Será julgado nesta terça-feira (25), no Tribunal do Júri de Londrina, o homem acusado de matar a ex-sogra, Cibele de Assis Santos, de 45 anos, no conjunto Vista Bela (Zona Norte), em 30 de novembro de 2024. O réu, Diego Pereira Granada, responde por feminicídio qualificado, vias de fato e ameaça contra a ex-companheira, além de porte ilegal de arma. Ele está preso preventivamente desde o dia do crime.
De acordo com a denúncia do MPPR (Ministério Público do Paraná), Diego matou a ex-sogra com um tiro no peito após uma discussão com a ex-mulher, Ketelin - filha da vítima - na garagem da residência da família. O crime aconteceu diante de três filhos de Cibele - um deles de 11 anos - quatro netos e outras duas crianças. O MPPR aponta que o acusado agiu em contexto de violência doméstica e familiar e lista agravantes como o crime na presença de crianças, a impossibilidade de defesa da vítima e o fato de ela ser responsável por um menor.
O caso ganhou repercussão à época. Logo após o crime, Diego fugiu em uma motocicleta e foi localizado horas depois por equipes da Polícia Militar, no Parque das Indústrias (Zona Sul). Ele estava armado com a pistola usada no homicídio e confessou o disparo à Polícia Civil. Na ocasião, alegou que havia ido até a casa da ex-companheira para buscar um veículo e que teria reagido após ser “segurado” pela vítima. Também afirmou que costumava andar armado porque trabalhava retirando leite no campo.
As investigações, no entanto, apontaram histórico de agressões, ameaças e controle no relacionamento de um ano e cinco meses com Ketelin. No dia do crime, Diego teria desferido uma coronhada na ex-companheira antes do disparo que atingiu Cibele, que tentou impedir sua entrada na garagem. Ele negou as agressões e afirmou que o tiro foi acidental.
O julgamento ocorre exatamente 360 dias após o feminicídio. O caso será o primeiro na comarca de Londrina a ser julgado com base na Lei 14.994/2024, que transformou o feminicídio em crime autônomo e ampliou agravantes e penas.
Para o Néias (Observatório de Feminicídios de Londrina), a celeridade no julgamento é fundamental para garantir resposta efetiva às famílias e para fortalecer a confiança no sistema de justiça. O caso de Cibele evidencia, mais uma vez, o impacto multigeracional da violência de gênero e a necessidade urgente de políticas públicas que protejam mulheres e rompam ciclos de agressões.
“A defesa da vida das mulheres exige que o Estado atue com rapidez, responsabilidade e firmeza. O julgamento de Cibele simboliza a busca por justiça, mas também um chamado para que nenhuma outra mulher seja vítima dessa violência anunciada”, destaca o Observatório.