No início da década de 1970, quando foi aberta a sapataria que funciona em uma pequena sala comercial na rua Pará, na região central de Londrina, Odilon Pereira da Silva Filho, 47, nem era nascido. Mas 50 anos depois, é ele quem leva adiante o negócio e mantém vivo o ofício cuja oferta é cada vez menor apesar da alta demanda.
Silva comprou o pequeno negócio do antigo dono, que se aposentou em 2017. Ficou com a carteira de clientes e conquistou outros tantos. “Aprendi aos 13 anos. Comecei fabricando botinas. Trabalhei por oito anos em uma fábrica de costura. Com conserto de sapatos, comecei em 2000, aqui em Londrina. Trabalhei primeiro como funcionário em uma sapataria até vir para esse endereço”, relembrou.
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Nesses 25 anos, Silva especializou-se em dar jeito ao que já parecia perdido e a devolver o ritmo a quem vinha perdendo o compasso. Nas prateleiras, calçados baratos, produzidos em grande escala na China, dividem espaço com modelos de grife, avaliados em alguns milhares de reais. Mas ele também conserta bolsas, malas e outros itens que para seguirem cumprindo sua função dependem da habilidade do sapateiro.
Na sapataria, não tem distinção de classe. O solado que vai prolongar a vida do sapato do trabalhador é feito do mesmo material que vai dar maior firmeza à sandália de salto alto que circula por festas elegantes. Da classe A à classe D, Silva atende todos. Para cada cliente que chega, ele avalia, dá o veredito e estipula o preço e o prazo para a entrega do serviço. Movimento que se repete dezenas de vezes, todos os dias.
Em um tempo em que os produtos são facilmente descartados e rapidamente substituídos, o trabalho de Silva ainda encontra muito espaço. “Não vai acabar essa profissão, não. Mas também não conheço nenhum sapateiro mais jovem do que eu. Vou ver se eu ensino meu filho, mas ele tem 12 anos, por enquanto não se interessa.”
“Sempre tem quem precisa de algum reparo. Sapatos novos que precisam ser adaptados para um melhor conforto, outros que saem da loja do shopping e vêm direto para cá para colocar uma sola que não faça barulho. Outro dia, peguei um sapato de uma grife italiana, veio da Itália, a cliente pagou R$ 4 mil, mas ela queria cortar a ponta e não achava quem fizesse o serviço. Eu fiz para ela. Mas também faço consertos que ficam mais caros que o sapato”, contou.
Leia a reportagem completa na Folha de Londrina: