O Prefeito de Londrina, Tiago Amaral (PSD), anunciou, na cerimônia de reabertura do Parque Arthur Thomas, nesta sexta-feira (5), a restauração da usina hidrelétrica do local, que está desativada desde 1967. A reforma do espaço faz parte dos planos da Sema (Secretaria Municipal do Ambiente) para a terceira fase de obras no parque, que ainda não tem previsão para ser iniciada.
A segunda fase foi oficialmente entregue pela prefeitura nesta sexta em cerimônia com diversas entidades sociais, políticos, estudantes e representantes de órgãos públicos. Londrina, por meio do Fundo Municipal do Meio Ambiente, investiu cerca de R$ 600 mil nas revitalizações. A grande financiadora das obras foi a Itaipu Binacional, que repassou R$ 3,7 milhões, totalizando R$ 4,3 milhões.
Em coletiva de imprensa, Amaral destacou o simbolismo histórico do espaço e defendeu a reativação da usina, responsável pela primeira geração de energia elétrica de Londrina.
“Estou muito orgulhoso e feliz. Quantos pequenos londrinenses não tiveram a oportunidade que eu tive de crescer neste parque, que é histórico. Corremos muito para ajustar tudo o que precisava e deixá-lo pronto de verdade, para que a população possa usufruir deste espaço”, afirmou. “Além da reabertura, há algo ainda maior por vir. Este é o local da primeira fonte de energia elétrica da cidade. Vamos começar a terceira fase das obras, que é recuperar aquele espaço e, se possível, reativar a nossa usina hidrelétrica aqui do parque”, continuou.
O prefeito enfatizou que buscará novos recursos para viabilizar a restauração completa. Segundo ele, o investimento é fundamental, e a união com entidades e empresas “é crucial para o avanço dessa nova etapa”.
Investimento da Itaipu
Presente na cerimônia, o diretor-geral da Itaipu Binacional, Enio Verri, destacou que o apoio financeiro ao projeto está alinhado à missão socioambiental da usina, que “deixa de ser apenas uma empresa e passa a operar com uma apoiadora de projetos públicos”.
“A nossa usina, desde 2005, assumiu um novo compromisso com a sociedade. Além de produzirmos energia de qualidade, barata e limpa, temos também compromisso com o meio ambiente, até porque a água é a nossa matéria-prima. Projetos como esse estão diretamente ligados com a nossa missão”, disse.
Verri explicou que investir em preservação ambiental é também uma forma de proteger os próprios reservatórios da Itaipu, que “não teriam vida longa sem as fontes de abastecimento” espalhadas pelo estado.
“As pessoas podem se perguntar o porquê de uma usina investir no parque. É importante lembrar que, sem políticas públicas de preservação, os reservatórios podem ser assoreados e a usina comprometida. Ao cuidarmos do parque, cuidamos também do tempo de vida útil da Itaipu”, pontuou.
Segundo Verri, o apoio ao Arthur Thomas é parte de uma série de investimentos da Itaipu em Londrina, que incluem parcerias com universidades, hospitais e entidades beneficentes. Sobre futuros investimentos à terceira fase nas obras do parque de Londrina, o diretor-geral não adiantou uma resposta positiva, apesar do entusiasmo do prefeito.
Novas etapas
De acordo com o secretário municipal do Ambiente, Gilmar Domingues, a segunda fase das obras contemplou melhorias estruturais e de acessibilidade que há anos eram solicitadas pelos usuários.
“Fizemos a recuperação das trilhas, a proteção das áreas de desnível da barragem, instalamos oito bebedouros e reformamos o restaurante e a ciclovia. O parque voltou a ficar útil para a população”, destacou.
Domingues também confirmou que o prefeito determinou à Sema o início dos estudos técnicos para reabrir o espaço da usina. “Nós descemos até o final e o prefeito viu a parte fechada, por determinação do IAT [Instituto Água e Terra]. Ele nos pediu para resolvermos. Diversas áreas não puderam ser abertas agora, mas vamos lutar muito para que isso aconteça”, afirmou.
Estudos de impacto
Enquanto as obras eram celebradas no evento, pesquisadores da UEL (Universidade Estadual de Londrina) alertaram sobre a necessidade de avaliar possíveis impactos ambientais antes de qualquer reativação da usina.
O biólogo David Leiroza, 30, doutorando em Ciências Biológicas e membro do LECA (Laboratório de Ecologia e Comportamento Animal) - projeto coordenado pela docente Ana Paula Vidotto - explicou que a instalação de uma hidrelétrica, mesmo que de pequeno porte, pode alterar o comportamento de espécies que vivem na área.
“As hidrelétricas causam impactos, independentemente do tamanho, porque precisam ser represadas e há o barulho constante. O Arthur Thomas é um corredor ecológico, e o ruído pode dispersar os animais. É preciso um estudo de impacto ambiental. Na minha visão, o espaço poderia ser transformado em um museu, seria mais proveitoso”, avaliou.
A estudante Rayane Rocha, 27, também do curso de Ciências Biológicas, concordou com a necessidade de cautela. “Eu fui pega de surpresa com a notícia, mas acho que precisam fazer um estudo por causa dos impactos. Eu frequento o parque desde criança”, comentou.
Retorno esperado
Após um ano de interdição, a reabertura do Parque Arthur Thomas foi comemorada pelos frequentadores. A empreendedora Samara Dias, 34, contou que costumava visitar o local com a família. “Fez muita falta esse período que ficou fechado. Eu sempre vinha com o meu esposo e meus dois filhos. O asfalto ficou melhor, o banheiro também, e o parquinho está ótimo para quem vem com crianças”, disse.
Para ela, a reforma surpreendeu e, por causa disso, pretende trazer mais gente para conhecer o local. “Eu gostei muito. Já tinha o costume de vir todo mês. Agora, vou trazer todo mundo.”
Programação especial no domingo
No domingo (7), o parque receberá o evento “De Volta ao Parque”, organizado pela Sema, das 14h às 17h, com atividades gratuitas, trilhas guiadas, oficinas e apresentações circenses para marcar oficialmente a reabertura do espaço. Os visitantes poderão participar de uma tarde repleta de atividades gratuitas, pensadas para todas as idades.
A agenda inclui exposição de animais taxidermizados (conservados), jogos de tabuleiro educativos, contação de histórias, oficinas criativas, espaço para desenho e colagem, leitura em família e uma apresentação circense. Também haverá uma trilha guiada pelo parque, oferecendo aos participantes a oportunidade de conhecer mais sobre sua fauna, flora e a importância da conservação ambiental.