Com a proximidade da Sexta-Feira Santa e da Páscoa, datas que marcam a crucificação e ressurreição de Jesus Cristo, muitos católicos sentem uma renovação na fé e entendem o período como um momento de se aproximar da religiosidade cristã. E é esse um dos pilares do espetáculo Paixão de Cristo, que nasceu em 1978 e já recebeu mais de 1 milhão de espectadores ao longo de quase cinco décadas.
Com apresentações em Londrina, no aterro do Lago Igapó e no CSU (Centro Social Urbano), e em pelo menos outros 18 municípios da região, a expectativa é de reunir mais de 100 mil pessoas só em 2025.
Diretor-geral, Davi Dias explica que a peça tem 1h40 de duração e começa abordando um fator político, que é o domínio romano na Judeia, e como o Cristo era visto como uma “ameaça” às autoridades da época, como Caifás.
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O espetáculo também aborda as profecias de João Batista, os milagres de Cristo e passagens fortes, como o apedrejamento de uma mulher adúltera. O contexto político da época é um dos pontos mais importantes do espetáculo, o que pode ajudar a compreender conflitos que permanecem vivos até os dias de hoje no Oriente Médio.
A Santa Ceia, o julgamento de Cristo perante Caifás e Pilatos, a Via Sacra, a Crucificação e a Ressurreição de Jesus Cristo também são alguns dos momentos mais aguardados pelos espectadores, sendo esses dois últimos que marcam a Sexta-Feira Santa e o Domingo de Páscoa.
O maior do sul do Brasil
Com números expressivos, o teatro Paixão de Cristo é o maior do sul do Brasil. Ao longo de 48 edições, mais de 1 milhão de espectadores já assistiram a peça e mais de 10 mil atores já passaram pelos palcos. Só neste ano, a expectativa é atrair mais de 100 mil pessoas. Dias reforça a importância que a apresentação tem no quesito comunidade, já que muitos procuram o grupo como uma forma de fazer amizades e até relacionamentos. Ele conta que conheceu a esposa durante os ensaios, assim como os pais, que se conheceram no grupo. “A importância social, familiar e comunitária é muito grande”, destaca.
Apesar da conotação religiosa, é através da peça que muitos aprendem sobre as tradições judaico-romanas e como era formado o Império Romano e sua dominação sobre os territórios. “É muito importante para as pessoas que assistem ter essa visão de como era antigamente”, explica. Isso é refletido nas vestimentas, por exemplo, já que as armaduras são importadas e feitas de acordo com o modelo original utilizado na época pelos soldados.
Em 2025m pela primeira vez, a vestimenta dos judeus foi feita de linho cru, assim como era no período. O cenário tem como foco a legitimidade com a história e, por isso, foi feito com base nos nas descrições do historiador judaico-romano Flávio Josefo, como a Fortaleza Antônia, a sede de Pilatos, e o Sinédrio, que representa o Templo de Salomão. “O fator histórico está muito ligado ao nosso grupo”, opina.
O terceiro pilar que reflete a importância do grupo para toda a região é o espiritual, em que o produtor relata que a peça pode tocar no coração das pessoas. “Várias pessoas do grupo mudaram de vida por causa do teatro”, afirma, complementando que essa mudança pode vir através de uma palavra ou um gesto que emociona.
Origem
O teatro surgiu em 1978 através de um grupo de jovens. Um dos fundadores foi Roberto Dias, pai de Davi Dias, o que se tornou através dos anos uma tradição familiar. Desde o início, o CSU pode ser considerado a “casa” dos espetáculos, já que ali foi o primeiro local a receber a peça, uma tradição que se mantém desde então.
O começo do grupo foi singelo, com cerca de 70 integrantes. Hoje, o espetáculo conta com mais de 500 participantes, desde os atores até a equipe que trabalha nos bastidores para que tudo ocorra da melhor maneira. O salto principal veio durante a pandemia, em que o grupo foi aberto para que pessoas de outras cidades da região também pudessem participar.
Apresentações
O teatro Paixão de Cristo vai contar com duas apresentações em Londrina: a primeira, no próximo sábado, dia 12, vai ser no Aterro do Lago Igapó. Às 18h30 vai ocorrer uma celebração religiosa e, às 20h, o espetáculo começa.
No dia 18, Sexta-Feira Santa, a peça vai ser apresentada no CSU, sendo que a partir das 18h30 vai ter uma pregação da Adma Augusta e, também às 20h, o início da peça. Além de Londrina, outras 18 apresentações devem ser realizadas em cidades da região.
O evento conta com apoio da Lei Federal Rouanet de Incentivo à Cultura, através da Inquima, e patrocínios da Rolemar e Sanepar. A produtora do espetáculo é a Aleph Produções.
A entrada é gratuita, mas quem quiser reservar uma cadeira deve levar um quilo de alimento não perecível em qualquer unidade do Sesc (Serviço Social do Comércio) de Londrina. Os alimentos serão doados para entidades que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social.
