Foi realizada na manhã deste sábado (17) uma mobilização no Centro de Londrina em alusão ao Dia Nacional do Combate à Exploração de Crianças e Adolescentes, celebrado em 18 de maio. O Ato Público contou com a participação de autoridades, associações e institutos, além das próprias crianças e adolescentes, que caminharam do Calçadão até a Concha Acústica distribuindo panfletos para conscientização da comunidade.
A caminhada é parte das ações do Maio Laranja, e foi organizada pela SMAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), pelo CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e o Conselho Tutelar. Com o lema “Faça bonito, proteja as nossas crianças e adolescentes”, o objetivo é incentivar todos a denunciarem.
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Entre as autoridades presentes, estava o presidente do CMDCA, Cláudio Márcio de Melo, que explicitou dados obtidos pelo CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social). Só em 2024, foram mais de mil casos relacionados à violência contra a criança e o adolescente em Londrina. Destes, mais de 350 se tratam de violência sexual.
Mobilização da sociedade
“A gente precisa falar sobre isso. Os dados do ano passado mostram que isso é crescente e que é necessário que a sociedade se mobilize para que não aconteça mais. É claro que a gente sabe que existem limitações, mas não é só o dia 18 que nós temos que frisar. Temos que trabalhar isso todos os dias”, explica Melo.
Os dados locais são reflexo do cenário nacional. De acordo com o Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil 2024, relatório realizado pela Fundação Abrinq, ocorreram 57.698 notificações de violência sexual entre crianças e adolescentes de até 19 anos em 2023.
Como denunciar
Todos que presenciarem ou suspeitarem de algum caso de abuso, são incentivados a denunciar através do Disque 100 ou diretamente no Conselho Tutelar. Já para as crianças e adolescentes abusados ou explorados sexualmente, existe ainda um sistema de notificação do município dentro das escolas.
Para Márcio Teixeira, representante do Centro de Direitos Humanos no CMDCA, a denúncia é uma responsabilidade de toda a sociedade. “Os canais de denúncias são muito sérios e buscam garantir os direitos da criança e do adolescente contra o abuso sexual que, infelizmente, acontece dentro da própria casa na maioria das vezes”, afirmou.
A Conselheira Tutelar da sede Sul, Elen Luz, confirma a importância de que toda a sociedade se prontifique a denunciar.
“A criança e o adolescente são responsabilidades da sociedade, do estado, da família… Então, esse é um movimento para falar que a informação precisa chegar no Conselho Tutelar para que nós possamos aplicar as medidas de proteção”, diz Luz.
No entanto, ela argumenta que uma sexta sede do Conselho Tutelar seria necessária para atender as demandas, já que as denúncias têm crescido na cidade. Atualmente, existem 5 sedes no município: Norte, Sul, Oeste, Centro e Leste/Rural.
Como agir em casos de violência
Para além da conscientização dos adultos, o ato público é uma forma de ensinar às crianças sobre como agir em caso de violência. Thiago Souza, representante do Instituto Adama, conta que trabalha diariamente o tema com as crianças. A ideia é que elas tenham as ferramentas necessárias para compreender quando um abuso pode acontecer.
“A gente fala onde não pode tocar, quais cuidados ter com pessoas desconhecidas, entes, primos tios… Explicamos mesmo pra elas quando é permitido o toque, como no médico, e o que há de errado em falas como ‘É nosso segredo!” ou ‘Não fala para os seus pais’”, conta Souza.
Atividades
Além da caminhada, o ato contou com apresentações culturais e artísticas realizadas por crianças e adolescentes de diferentes instituições e serviços. As performances de música, dança, rimas, teatro e poesia chamaram a atenção de quem passava.
João Morato (65), conta que não sabia da mobilização, mas estava caminhando pelo centro e decidiu acompanhar. Para ele, atos como este são cruciais para a proteção das crianças e dos adolescentes - e devem acontecer todos os dias.
“A gente acompanha casos chocantes no mundo inteiro. Nós precisamos acordar, tomar consciência, porque eles têm que ser protegidos. Por isso, eu concordo com esses manifestos. Temos que vigiar e nos responsabilizar. Além disso, as crianças também precisam saber que isso é errado para denunciar”, finaliza.
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