No ano passado, morreram 153 pessoas que trabalham na colheita de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto, segundo denúncia feita pelo Relatório Nacional de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais e Culturais, lançado esta semana. A causa da morte dos bóias-frias, como são conhecidos, é o trabalho exaustivo em condições precárias.
"Os trabalhadores não têm água potável, equipamentos de primeiros socorros, ambulância. Eles freqüentemente desmaiam e têm desidratação. Moram em alojamentos precários sem nenhum tipo de condições habitáveis", conta Candida da Costa, relatora de direito ao trabalho da publicação.
No ano passado, ela visitou as cidades da região de Ribeirão Preto, noroeste paulista, para investigar as condições denúncias de morte de cortadores de cana de açúcar. Constatou casos de morte súbita, que eram diagnosticados como morte por acidente cardiovascular cerebral e parada cardio vascular, sem registrar, no óbito, a ligação com o trabalho excessivo.
Leia mais:
IDR Paraná e parceiros realizam Show Rural Agroecológico de Inverno
Quebra de safra obriga Santo Antônio da Platina a cancelar Festa do Milho
Paraná: queda no preço de painel solar estimula energia renovável no campo
AgroBIT Brasil 2022 traz amanhã soluções tecnológicas para o agronegócio
Mas, segundo Candida, há essa ligação. Um dos motivos que embasam sua denúncia é que os trabalhadores que morreram eram relativamente jovens, entre 20 e 45 anos. "Sem histórico de problemas cardiácos", explicou Candida, que também é professora da Universidade Federal do Maranhão.
O estudo A saúde no campo: das políticas oficiais à experiência do MST e de famílias bóias-frias, do biólogo Fernando Ferreira, aponta que, em Unaí, interior mineiro, os bóias-frias sofrem duas vezes mais fome que os trabalhadores rurais sem-terra.
Agência Brasil