A Secretaria de Saúde de Londrina anunciou nesta quinta-feira (26) que os pacientes agora têm acesso às informações da fila de procedimentos do SUS (Sistema Único de Saúde). Inicialmente, os dados são referentes a consultas, mas o objetivo é estender também para as cirurgias eletivas. Essa mudança já estava no radar da administração, mas uma recomendação do MPPR (Ministério Público do Paraná), visando maior transparência dessas informações, acabou acelerando o processo.
O titular da pasta, Felippe Machado, explicou que a medida busca qualificar as informações e diminuir o índice de faltas em consultas no sistema público, que hoje é da ordem de 30%. “Todo mundo que aguarda uma consulta médica em qualquer especialidade no SUS consegue fazer a consulta no site da Prefeitura e ver como está sua posição na fila, o prazo que tem para realizar esse agendamento e outras informações”, destaca.
A classificação de risco dos pacientes é feita a partir da avaliação da equipe de regulação, explica Machado. O primeiro passo é a consulta com o clínico-geral na UBS (Unidade Básica de Saúde), que então faz os encaminhamentos para as especialidades, se houver necessidade.
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Hoje, os principais "gargalos" da saúde pública londrinense são nas áreas de ortopedia de alta complexidade, neuropediatria, psiquiatria e endocrinologia. “Infelizmente, o SUS tem conseguido atrair poucos médicos e algumas especialidades são mais difíceis.”
A recomendação foi feita pela promotora Susana Broglia Feitosa de Lacerda, que acredita que a maior transparência também trará impactos positivos para a Justiça. “O juiz vai saber a situação daquele paciente específico na fila e a situação da fila como um todo. E entender se aquela judicialização específica está passando na frente de outros pacientes, se tem a perspectiva de acontecer em breve, se aquela espera é razoável. Isso faz com que não haja judicialização precipitada”, diz.
Aliás, Lacerda afirma que muitos cidadãos procuram o MPPR para tratar de questões relacionadas à saúde pública. “O número de procedimentos que eu tenho ultrapassa mil, sem contar os atendimentos telefônicos que muitas vezes um contato que temos com a secretaria resolvemos por telefone”, acrescenta.
A mudança de um paciente na fila só vai ocorrer por questões de emergências e a partir de uma solicitação médica. Para a promotora, isso traz mais confiança para o sistema.
Entre os londrinenses que aguardam na fila do SUS está a cozinheira Márcia Regina Alves Guimarães, 54, que está com um desgaste no joelho há vários anos. “Faz uns dois anos que eu estou fazendo tratamento no joelho no posto, esperando o especialista. Daí saiu a consulta depois de dois anos com o especialista do joelho, que encaminhou para a cirurgia e eu esperei mais uns dois anos”, conta, explicando que quando chegou no momento do procedimento, não foi possível realizá-lo. “Devido a esperar tanto, deu mais desgaste e agora eu preciso colocar prótese. E diz que a fila da prótese está desde 2015 parada. Só Deus sabe quantos anos eu vou ter que aguardar.”
A situação não é muito melhor para o marido de Márcia, o aposentado Cláudio Augusto Guimarães, 68. “Eu estou esperando uma consulta com cardiologista há dois anos”, conta. Ele ressalta que vem sofrendo com problemas de saúde e depende do sistema público.
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