O novo presidente da Londrina Iluminação, Renan Salvador, revelou em entrevista exclusiva à FOLHA que visa trabalhar pela modernização da cidade em sua gestão e, para isso, conta com a integração junto à CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) e ao CTD (Companhia de Tecnologia e Desenvolvimento) para avançar em projetos que envolvem luminárias e semaforização inteligentes e até mesmo fazer parte da rede elétrica subterrânea nos próximos anos.
Salvador destacou que a Londrina Iluminação passou por mudanças até mesmo em sua razão de existir, que inicialmente seria para modernizar o parque de iluminação da cidade, mas agora será mais uma ferramenta para tornar Londrina uma cidade inteligente.
Diagnóstico
Salvador explicou que a ideia da atual gestão foi potencializar a Londrina Iluminação e utilizá-la para outros projetos, visto que as instalações de LED nas luminárias foram 100% concluídas ainda na antiga gestão.
“Buscamos entender a visão e a missão da empresa, para onde ela iria, porque se o papel era modernizar a iluminação pública, ela já tinha feito, foi um sucesso. Hoje temos um parque 100% LED. A partir de então, não precisaria ter tanta demanda, apenas a manutenção do parque. Quando a gente chegou com essa administração, orientados pelo prefeito Tiago Amaral, precisamos entender o que poderia ser feito para potencializar na Londrina Iluminação”, destacou ele.
“Houve projetos ventilados antes para que as luminárias de LED fossem inteligentes, mas não ocorreu, já poderiam ter sido instalados, como várias outras cidades fazem, fazer a modernização, trocar o vapor de sódio e mercúrio por LED, já com a tecnologia inteligente. Londrina só colocou a luminária Então, a ideia que encontramos foi a projeção de fazer a telemedição, além da iluminação pública. Integrar junto com o Fabrício (Bianchi, da CMTU) e o Roberto (Moreira, do CTD). Essas três empresas serão responsáveis por elevar Londrina a outro patamar de cidade inteligente”, indicou Salvador.
“A equipe de transição pensou soluções além da iluminação pública para manter a sustentabilidade da empresa, mas ainda projetos incipientes, então pegamos a Londrina Iluminação com falta de caixa, por exemplo, porque não tinha mais a demanda de modernização das luminárias. Tivemos que correr para fazer projetos para a entrada de recursos, não necessariamente o aporte da prefeitura, mas com novas prestações de serviços para sustentar a empresa. A prefeitura está contingenciando e isso reflete nas empresas públicas, que tem que se sustentar, não tem verba da prefeitura vindo. A prefeitura paga a gente em contratação de serviços."
O faturamento total da Londrina Iluminação no ano passado foi de R$ 37,5 milhões, com lucro líquido de R$ 43,8 mil. A previsão para 2025 é de faturamento de R$ 30,8 milhões com lucro de R$ 815,6 mil. A empresa pública conta atualmente com 88 funcionários, sendo eles 54 concursados, 20 comissionados, 11 temporários e três terceirizados.
Telemetria
Modernizar e levar tecnologia às luminárias é um dos trabalhos a serem executados pela nova gestão da Londrina Iluminação. Por isso, um dos projetos é promover a telemetria nos equipamentos, que é uma tecnologia que permite a coleta, análise e transmissão de dados de forma remota. Segundo ele, seria o primeiro passo na melhora da iluminação pública.
“Veio um edital do Finep para iluminação pública e Londrina submeteu com o apoio do Senai. Fomos um dos cinco vencedores em nível nacional para fabricar essa tecnologia. Vai ser desenvolvido junto ao Lactec (Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento) de Curitiba. Eles estão desenvolvendo o hardware e o Senai o software. Estamos um pouco atrasados, mas vamos fazer acontecer. Os benefícios são ter controle 100% do parque tecnológico. Vou conseguir na minha central de operações ligar e desligar, fazer a medição do consumo, fazer a dimerização, que é reduzir a iluminação em locais sem movimento, reduzindo a conta de energia e aumentando a vida útil do equipamento. A hora que a pessoa entrar na rua, subo a iluminação para o nível adequado. A expectativa é colocar cerca de 2.500 luminárias tecnológicas na fase inicial, no lote inicial, no próximo ano. Estamos indo para lá acelerar isso, trazer ainda no primeiro semestre”, seguiu ele, que revelou que o valor do projeto, entre Senai, Lactec, e a contrapartida da Londrina Iluminação, foi de R$ 6 milhões.
"Já entendemos que é a falta de informação o principal problema. Não tem como ter uma decisão estratégica sem ter dados eficientes. Estamos criando projetos agora para isso. Também teremos atendimentos junto ao CTD pelo 156 ao cidadão, porque hoje isso é um problema, não saber para onde ligar, a quem avisar."
Cabos subterrâneos
Um plano de “médio e longo prazo” revelado por Salvador é a limpeza e tornar parte da rede elétrica subterrânea. Segundo ele, os estudos já estão ocorrendo.
“A quantidade de cabos espalhados e cortados compromete a estética da cidade. Estamos seguindo um projeto estruturante e integrado com várias secretarias e órgãos reguladores. Iniciamos esse projeto para que não fosse apenas mais do mesmo, ou seja, não se tratasse apenas da limpeza de cabos. Estamos dialogando com todas as empresas de telecomunicações, com a Copel e com órgãos como a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Estamos reunindo essas entidades para transformar Londrina em um case de sucesso na organização e limpeza da fiação. Além da remoção dos cabos excedentes, nossa visão de médio e longo prazo inclui o enterramento da fiação em algumas vias, visando a melhoria visual da cidade. Temos tecnologia para isso, e agora estamos analisando os custos e os locais estratégicos para implantação desse modelo. É algo viável. Não estamos reinventando a roda", garantiu Renan Salvador.
"Cidades como Barcelona, Nova York e Buenos Aires já passaram por esse processo, migrando de redes aéreas para redes subterrâneas. A estratégia é que a Londrina Iluminação se torne especialista nesse tipo de serviço. Já iniciamos os estudos e a integração entre os órgãos responsáveis. Sozinhos, não conseguimos avançar. Se a Prefeitura simplesmente decidir enterrar a fiação sem um alinhamento com outras entidades, os custos podem ser muito altos e o processo pode ser interrompido. Por isso, esse é um movimento de articulação para estruturar um projeto eficaz, que resolva o problema de forma definitiva. As movimentações já começaram, e o projeto está em andamento. Em breve, iniciaremos a melhoria visual da cidade, começando pelo centro. Durante os quatro anos, entregaremos algumas vias com a fiação subterrânea."
Continue lendo na Folha de Londrina: