Londrina deve perder milhares de habitantes até 2050, apontou a Projeção Populacional Urbana e Rural dos Municípios Paranaenses do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), divulgada nesta segunda-feira (2) pela Secretaria Estadual do Planejamento. De acordo com os dados, o município terá um aumento populacional até 2037 e, a partir do ano seguinte, perderá habitantes.
Como base de dados, foram utilizadas a população residente total, segundo situação do domicílio, obtidas nos Censos Demográficos de 2010 e 2022, realizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e a população total oriunda das Projeções por Sexo e Idade dos Municípios do Paraná (2025-2050), elaboradas anteriormente pelo Ipardes.
A projeção traz um panorama anual da expectativa de moradores de todos os municípios do estado até a metade do século XXI. Em 2025, Londrina aparece com 579,5 mil pessoas, sendo apenas 2,8% da zona rural. Cinco anos depois, em 2030, o município deve chegar aos 590,7 mil habitantes. A tendência de crescimento segue até 2037, quando a cidade deve chegar ao seu auge, com 596,7 mil moradores.
Quando comparada a população de 2025 e 2050, a redução foi de 0,45%, saindo de 579,5 mil a 576,9 mil pessoas. Confira a lista a seguir:
2025 - 579,5 mil habitantes
2026 - 582,3 mil
2027 - 584,9 mil
2028 - 586,9 mil
2029 - 588,8 mil
2030 - 590,7 mil
2037 - 596,7 mil (+2,97% em relação a 2025)
2040 - 595,4 mil
2045 - 588,9 mil
2050 - 576,9 mil (-0,45% em relação a 2025)
Nos 25 municípios da Região Metropolitana de Londrina, apenas sete deverão apresentar crescimento populacional a longo prazo. Os destaques foram as cidades de Sabáudia, com quase 80% de aumento; Jaguapitã, que deve ultrapassar os 20 mil habitantes em 2050 e Rolândia, com a expectativa de quase 100 mil pessoas até a metade do século.
Porecatu (-41,66%), Tamarana (-34,25%) e Rancho Alegre (-29,76%) serão as que mais perderão habitantes. Se a projeção se cumprir, Rancho Alegre, por exemplo, perderá cerca de mil dos pouco mais de 3 mil moradores que dispõe. Confira a lista completa a seguir:
1. Arapongas — 124.834 (2025) → 133.859 (2050) — +7,23%
2. Cambé — 111.477 (2025) → 111.749 (2050) — +0,24%
3. Rolândia — 76.409 (2025) → 99.588 (2050) — +30,37%
4. Ibiporã — 53.034 (2025) → 49.591 (2050) — -6,48%
5. Jaguapitã — 16.036 (2025) → 21.135 (2050) — +31,79%
6. Sertanópolis — 16.146 (2025) → 14.308 (2050) — -11,37%
7. Bela Vista do Paraíso — 14.877 (2025) → 12.238 (2050) — -17,73%
8. Assaí — 13.377 (2025) → 8.250 (2050) — -38,34%
9. Florestópolis — 11.599 (2025) → 10.135 (2050) — -12,62%
10. Jataizinho — 11.910 (2025) → 10.168 (2050) — -14,61%
11. Porecatu — 11.195 (2025) → 6.530 (2050) — -41,66%
12. Tamarana — 10.473 (2025) → 6.884 (2050) — -34,25%
13. Alvorada do Sul — 10.473 (2025) → 9.261 (2050) — -11,56%
14. Uraí — 10.261 (2025) → 7.345 (2050) — -28,41%
15. Primeiro de Maio — 9.984 (2025) → 7.303 (2050) — -26,83%
16. Sabáudia — 9.725 (2025) → 17.393 (2050) — +78,87%
17. Centenário do Sul — 10.843 (2025) → 8.592 (2050) — -20,75%
18. Sertaneja — 5.615 (2025) → 4.497 (2050) — -19,89%
19. Lupionópolis — 4.925 (2025) → 4.816 (2050) — -2,21%
20. Guaraci — 4.735 (2025) → 3.682 (2050) — -22,24%
21. Prado Ferreira — 3.824 (2025) → 3.975 (2050) — +3,95%
22. Rancho Alegre — 3.454 (2025) → 2.426 (2050) — -29,76%
23. Pitangueiras — 3.139 (2025) → 3.222 (2050) — +2,64%
24. Miraselva — 2.008 (2025) → 1.938 (2050) — -3,49%
Tendência mundial
O diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado, em entrevista ao Portal Bonde, esclareceu que a perda de habitantes é uma tendência mundial devido ao envelhecimento da população. "Há uma tendência de crescimento até 2045 e depois há uma queda por uma questão da estrutura etária da população estar estabilizada. Nós vamos ter um número maior de idosos e consequentemente poderemos ter mais óbitos do que nascimentos."
Segundo ele, a projeção pode ser revertida por meio de um fluxo migratório positivo, com mais pessoas se deslocando ao município para trabalhar ou estudar. O fato de Londrina ser uma cidade universitária pode ser um fator considerável para essa mudança nas expectativas, garantiu o diretor.
"Londrina tem um capital humano diferenciado, pois há muitos pontos de inovação, como a UEL (Universidade Estadual de Londrina), as demais universidades e muitos serviços importantes". Ele também ressaltou que o município também é destaque no estado em população urbana. "Há uma surpresa positiva pela taxa de urbanização. Esses 97% de urbanização estão acima da porcentagem do Paraná, que deve chegar a 94% em 2050. Hoje, o Paraná tem 89%. Isso ocorre por causa do aumento de tecnologia no campo e a verticalização da agricultura", explicou.
Sobre o crescimento populacional dos municípios da Região Metropolitana de Londrina, Callado salientou que muitas pessoas os procuram para moradia, mas com o objetivo de trabalhar ou estudar em Londrina ou nas grandes cidades que compõem a região. "A criação de postos de trabalho e o grau de industrialização podem explicar o fluxo migratório para essa região baseado no entorno, até em função do custo de vida, que é maior nas cidades principais."
O diretor-presidente do Ipardes destacou, entretanto, que os dados divulgados nesta segunda não devem ser tratados com preocupação ou comemoração por parte dos municípios, mas sim como uma base para se planejar para atender a população de uma maneira mais eficiente.
"Os municípios devem ter estrutura de atendimento nas áreas de saúde, educação, saneamento e proteção ambiental para fazer essa adequação de acordo com o fluxo, que pode aumentar ou reduzir. Esta [projeção] é uma ferramenta para os municípios. O mais importante é a qualidade de vida, porque, às vezes, a população é menor, mas pode haver um maior valor agregado em produção e tecnologia."
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