, estão sendo realizadas trocas preventivas dos medidores de consumo, hidrômetros".
Em relação à cobrança, a companhia explicou que "quando um cliente observa que mesmo com as torneiras desligadas o hidrômetro continua funcionando, ele deve contratar um encanador que avalie se há vazamento na casa".
A reportagem apurou, no entanto, que a casa do morador não tinha acesso à água, devido ao desabastecimento. Assim, a possibilidade de vazamento não pôde ser considerada.
(Matéria atualizada às 19h30)
LEIA TAMBÉM: