A ação policial do dia 29 de abril completa um mês nesta sexta-feira (29), e um movimento organizado a partir das redes sociais pretende realizar uma grande manifestação em Londrina para relembrar do episódio histórico. O protesto teve o horário alterado, das 17h para as 9h, e será feito em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato). A concentração ocorrerá no calçadão, em frente ao Banco do Brasil. Mais de duas mil pessoas já confirmaram presença no evento da manifestação criado no Facebook.
Os participantes, entre professores, alunos e representantes de outros setores públicos estaduais, têm a intenção de expor um mural com fotos do dia da repressão policial, discursar sobre o episódio e realizar uma marcha até a Concha Acústica. "Precisamos mostrar que estamos, apenas, reivindicando um direito básico nosso, e que o governo, quando se recusa a nos atender, demonstra descaso não só aos servidores, mas para com toda a população paranaense", argumentou o secretário da APP-Sindicato em Londrina, Antônio Marcos Gonçalves, em entrevista ao Bonde nesta quinta-feira (28).
O embate entre funcionalismo e poder público teve início em fevereiro deste ano, quando o Governo do Estado enviou um pacote de projetos de ajustes fiscais e corte de benefícios para ser apreciado pelos deputados na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Na época, os servidores, em greve, ocuparam o prédio do Legislativo para evitar que as propostas do chamado "pacotaço" fossem discutidas e aprovadas pelos parlamentares. Depois do episódio, o poder público recuou, mudou alguns pontos dos projetos, mas manteve a proposta de usar o dinheiro da previdência dos servidores para aliviar a crise financeira do estado.
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Os servidores, então, voltaram a entrar em greve e organizaram protestos mais massivos em Curitiba, principalmente no entorno da Assembleia Legislativa. A pressão, no entanto, já havia sido prevista pelo governo, que usou a Polícia Militar (PM) para cercar o prédio do Legislativo no dia 29 de abril e evitar que o local fosse novamente invadido pelos manifestantes. Protegidos pelos policiais, os deputados aprovaram as mudanças ao ParanaPrevidência no referido dia, apesar da repressão vista do lado de fora do prédio da Alep. Atingido por duas balas de borracha durante o cerco policial, o professor Marcos Antônio Gonçalves foi taxativo ao resumir o episódio histórico que deixou mais de 200 feridos: "A ação do dia 29 de abril não foi realizada para proteger o patrimônio público, mas para atacar os servidores", destacou.
De lá para cá, o Governo do Estado trocou os comandos da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Militar (PM) para tentar acalmar os ânimos dos servidores, e prometeu abrir o diálogo para discutir o reajuste salarial, o que não aconteceu. O poder público alega que não tem dinheiro em caixa para conceder os 8,17% de reposição reivindicados pelo funcionalismo. Proposta apresentada nesta semana prevê reajuste de 3,45%, parcelado entre setembro, outubro e novembro, e antecipação da data-base do próximo ano de maio para janeiro. "A proposta é retrocesso e a greve continua", garantiu Gonçalves.