A morte violenta de jovens negros e pardos no Brasil, inclusive com dados estatísticos sobre a realidade local, será discutida durante audiência pública programada para o próximo sábado (22/11), das 8 às 12h, na sala das sessões do Legislativo Londrinense.O evento com o tema "Genocídio da juventude negra: devemos mudar esta realidade", é uma promoção da Câmara de Vereadores, do gabinete da vereadora Elza Correia (PMDB) e do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo do Ministério Público (GT Racismo).
Para a vereadora Elza Correia, é importante que a sociedade participe do debate, porque o racismo está institucionalizado e é fundamental que a sociedade civil e as autoridades de todos os níveis discutam alternativas à mudança dessa realidade. "Não podemos fechar os olhos e nos comportarmos de forma conivente com essa situação, muito presente no dia a dia. Conhecer a realidade é o primeiro passo para admitir as mudanças necessárias ", afirmou a vereadora.
O panorama nacional dessa triste realidade será apresentado por Dalila Fernandes de Negreiros, servidora da área de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), do Governo Federal, com base no Mapa da Violência no Brasil, estudo divulgado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (CEBELA). Para tratar da realidade local, o palestrante será o assistente social Eliezer Rodrigues dos Santos, do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS 2), que apresentará estudo coordenado pela Secretaria Municipal de Assistência Social.
Leia mais:
Londrina: Eleição não ganha espaço no Mercado Shangri-lá neste domingo
Eleição municipal de Londrina conta com intérpretes de Libras pela primeira vez
Explosão de bomba com carta assusta feirantes no centro de Londrina
Dia das Bruxas em Londrina tem cinema e música
Negros e pardos - Dados estatísticos sobre a realidade nacional apresentados em 2012 pelo Mapa da Violência no Brasil, indicaram a ocorrência de 56 mil assassinatos no país, sendo 30 mil na faixa etária de 15 a 29 anos. Destes, os jovens da cor negra ou parda representaram 77% dos assassinatos. Outra informação considerada alarmante revela um quadro de impunidade: apenas 8% dos casos chegaram a ser julgados pelo Judiciário.
Em Londrina, estudo realizado nos anos de 2013 e 2014 pela Secretaria Municipal de Assistência Social por meio da equipe do CREAS 2, registra no período a ocorrência de 47 homicídios de jovens na faixa etária entre 12 e 21 anos. Destes, 12 eram meninos brancos e 34 meninos negros ou pardos. O CREAS 2 executa o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), com idade entre 12 e 18 anos incompletos, e excepcionalmente de 18 a 21.
A pesquisa revelou ainda que no caso da realidade londrinense, 11 homicídios ocorreram em suposto confronto com a polícia, 32 com grupos rivais e quatro de outras causas. O estudo da realidade local também apontou que os adolescentes, em sua maioria, foram mortos por armas de fogo, estavam em defasagem escolar, residiam em bairros periféricos da cidade e eram provenientes de famílias de baixa renda.
Segundo o presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (CMPIR), Emaní José dos Santos, a forma como a violência atinge os jovens em situação de vulnerabilidade social, principalmente os da raça negra, assusta as pessoas que trabalham na área. "Por isso temos uma grande expectativa que durante a audiência pública possamos discutir medidas de combate à realidade que vivemos", afirmou Emaní.