A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) quer fortalecer o apoio e a assistência técnica à meliponicultura, que é a criação de abelha sem ferrão, para ampliar a produção desse tipo de mel no Paraná. Além de contribuir com a preservação do meio ambiente, porque a abelha é nativa, o mel é o mais indicado para uso terapêutico.
Para o secretário Valter Bianchini, trata-se de um segmento de grande potencial no Estado, porque alia a rentabilidade econômica à preservação do meio ambiente e à biodiversidade. Bianchini defendeu a importância de ampliar o número de apicultores que trabalham com abelhas nativas no Paraná.
Esse compromisso foi assumido nesta sexta-feira (28), durante abertura do I Seminário Paranaense de Meliponicultura, realizado na Emater-PR, em Curitiba. Participaram do encontro o presidente da Emater-PR Arnaldo Bandeira, e o coordenador do Projeto Paraná Biodiversidade, Erich Schaitza. O seminário discutiu os gargalos da produção, legislação, criação, manejo e extração destas abelhas da natureza. Os resultados serão encaminhados à Secretaria para formulação das políticas públicas.
Além da produção, o encontro discutiu o uso terapêutico dos diversos tipos de mel produzidos por abelhas sem ferrão, ainda desconhecidos do grande público. O médico homeopata Javier Gamarra, um dos entusiastas do uso do mel proveniente dos meliponíneos, explicou a importância do uso desse produto para a cura de doenças cardíacas, problemas decorrentes do alcoolismo, anemias, fígado, reequilíbrio do sistema metabólico para os diabéticos, sistema nervoso, respiratório e muitos outros.
Para Bianchini, é importante discutir os avanços da produção de mel sem comprometer a biodiversidade, principalmente num momento em que a agricultura está sendo obrigada a conviver com os organismos geneticamente modificados (OGMs). "É fundamental o envolvimento dos produtores com esse tema, que pode comprometer o trabalho deles", lembrou o secretário.
Bianchini disse que a Seab quer firmar parceria com os produtores de mel no Estado porque apoiar a criação de abelhas sem ferrão também é trabalhar para a inclusão social, onde os pequenos produtores podem ter mais espaço e vida digna, além de contribuir com a preservação da biodiversidade.
O secretário recomendou aos participantes do encontro a discussão de tecnologia de produção e legislação. "Hoje temos carência de técnicos específicos para a apicultura, mas vamos trabalhar para apoiar a implementação de tecnologia nessa atividade porque o mercado consumidor precisa cada vez mais de produtos de qualidade, e todos sabem as qualidades do mel e derivados que podem ser oferecidos ao mercado", justificou.
As abelhas sem ferrão, também conhecidas como indígenas ou nativas, são responsáveis por 90% da polinização da floresta nativa nas regiões tropicais e subtropicais. O encontro que está sendo realizado deverá identificar melhor o número de criadores e a produção de mel dessas abelhas no Estado.