O Instituto Agronômico (IAC) irá divulgar nesta terça-feira (22), a partir das 9h, no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto (SP), os resultados do maior censo varietal de cana-de-açúcar já realizado no Brasil. O Censo Varietal IAC, feito pelo Programa Cana IAC, levantou quais são as variedades plantadas em 6,1 milhões de hectares na região Centro-Sul do Brasil.
O objetivo do trabalho é mostrar para as empresas os riscos biológicos existentes na concentração varietal e também estimular os produtores a adotarem novas tecnologias varietais de maneira mais dinâmica. A divulgação será feita durante a reunião do Grupo Fitotécnico da Cana.
Também no mesmo evento, será entregue o Prêmio Excelência no uso de variedades de cana-de-açúcar no Centro-Sul às unidades produtoras que mais se destacaram no manejo de variedades de cana, na safra 2016/17. O Programa Cana IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, avaliou essas usinas com base nas informações geradas pelo censo varietal.
O levantamento, iniciado em maio de 2016 e concluído em novembro, resultou em uma base de informação que é única no Brasil, segundo o pesquisador e líder do Programa Cana IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell. Os dados foram pesquisados junto a 217 unidades de produção, situadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Tocantins e Espírito Santo.
A finalidade do Censo Varietal IAC é levantar informações de áreas de variedades, por estágio de corte, em todas as unidades produtoras de cana-de-açúcar, incluindo usinas, destilarias e associações de fornecedores do Brasil.
"O Censo Varietal IAC tem como objetivo atender à crescente necessidade de informação do setor sucroenergético, possibilitando aos participantes o acesso a importantes informações de todas as regiões produtoras de cana-de-açúcar do país", explica Landell.
Para fazer a pesquisa, o Programa Cana IAC, que contou com a consultoria do pesquisador e estatístico Rubens Braga Júnior, assumiu um termo de compromisso assegurando que as informações não seriam usadas para fins comerciais, por exemplo, para a cobrança de royalties.
De um universo de 8 milhões de hectares cultivados com cana-de-açúcar no Centro Sul brasileiro, 6,1 milhões responderam à pesquisa. No próximo ano, serão plantados 1 milhão de hectares de cana. Destes, o IAC levantou quais serão as variedades que serão plantadas em metade desta área – ou seja – foram recenseados 500 mil hectares da área a ser instalada em 2017.
Diante da pergunta "O que você pretende plantar", as informações prestadas pelas unidades de produção permitiram traçar o perfil varietal que vem sendo mantido nas propriedades, tendo em vista os fatores de diversidade e modernidade das variedades adotadas. "Muitos plantam variedades antigas, sem incorporar tecnologia", diz o pesquisador do IAC.
O Programa Cana IAC recomenda que em uma área de produção, uma única variedade de cana-de-açúcar não represente mais do que 15% do total. A diversidade varietal é estratégica para garantir a segurança biológica e evitar que, em caso do ataque de praga ou doença severa, grande parte do canavial seja atingida, segundo Landell.
Este aspecto é avaliado pelo chamado Índice de Concentração Varietal (ICV). Outro parâmetro considerado é o Índice de Atualização Varietal (IAV), que aponta se a variedade plantada é mais ou menos moderna. Para avaliar as empresas que receberão o Prêmio Excelência no uso de variedades de cana-de-açúcar no Centro-Sul, o Programa Cana IAC somou as notas considerando estes dois indicadores.
Segundo Landell, o Índice de Atualização Varietal é um indicador positivo na avaliação das propriedades, além de representar um incentivo a todos os programas de melhoramento genético de cana no Brasil. Além do IAC, a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa) e o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) mantêm esses programas no País.