Ao passar pela entrada do Terminal Rodoviário de Londrina, a mensagem é clara: o piso está molhado. Você pode pensar que se trata de uma limpeza ou de um usuário que derrubou o conteúdo de uma garrafa de água sobre o chão. Mas não é esse o caso. Entre domingo (12) e segunda-feira (13), a chuva acumulada na cidade foi de pouco mais de 80 milímetros, o que fez com que as goteiras tomassem conta da entrada da rodoviária.
Nesta quarta-feira (15), dois dias depois da última visita, a reportagem esteve no local novamente e pôde constatar que o cenário é o mesmo: a rodoviária segue pingando. Mesmo com o tempo estável e sem chuva desde a terça-feira (14), o chão está molhado e as gotas pingam do piso superior, onde estão localizadas as plataformas de embarque e desembarque.
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Além das placas indicando que o piso estava molhado, um balde também auxiliava a recolher a água. Em nota, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), responsável pela administração do Terminal Rodoviário de Londrina, confirmou que as goteiras vêm da laje que fica sob as plataformas 51, 52, 53, 54 e 55 e que, segundo a companhia, é a parte “mais afetada”.
As cinco plataformas foram interditadas nesta terça-feira e as linhas remanejadas para outras plataformas que estavam vagas, sem prejuízo ao serviço prestado pelas empresas e aos usuários. A CMTU detalha que o principal problema não é a circulação dos ônibus no local, mas sim aqueles que ficam estacionados ou manobrando entre as plataformas.
“Isso acaba colocando uma vibração que pode estar ajudando a comprometer uma parte daquela estrutura, isso em função da área de manobra e o peso desses veículos”, explica. Segundo a companhia, os ônibus atuais possuem 15 metros de comprimento, dois andares e vários eixos.
“Com a simples remoção daquelas plataformas é possível aliviar um pouco a pressão sobre a laje, o que pode reduzir a infiltração da água. Esta é a primeira solução paliativa para o caso”, complementa a nota. Entretanto, o CMTU aponta que o problema com as goteiras não vem exclusivamente do sobrepeso dos ônibus, já que existe ali um problema estrutural antigo e que persiste desde a inauguração da rodoviária, em 1988.
“Nunca foi realizada uma reforma efetiva com o objetivo de resolver definitivamente essa questão. De fato, o tráfego de ônibus pesados sobre as lajes das plataformas contribui para o agravamento do problema, mas não é sua causa principal”, aponta o município.
Medida emergencial
Como medida emergencial, a CMTU disse à reportagem que será feita uma tentativa de impermeabilização em alguns pontos no teto da entrada da rodoviária para “avaliar o comportamento da estrutura com essa intervenção”.
O trabalho deve levar, inicialmente, cerca de 40 dias para ser concluído, o que depende de alguns, alerta a companhia, como a diminuição do volume de chuva. “No entanto, é importante destacar que não há garantia de solução definitiva. A ação visa apenas reduzir os efeitos das infiltrações”, complementou a nota encaminhada pela CMTU.
Para muito além das goteiras, infiltrações e piso molhado, o Terminal Rodoviário de Londrina também enfrenta outros problemas relacionados, principalmente, ao tempo e à falta de uma revitalização nas estruturas. No banheiro feminino ao lado das escadas de acesso ao piso superior, a passagem do tempo está marcada nas paredes e nos vasos sanitários.
A maioria dos vasos estão amarelados e não possuem tampas para serem fechadas após o uso. Nas paredes, faltam azulejos e para dar descarga é necessário apertar uma espécie de parafuso, já que a parte externa da válvula de descarga não existe mais em quase nenhum dos banheiros. Além disso, algumas saboneteiras estão quebradas e parte da pedra das pias foi removida.
Apesar disso, o cheiro característico dos banheiros públicos não era dos piores. Era possível permanecer ali sem precisar prender a respiração. Uma funcionária da limpeza trabalhava no local enquanto a reportagem estava lá. O chão estava limpo e com papel higiênico em todas as cabines.
Do outro lado do jardim, os dois banheiros, tanto o masculino quanto o feminino, estavam fechados para manutenção. Pelo menos era o que dizia a placa em frente aos sanitários. Uma passageira reclamou da situação para a reportagem. Ela disse que são poucos banheiros na rodoviária, sendo que é necessário ficar “caçando”.
A CMTU disse que não há previsão e nem prazo para a publicação de edital para a revitalização da rodoviária.
Na avaliação da maioria dos usuários, a percepção é positiva, principalmente se comparada a outras rodoviárias espalhadas pelo Brasil. A aposentada Márcia de Souza, 61, afirma que não vê problemas “tão grandes” no Terminal Rodoviário de Londrina, já que o embarque e o desembarque funcionam bem. Quanto à estrutura, ela diz que não repara tanto, mas opina que o local merecia ao menos uma pintura.
Entre os comerciantes que trabalham na rodoviária, é possível sentir até mesmo um receio em falar dos problemas. A reportagem tentou ouvir alguns, mas a resposta era negativa e o conselho dado era o de “procurar a administração”.
De acordo com a CMTU, a rodoviária possui 32 lojas e outros três espaços comerciais, sendo que, no momento, 24 estão ocupados com prestadores de serviço, lojas, lanchonetes, sorveterias, caixas eletrônicos, fraldário, entre outros. Ao caminhar pelo saguão, é possível notar muitos estandes lacrados.