Londrina entrou em estado de emergência devido à baixa umidade do ar registrada na tarde desta quarta-feira (10). De acordo com a agrometeorologista Heverly Morais do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná), o município anotou mínima de 11%, um dos piores números já registrados na história.
Segundo ela, a marcação foi feita entre as 15h e 18h, que é, comumente, a pior faixa horária quando o assunto é baixa umidade relativa do ar. Na escala de criticidade do instituto, 30 a 20% de umidade requer estado de atenção, 19% a 12% alerta e 11% ou menos alerta máximo de emergência.
"Esse registro em Londrina ontem (10), que provavelmente se repetirá hoje (11), aconteceu no fim da tarde. É importante, nesse horário, consumir muita água e evitar o sol, porque a temperatura deve ultrapassar os 33ºC", explica Morais.
A agrometeorologista adverte, entretanto, que a porcentagem mínima anotada não se estendeu durante todo o dia. Na quarta-feira, por exemplo, a média do dia completo registrada foi de 36% de umidade, o que não atenua a gravidade da situação. "Esse número já é ruim como mínima, imagina como média. Desde o dia 8 [de setembro], a situação está bem crítica", diz.
Até o momento, a média de umidade do ar em setembro é de 48%, número bem abaixo dos 63% registrados no histórico do mês. Vale destacar que, dos 10 primeiros dias de setembro, metade marcou média inferior a 40%. Agosto, apesar de ter resultados melhores que o mês subsequente, ficou 5 pontos percentuais abaixo da média histórica, que é de 62%.
O fenômeno também causa transtornos durante a noite. Segundo Morais, é comum que a umidade chegue a 100% no período noturno, o que não tem sido visto nos últimos dias.
"À noite não está acontecendo a condensação do orvalho. Você pode reparar que a grama amanhece seca e os veículos não amanhecem molhados, por exemplo. Na madrugada, a umidade deveria chegar a 100% e hoje não passou de 70%. Não tem água no ar." Por volta das 14h desta quinta-feira (11), a umidade do ar em Londrina, de acordo com o instituto, estava em 18%, longe dos 60% considerados saudáveis.
Falta de chuva
A principal causa da baixa umidade é a ausência de chuva. Londrina está em um dos períodos de estiagem mais longos dos últimos anos. Segundo o IDR-PR, são quase três meses sem chuvas consideráveis no município. A última que passou por Londrina ocorreu em 15 de junho, quando foram marcados 25,6 mm.
Contabilizando as isoladas, em agosto choveu 7,6 mm. A média histórica é 56,2 mm. Em julho o cenário foi um pouco melhor, mas ainda preocupante, com 23 mm de chuva (média histórica de 66,7 mm).
Até agora, setembro marcou 0 mm de chuva, o que destoa da média histórica de 110 mm. Segundo Morais, existe a previsão de chover 5 mm na próxima terça-feira (16), o que, para ela, pode "facilmente" não acontecer. "Quando há registro de uma chuva isolada no meio de dias secos, é muito difícil que se concretize."
Nas ruas de Londrina
A reportagem esteve no Centro de Londrina no horário sinalizado pelo IDR como o mais crítico em relação à baixa umidade do ar. A aposentada Juraci Pereira, 66 anos, que precisou sair da sua residência na Vila Casoni (Centro) para ir aos Correios, na avenida São Paulo, relata dificuldade na caminhada.
"Eu notei que o tempo está mais seco. O meu nariz fica sempre seco e eu tenho que tomar banho na água quente para melhorar a respiração. É por causa desse tempo abafado", supõe. "Está ruim para andar. Eu tenho dificuldade para caminhar e, para piorar, esqueci a garrafinha."
Se a pressa a fez sair às ruas desprevenida, em casa os cuidados são redobrados. "Para melhorar, eu passo spray natural e tomo xarope feito com casca de mexerica e cravo e muita água. Tomo para limpar os pulmões. Além disso, pego uma toalha molhada à noite, penduro e ligo o ventilador bem baixinho", afirma Pereira.
A servidora federal aposentada Geni Rodrigues, 66 anos, não sai de casa sem estar duplamente preparada - com garrafa de água reserva - para enfrentar o calor e a baixa umidade. Dentro de casa, ela também é adepta da prática de colocar panos molhados para melhorar a respiração. Ela conta que os últimos dias têm sido difíceis por causa do fenômeno. "Senti ardência nas minhas narinas. Quando eu suspiro, é como se fosse ressecando [o nariz]", relata.
Rodrigues tem opinião formada sobre os motivos para o período seco e não tem expectativas de melhoras no futuro. "Eu acho que a gente precisa se adaptar, né? Porque nós que derrubamos as árvores. Estou segura que é um reflexo do desmatamento. Agora é assim: aceita que dói menos", critica.
Como se precaver
Segundo Elias Ribeiro, médico especialista em cirurgia torácica da Unimed, as pessoas devem evitar sair de casa nos horários mais críticos. Ele destaca que, combinados com o tempo seco, os raios solares podem piorar os sintomas.
"Quem não tem incumbência maior em sair de casa, deve evitar entre as 10h e 17h, que é um período em que a umidade do ar está pior, também por causa da incidência solar, que afeta principalmente a via aérea superior."
O tempo seco, de acordo com o médico, também aumenta a proliferação de vírus no ar, o que pode causar infecções nas vias aéreas e problemas como sinusite, rinite, faringite, amigdalite e laringite. A baixa umidade do ar pode ser atenuada por meio de vários métodos caseiros.
"Há várias maneiras. O próprio organismo das pessoas, se elas se mantiverem bem hidratadas, ajuda nisso, quando tomam uma quantidade acima do normal de água, em torno de 3 litros por dia, para ter uma boa hidratação da mucosa da via aérea."
Segundo Ribeiro, panos umedecidos ajudam no processo ao serem colocados na cabeceira da cama, assim como aparelhos umidificadores de ar quando ligados de 3 a 4 horas por dia. Fazer inalação e bacias com água também são eficazes, mas o médico adverte: "Isso ajuda a melhorar, mas é um risco muito grande, principalmente à noite, porque há riscos de acidentes."
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