O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, pediu ao governo federal a liberação de recursos para agilizar o escoamento dos estoques de milho da segunda safra de 2009 e de trigo da safra passada. As constantes quedas no preço estão prejudicando a comercialização desses produtos e criando situações difíceis para os produtores rurais.
Nesta segunda-feira (10), Bianchini encaminhou oficio aos Ministérios da Agricultura, Planejamento, Fazenda e à presidência da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) solicitando medidas emergenciais para dar equilíbrio ao mercado.
A iniciativa foi adotada pelo secretário depois de reunião com produtores e cooperativas do Paraná que alertaram a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) sobre as atuais condições de mercado.
Participaram da reunião os representantes das Federações da Agricultura do Paraná (Faep), dos Trabalhadores Rurais na Agricultura do Paraná (Fetaep), Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e da superintendência da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), que assinaram ofício com o secretário da Agricultura.
Para Bianchini, essas medidas são de fundamental importância, considerando que no Paraná, de acordo com as pesquisas realizadas pela Conab e pelo Departamento de Economia Rural (Deral), estima-se um crescimento de 9% na área cultivada com trigo este ano em relação ao ano passado e uma produção prevista de 3,37 milhões de toneladas, que, se confirmada, será 5% maior que a colhida no ano passado.
Para o milho, da produção da safra normal de verão de 6,5 milhões de toneladas, a preocupação é que foram vendidas apenas 70% dessa safra. Para agravar a situação, estão entrando no mercado mais 4,7 milhões de toneladas da segunda safra, sendo que foram vendidas apenas 10%. O restante se juntou aos estoques remananescentes da primeira safra para deprimir os preços mantendo-os abaixo do preço mínimo de garantia, que é de R$ 16,50 a saca.
Segundo Bianchini, o Paraná tem estoques de trigo avaliados em 700 mil toneladas - sendo 340 mil toneladas da safra 2008 e ainda não vendida pelos produtores - e mais 360 mil toneladas do grão em estoques do governo federal, ocupando espaços nos armazéns.
Para o milho, estima-se estoques de 6,3 milhões de toneladas, sendo aproximadamente 2 milhões de toneladas remanescentes da safra passada e cerca de 90% da segunda safra de milho, que corresponde a 4,3 milhões de toneladas que ainda não foram vendidas.
Hoje o preço médio pago pelos atacadistas aos produtores é de R$ 27,46 a saca de trigo e de R$ 15,12 a saca de milho. O secretário teme uma piora nessas cotações com o aumento da oferta com a entrada no mercado da produção de trigo da safra 2009 e do trigo que está sendo importado nessa época do ano.
A mesma situação ocorre com o milho. Está avançando a colheita do milho safrinha no Paraná ao mesmo tempo em que está entrando no mercado a produção vinda da região Centro-Oeste do País.
PEDIDOS - A principal reivindicação das entidades é a implementação de instrumentos de política agrícola como o Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), Aquisição do Governo Federal (AGF) e Contratos de Opções para as duas culturas.
O documento encaminhado pela Seab pede a realização imediata de PEP para 200 mil toneladas de trigo da safra passada e continuidade dos leilões de Valor para Escoamento de Produto – VEP, para desocupar rapidamente os armazéns da Conab.
Para a safra atual de trigo, que começa a ser colhida este mês, a Seab pede a liberação de recursos para AGF de 500 mil toneladas do grão, a partir de setembro de 2009. A partir de janeiro de 2010, mais leilões de PEP para escoamento de outras 500 mil toneladas. Também a partir de janeiro de 2010, a realização de leilões de Contrato de Opção para venda de novo lote de 500 mil toneladas, totalizando auxílio para o escoamento de 1,7 milhão de toneladas de trigo entre as duas safras.
Em relação ao milho, a Seab pede a intervenção do governo federal para compra de 200 mil toneladas, via AGF, e a realização de PEP para 300 mil toneladas por semana até completar um volume de 1,5 milhão de toneladas, que podem ser destinadas para os mercados interno e externo.