O Néias - Observatório de Feminicídios de Londrina acompanha nesta terça-feira (6) o julgamento de Everton Paulo Schafer, acusado pelo feminicídio de sua ex-companheira em uma igreja na Zona Leste de Londrina.
O julgamento teve início às9h no Fórum Estadual de Londrina e poderá ser acompanhado ao vivo pelo YouTube.
Segundo Néias, o Ministério Público acusa Everton Paulo Schafer de assassinato por motivo torpe - uma vez que a matou porque acreditava ter sido traído - , utilizando-se de meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, visto que a surpreendeu em seu local de trabalho com disparos de arma de fogo.
Leia mais:
Donos de postos no Paraná alegam ter levado calote de R$ 80,5 milhões
Hospital Zona Sul de Londrina vai ter primeiro programa de residência médica
Terça-feira será de tempo estável e calor em Londrina e nos municípios da região
Folha Cidadania é usada como ferramenta de ensino nas escolas municipais da região de Londrina
Além disso, o crime é qualificado como feminicídio, por ter sido cometido em menosprezo à condição de mulher, em decorrência da relação doméstica que mantinham.
ENTENDA O CASO
O crime ocorreu em 5 de abril de 2022 e ganhou ampla repercussão na mídia. Na ocasião, o réu invadiu o local de trabalho da ex-companheira, a Paróquia São Luiz Gonzaga, na Avenida São João, em Londrina. A vítima foi surpreendida enquanto almoçava e alvejada por diversos disparos que a atingiram na cabeça e no peito, resultando em sua morte.
Conforme aponta o Observatório de Feminicídios de Londrina, antes morrer, a mulher viveu um relacionamento marcado por violência física e psicológica.
"Segundo análise dos autos do processo feita por Néias, há relatos de que ela se afastou de amigos e familiares durante o relacionamento com o acusado, retornando ao convívio social apenas enquanto ele esteve encarcerado. Colegas de trabalho relataram que a mulher frequentemente apresentava hematomas, mas nunca admitia ser vítima de violência de gênero."
O Observatório afirma, ainda, que, além da violência física e psicológica, o acusado praticava violência financeira, tendo inclusive ficado com todo o dinheiro de um caminhão e móveis que ela vendeu.
Para Néias, o caso a ser julgado nesta terça-feira reflete padrões comuns nas dezenas de feminicídios acompanhados pelo observatório nos últimos três anos.
"Mais uma vez, uma mulher aprisionada em um relacionamento violento e abusivo perde sua vida ao tentar romper o ciclo de violência", destaca o informe do Observatório sobre o caso.
Quando finalmente conseguiu terminar o relacionamento, Lígia decidiu sair de Londrina para se afastar de seu agressor, mas precisava cumprir um compromisso de trabalho na igreja, onde acabou perdendo a vida.
"O réu ceifou a vida da ex-companheira de diversas maneiras, afastando-a de seus amigos e familiares, obrigando-a a permanecer ao seu lado e controlando seu dinheiro e tudo que ela fazia. Nada disso foi capaz de protegê-la. Esperamos que a Justiça forneça uma resposta justa para a sociedade, punindo o responsável por esse crime e reafirmando a importância de combater a violência de gênero em todas as suas formas," conclui Néias.