Londrina

Prefeitura de Londrina quer evitar demolição do Ginásio Alceu Malucelli

03 out 2025 às 12:49

Abandonado há mais de uma década, a Prefeitura de Londrina quer evitar a demolição do Centro de Ginástica Artística Alceu Malucelli, na área central de Londrina, e reaproveitar parte da estrutura para uma possível revitalização do espaço. Durante uma vistoria no espaço, que sofreu com um incêndio em 2017, nesta sexta-feira (03), o prefeito Tiago Amaral disse que vai buscar recursos com os governos Estadual e Federal para dar uma nova destinação ao espaço, que hoje é vinculado à FEL (Fundação de Esportes de Londrina).


O secretário de Obras de Londrina, Otávio Gomes, explica que o relatório da Defesa Civil, de julho, apontou que as estruturas metálicas do ginásio estão comprometidas, principalmente por conta do incêndio de 2017. Em relação às paredes de cimento, ele garante que a estrutura é viável e pode ser reaproveitada. 

“Não é uma estrutura inviável. Ela precisa passar por uma grande reforma, obviamente, mas a gente vê como interessante a localização para que possamos abrigar novas atividades esportivas”, afirma. 


Por estar em uma área de fundo de vale, próximo ao Córrego Água Fresca, o secretário afirma que o impacto ambiental já existe e que, por isso, o objetivo é reformar o local ao invés de demolir. Dentre os principais problemas, ela cita o descarte irregular de resíduos. “Uma vez que você ocupa esse espaço com atividades esportivas e com a população aqui de manhã, de tarde e de noite, como era na época da ginástica rítmica, você tem uma condição muito melhor para preservar esse fundo de vale”, explica. 


“É uma estrutura muito interessante e que a gente não tem intenção neste primeiro momento de demolir”, afirma. Em relação aos prazos, Gomes ressalta que o pontapé inicial precisa partir da FEL, tanto para a ocupação do espaço quanto para uma possível demolição. 



“Ideias temos várias”, afirma  o prefeito Tiago Amaral (PSD),  em relação ao que fazer com o espaço, citando que há projetos anteriores que já foram pensados, assim como discussões em andamento com os vereadores e ideias que partem da comunidade local. “É o momento da gente ouvir a todos. Não há uma predefinição do que será feito, até por isso que viemos aqui pessoalmente”, detalha, citando o objetivo da vistoria. 


“A gente quer entender o que cabe aqui, o que pode ser feito aqui. Vamos discutir isso junto com a comunidade, com nossos vereadores, para entregarmos um projeto. A nossa vontade é, sim, aproveitar esse espaço”, detalha. Sobre os recursos, o prefeito afirma que o dinheiro pode vir dos governos Estadual ou Federal. Em sua fala, reforçou que o espaço pode dar lugar a atividades voltadas ao esporte, à cultura e até mesmo ao lazer. 


“O caixa do município hoje não é um caixa que esteja com previsão de capacidade de investimentos, infelizmente, mas a gente está muito determinado a fazer essa avaliação e buscar recursos com o Governo do Estado e com o Governo Federal”, esclarece. 


Amaral também comenta sobre o receio da população de que o espaço, se reformado, fique cercado por alambrados e longe de ser um espaço em que as pessoas possam usar. Ele disse que há “uma cultura” em Londrina de fechar espaços públicos para garantir a preservação, o que considera como errado. “Quando mais a gente fecha áreas de preservação, por exemplo, maior é o descarte irregular e maior é o número de invasões”, opina.


A vistoria foi encabeçada pelos vereadores que integram a Comissão de Administração, Serviços Públicos, Fiscalização e Transparência da Câmara Municipal de Londrina. Em entrevista,  o vereador Chavão (Republicanos) explica que uma das áreas de atuação da comissão é a visita e vistoria em espaços públicos abandonados na cidade. No caso do Centro de Ginástica Artística Alceu Malucelli, ele cita que toda a estrutura metálica está comprometida, muito provavelmente por conta do incêndio, o que pode trazer riscos à população. 


“A comissão está presente aqui junto com o Executivo justamente para definir se um novo ginásio vai ser projetado ou se vai ser utilizado  para a cultura”, explica. A comissão também é composta pelos vereadores Marinho (PL) e Régis Choucino (PP).



Um espaço público


Para a população que vive e trabalha no entorno, o desejo é que o espaço ganhe a vida de outrora. A atriz Edna Aguiar, 61, morou por 25 anos ao lado do Centro de Ginástica Artística Alceu Malucelli, na Rua Monte Castelo, e disse que a vistoria é importante para trazer o ‘olhar’ do poder público para um espaço que está abandonado há mais de 10 anos. 


Ela relembra a beleza do local, lotado de pessoas de um lado para outro, e os campeonatos de vôlei e basquete que reuniam pessoas de todo o Paraná. A atriz afirma que a preocupação da comunidade é de que o poder público privatize o espaço. “A gente tem que continuar se colocando nesse lugar para pedir o óbvio”.


Mira Roxo, 78, é coordenadora de um centro cultural bem próximo ao ginásio e afirma que não é preciso um ‘orçamento superfaturado’ para revitalizar o local, já que ainda é possível aproveitar as ruínas para dar lugar a um espaço cultural. “Deve ser aberto, deve ser utilizado. Isso aqui não pode ser privatizado porque é público”, opina. 


Ela garante que as pessoas em situação de rua nunca trouxeram problemas, mas o que incomoda é a população de classe média que vê o espaço como um local para o descarte de lixo, inclusive móveis e estofados. “É um absurdo a falta de educação desse povo”, afirma.



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