Duas novas variedades de feijão preto, desenvolvidas pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), mais produtivas e resistentes a altas temperaturas, foram lançadas na Escola de Governo desta terça-feira (04).
As variedades de feijão preto IPR Gralha e IPR Tiziu apresentam alto potencial de rendimento e são indicadas para o cultivo orgânico. Essas variedades já estão disponíveis no mercado.
O lançamento das variedades foi feito pelo governador Roberto Requião e o secretário da Agricultura, Valter Bianchini. A apresentação coube à pesquisadora do Iapar, Vânia Moda Cirino. O Instituto é considerado órgão de pesquisa pioneiro no lançamento de variedades de feijão, resistentes a fatores climáticos adversos.
O governador enfatizou as vantagens apresentadas pelas variedades de feijão, entre elas a menor dependência de insumos químicos. "Além de serem variedades indicadas para o produtor, para o consumidor, contribuem também com a preservação do meio ambiente", destacou.
De acordo com Bianchini, o Paraná é o maior produtor de feijão do País com uma produção anual em torno de 750 mil toneladas, que corresponde a cerca de 25% da produção nacional. No Estado, é uma cultura típica da pequena propriedade e deve proporcionar este ano um faturamento bruto de R$ 1,5 bilhão, considerando o preço médio atual de R$ 2 mil a tonelada.
A produtividade das variedades de feijão cultivadas no Paraná alcança, em média, 1.400 quilos por hectare, enquanto a média nacional é de 800 quilos por hectare. As variedades lançadas nesta terça-feira apresentam produtividade de até 4.000 quilos por hectare, o que proporciona um elevado retorno ao produtor rural. "Essa é mais uma força de competitividade para a nossa pequena e média propriedade", frisou Bianchini.
Segundo o presidente do Iapar, José Augusto Pichetti, o Instituto vem se destacando com as pesquisas sobre novas variedades de feijão. Desde 1973 o órgão já lançou 24 novas variedades, cujas sementes são consumidas não só no Paraná mas também em outras regiões produtoras do País e da América Latina.
Vantagens
Além das vantagens agronômicas para os produtores – como tolerância à seca e a altas temperaturas, as novas cultivares apresentam alto potencial produtivo e resistência às principais doenças que afetam a cultura no Paraná. São materiais de ótimas características culinárias e nutritivas, destacou a pesquisadora Vânia Cirino.
O principal diferencial da variedade de feijão IPR Gralha é a rusticidade, o que a torna "altamente indicada para o sistema de produção orgânico". A variedade é tolerante ao calor e moderadamente resistente à seca. No que se refere a doenças, é resistente à ferrugem, oídio e mosaico comum. Tem ainda resistência moderada à antracnose, crestamento bacteriano comum, mancha angular e murcha de bactéria, as doenças que mais atacam as lavouras de feijão no Paraná.
Com ciclo em torno de 89 dias, IPR Gralha tem potencial produtivo acima de 3.700 kg/ha. Do ponto de vista nutricional e culinário, tem em média 23,2% de proteínas, cozinha rapidamente – em aproximadamente 25 minutos –, dá bom caldo e deixa 67% de grãos inteiros após o cozimento. Esta última característica é importante do ponto de vista culinário, significa que o feijão não desmancha na panela.
A vantagem da IPR Tiziu é o porte ereto, que facilita a colheita mecânica. A excelente produtividade, que chega a superar os 3.900 kg/ha, é outro diferencial da nova cultivar. Tolera bem secas e altas temperaturas. É resistente ao mosaico comum e à ferrugem; e mostra resistência moderada à murcha de bactéria, oídio e mancha angular. O ciclo é de 89 dias.
Com teor médio de 24,5% de proteína, IPR Tiziu coze em cerca de 25 minutos, deixando 58% de grãos inteiros e bom caldo.
AEN