Londrina

Morre Ilda Hey, presidente do SOS Londrina e símbolo de amor ao próximo

25 jul 2025 às 11:31

Uma vida em prol dos mais necessitados e daqueles à margem da sociedade. Uma vida destinada ao cuidado, ao respeito e ao resgate da dignidade daqueles que mais precisam. Aos 94 anos, Ilda Maria Maragno Hey faleceu na noite desta quinta-feira (24) após dias internada em decorrência de um derrame. 


À frente do SOS Londrina (Serviço de Obras Sociais de Londrina) por 57 anos, voltado ao acolhimento de pessoas em situação de rua, ela também deu início aos trabalhos do CEI (Centro de Educação Infantil) Tia Maria Júlia. Uma vida vivida em prol das necessidades ‘do outro’.


A coordenadora do SOS Londrina, Marieli Silva conta que Ilda Hey integrava a entidade desde o início, sendo uma das responsáveis pela fundação lá em 1968. Desde então, ela assumiu a presidência para nunca mais largar. No início, a entidade fornecia alimentação e cuidados voltados à saúde da população mais carente, principalmente daqueles que estavam saindo da zona rural e migrando para as cidades em busca de melhores condições de vida. 


Foi a partir daí que surgiu a ideia e a vontade de dar início ao CEI Tia Maria Júlia, já que muitas famílias tinham crianças e precisavam de um local para deixar os filhos. A instituição fica na Rua Javari, na Vila Nova, e atende hoje 54 crianças. No início, Ilda e a equipe iam até os assentamentos para buscar as crianças.


Desde os anos 2000, o SOS Londrina presta o acolhimento para homens adultos, sendo o lar para 21 pessoas em situação de rua. Silva explica que a vontade de Ilda sempre foi resgatar a dignidade dos acolhidos, oferecendo cursos profissionalizantes e dando a oportunidade de eles retornarem à sociedade. Hoje, a entidade acolhe 21 homens e oferece alimentação e banho diário para outros 15.


“Era o ar que ela respirava”, afirma Silva, sobre a importância que a entidade tinha na vida de Ilda. Ela conta que a presidente frequentava a instituição todos os dias, de segunda a sexta-feira: “Era 7h30 da manhã e ela já estava aqui”. Dependendo de doações para manter as atividades em funcionamento, ela encabeçou e tomou frente em diversas ações para arrecadar recursos.


Símbolo de amor e de respeito ao próximo, Ilda era muito ativa e enérgica e sempre estava em busca de melhorias nos atendimentos e nos serviços prestados aos acolhidos e às crianças na creche. 


Sem nenhum problema de saúde anterior, ela precisou ser internada no dia 16 de julho após passar mal em casa. Os médicos identificaram que ela sofreu um derrame que trouxe diversas sequelas, o que agravou o quadro de saúde. Após nove dias de internação, ela faleceu na noite desta quinta-feira (24) no Hospital Evangélico de Londrina. 


“O SOS e a creche são os legados que a dona Ilda deixa. É um legado para a sociedade e para todos nós para que possamos continuar seguindo com esse trabalho que ela tinha tanto amor”, finaliza Silva.


Gustavo Campos é tesoureiro do SOS Londrina e conviveu com Ilda por mais de uma década, tempo que, segundo ele, foi mais do que suficiente para admirá-la pela dedicação e comprometimento em oferecer um suporte social aos mais vulneráveis. “Ela é um símbolo de compromisso com o próximo”, reforça. 


O compromisso dela era, dia após dia, reinserir os acolhidos na sociedade de maneira digna, com estudo e profissão. Nas mais de cinco décadas à frente da entidade, as histórias de gratidão são muitas: quem passou pelo SOS Londrina quer retribuir o que um dia recebeu. 


Campos conta que muitas pessoas que já foram acolhidas hoje fazem doações e prestam serviços para a entidade, já que conquistaram uma nova oportunidade com o apoio de Ilda Hey. Quando isso acontecia, segundo ele, o sentimento da presidente era o de dever cumprido. 


“Ela deixa um legado de atenção ao vulnerável, de não discriminação, de entender as circunstâncias que levaram aquela pessoa àquela situação de rua, sem moradia e muitas vezes com dependência química”, afirma, complementando que visitou a colega de trabalho durante a internação e se comprometeu a fazer o possível para dar continuidade ao legado que ela deixou. 


Velório e enterro


O velório de Ilda Maria Maragno Hey começa a partir das 11h na capela 2 do Parque das Oliveiras. O sepultamento será às 17h. 


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