Pelo menos 22 moradores do Eli Vive, no distrito de Lerroville, estiveram na tarde desta quinta-feira (27) na sede da Prefeitura de Londrina para questionar novamente a situação das estradas rurais do assentamento, que seguem causando transtornos à população local. Após pouco mais de uma hora de espera, os trabalhadores foram recebidos pelo vice-prefeito, Júnior Santos Rosa (PSD) e o secretário da Agricultura, Gilmar Domingues, que prometeram atenuar o problema ainda neste fim de semana.
Devido às chuvas que assolaram Londrina na segunda-feira (24), as estradas que cruzam todo o Eli Vive foram mais uma vez afetadas, impossibilitando o trânsito de crianças à escola e de agricultores locais. O problema não é novidade. De acordo com os moradores ouvidos pela reportagem, a situação se alastra por 16 anos.
Em razão do perigo que essas vias causam, nesta quarta-feira (26), a Prefeitura emitiu um comunicado aos pais do assentamento anunciando que o transporte será interrompido na segunda-feira (31), pois a empresa que opera os ônibus alegou falta de condições para executar o trabalho. Este foi o estopim para 250 locais protestarem durante a manhã no Eli Vive e, em seguida, reunirem-se na Prefeitura.
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"Estamos aqui com grupos de famílias que vieram trazer a demanda, que já é antiga e que precisamos resolver. Temos 107 km de estradas que precisam ser feitas. Desses 107 km, 14 km foram feitos pela Prefeitura e é exatamente nesse trecho que a gente precisa de manutenção", ressaltou Edelvan Carvalho, agricultor e uma das lideranças do Eli Vive. "Há mais de três anos que não é feita. Nesse espaço, estamos correndo risco em relação às crianças, da vida delas, é uma situação muito precária! O transporte não consegue descer, porque corre o risco de tombar com mais de 40 crianças dentro. Nesse ponto, a empresa está correta em não rodar, porque põe em risco a vida das crianças", continuou.
Carvalho destacou que, antes, o problema era causado com a chuva, mas, por causa da falta de manutenção, tornou-se geral e perene. "Nos dias de chuva, as crianças não conseguem ir. Agora, nos dias de sol também não. O ônibus, em dia de sol, fica patinando e não consegue subir a estrada. É uma situação de calamidade pública."
O agricultor Élio da Silva tem dois filhos que utilizam o transporte escolar no assentamento. Segundo ele, são 15 km da sua casa até o colégio, distância que é intensificada em dias de chuva.
"É impossível ir a pé. Principalmente depois de um dia de chuva, né? A gente fica meio que de mão atada, porque sem o transporte não tem como levar as crianças. Porque a gente tem que trabalhar para manter a casa. Se a gente levar as crianças para a escola, não tem como botar comida para dentro de casa", relatou.
Silva afirmou que a sua esposa presenciou um acidente envolvendo um ônibus de transporte escolar. Por conta do lamaçal, o veículo quase virou. "Na segunda-feira, aconteceu um acidente. Quase que o ônibus tombou. Minha esposa teve que correr atrás para pegar a minha filha, porque, senão, poderia ter acontecido algum acidente com ela."
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura para saber a relação contratual com a empresa que opera o transporte na região, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
Soluções
O vice-prefeito garantiu que a partir deste sábado (27) equipes da Secretaria de Agricultura, em cooperação com as secretarias de Obras e Educação, irão ao local para resolver o problema nos pontos mais críticos, possibilitando, assim, a volta às aulas ainda na segunda-feira. Domingues salientou que já existem equipamentos prontos para o trabalho.
"Nós garantimos que no final de semana, ainda que em horário extraordinário, a Secretaria de Agricultura estará disponibilizando máquinas, equipamentos e o pessoal para dar atendimento nos pontos emergenciais, tudo para garantir que a trafegabilidade e o transporte escolar sejam retomados de forma tranquila e segura", iniciou.
"Uma máquina já está à disposição no local e, no sábado, os nossos caminhões, a máquina niveladora e o rolo compressor estarão à disposição para resolver, ainda que em caráter emergencial", concluiu.
Histórico
Em 2021, após um abaixo-assinado feito pelos moradores locais, o MPPR (Ministério Público do Paraná), o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e a Prefeitura se reuniram e chegaram a um acordo sobre as estradas do Eli Vive, oportunidade em que ficou firmada a municipalização dos 14 km citados. O restante está sendo abraçado agora pelo município, que já trabalha em projetos técnicos para a construção dos 93 km restantes.
A empresa vencedora da licitação que irá elaborar os projetos executivos é a Proato Engenharia LTDA, de Anápolis (GO). O contrato de R$ 220 mil foi assinado nesta quarta-feira. Com os projetos prontos, será possível contratar a execução.
