Morador há cerca de quatro décadas da Avenida Jockei Club, na zona oeste de Londrina, o aposentado Josué Gonçalves aguarda, há algumas eleições municipais, a iluminação na Rua Francisco Alves, próximo ao cruzamento onde vive. “Eu espero desde a eleição de um candidato, quando vieram, prometeram, mas, nunca saiu”, conta. Mas, foi na campanha em que foi eleito quem? “Acho que era o Edson, o candidato”, diz ele, confundindo com Nedson Micheletti (PT, 2001-2008).
Desde então, a região cresceu. Ganhou condomínios e até um campus universitário, da PUC (Pontifícia Universidade Católica). E, se depender da Londrina Iluminação, deve ganhar postes com luzes LED em breve.
A promessa tem como base um acordo com a Copel para agilizar e expandir a rede de energia elétrica de Baixa Tensão (BT) em ruas e avenidas de Londrina sem iluminação, a um custo de pouco mais de R$ 8 milhões para a ex-estatal. O plano abrange 20 quilômetros em 16 trechos de vias em áreas rurais ou limítrofes e tem prazo de validade de 24 meses.
Para assumir o serviço, a Londrina Iluminação firmou um contrato especial por meio da Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação. Entretanto, cada projeto de expansão vai precisar da aprovação técnica da Copel, que é a concessionária responsável pela distribuição de energia no município, para sua execução.
Uma vez feito o projeto e juntadas outras documentações, técnicos da Copel passarão a fazer a análise dentro de um cronograma próprio. Os profissionais da Londrina Iluminação, que fazem os projetos e executam os serviços, já têm a habilitação necessária para implementar as novas redes.
Um projeto piloto já foi executado pela Londrina Iluminação em um trecho de 1,8 km entre o Distrito do Espírito Santo e a localidade conhecida como “Venda dos Pretos”, na Rodovia Mábio Gonçalves Palhano (PR-538, na zona sul). Os serviços, que contemplam ainda a instalação de 53 luminárias LED, foram concluídos e já estão em funcionamento.
Criada no governo de Alexandre Kireeff (2013-2016) ainda sob as hostes da Sercomtel, a Londrina Iluminação surgiu com o intuito de modernizar o parque de iluminação pública londrinense, explica o presidente da companhia municipal, Claudio Tedeschi. Essa modernização se dá com a troca dos braços, soquetes e lâmpadas por modelos LED, que iluminam mais e são mais econômicos. Já a colocação dos postes é ainda é responsabilidade da Copel, assim como a ligação a imóveis.
Após trocar a iluminação já existente por LED, Tedeschi explica que o convênio vem para atender estradas e pequenos trechos intermediários entre a zona urbana e rural ou áreas de expansão urbana. Assim como o já implementado na “Venda dos Pretos”, há projetos aprovados para as ruas Francisco Alves e Paulo Novaes da Silveira (zona oeste) e na alça da Avenida Brasília para a Avenida Dez de Dezembro, no sentido Ibiporã-Londrina (zona leste).
Assaltos, drogas e descarte de lixo
Na rua atrás da PUC, Josué Gonçalves espera que a iluminação, em um pequeno trecho ladeado por propriedades rurais, reduza a criminalidade, o uso de drogas e o descarte irregular de lixo. “Ali atrás, sempre assaltam os ‘camaradinhas’”, afirma, ao se referir aos transeuntes e aos veículos, que ficam estacionados ou passam pela via enquanto o acesso pela Avenida Tiradentes está fechado devido à obra de construção de um viaduto.
“Nós fizemos o pedido há muito tempo atrás, entregamos abaixo-assinado, e disseram que iam fazer. Mas, era época de eleição e, depois, ninguém deu as caras. Tomara que façam agora”, torce o morador.
Na Rua Paulo Novaes da Silveira, no Jardim Sabará 3, o trecho a ser beneficiado são cerca de 450 metros de via, entregues há pouco tempo no limite municipal com Cambé, que fica do “outro lado” da via. “Nós estamos aqui (na Rua Hermes da Fonseca, em Cambé) desde 1989. Foram mais de 30 anos até entregarem a duplicação”, afirma o casal Aparecida e Evandro Matos de Araújo, proprietários de uma quitanda.
Do “lado londrinense”, a via recém-executada contempla um supermercado recém-construído, mas o projeto viário permitiu a criação de uma avenida de mão dupla, com duas pistas cada, que facilitou o fluxo de veículos. Porém, enquanto o lado cambeense conta com iluminação, o trecho londrinense fica às escuras à noite.
“À noite, fica muito escuro do outro lado, que tem terrenos baldios. É perigoso para trabalhadores, como funcionários de shoppings, e estudantes que chegam depois das 22h e descem à pé da rodovia para o bairro”, diz o funileiro José Diniz, conhecido na região como “Índio da Oficina”.
De acordo com ele, a iluminação vai beneficiar tanto essas pessoas quanto fieis de duas igrejas que ficam do lado da via em Cambé e também transitam no horário noturno. “Com iluminação, deve melhorar tanto para eles quanto para o trânsito, porque saem várias pequenas colisões por aqui. E, além da luz, deviam colocar redutores de velocidade”, aproveita para pleitear o trabalhador, que vive de consertos de latarias.