No ano passado, a renda bruta da produção no Paraná cresceu 72% enquanto em outros setores da agropecuária a renda caiu 16%. O mercado pede mais produção porque continua dependendo das flores produzidas no Estado de São Paulo. Em Londrina, a produtora Natalina Takemura, na atividade há mais de 30 anos, comemora bons resultados.
''É muito bom lidar com flores'', resume a produtora Natalina Takemura, de Londrina. Nesta semana, o viveiro da família entregou 40 mil vasos de crisântemos às floriculturas da região, além de clientes no interior de São Paulo e Florianópolis (SC). As vendas refletem o bom mercado das flores, especialmente em datas comemorativas, como finados, celebrado na última quinta-feira, dia 2.
A família Takemura está no mercado há mais de 30 anos e, mesmo não revelando números, garantem que a atividade é lucrativa, apesar da concorrência com os produtores do estado de São Paulo. ''Dá para ganhar mais do que 20%'', resume Rosângela, uma dos três filhos do casal de japoneses envolvidos com a atividade. Ela reclama que a rentabilidade já foi melhor: ''Há cinco anos o preço do vaso de flores é o mesmo. Neste tempo, no entanto, o custo de produção não ficou parado, houve reajuste no valor das mudas, do substrato, do vaso, dos defensivos'', contabiliza.
Na chácara da família há o cultivo de 10 variedades de flores em vasos. A produção mais forte é de crisântemo, gérbera, kalanchoe e orquídea. Há ainda o cultivo de rosas e crisântemos para corte destinados quase que exclusivamente à floricultura e à banca da feira conduzidas por eles.
Sandro Takemura conta que a família se especializou na produção dos crisântemos e já cuidam até mesmo do preparo de parte das mudas, que é feito por meio de estaqueamento. Mesmo assim, ainda se faz necessário a compra de mudas de empresas especializadas. O ciclo da flor, informa, é de 90 dias, ''de trabalho intensivo'', completa. Outros materiais como substrato, vasos e defensivos, são adquiridos dessas empresas.
O produtor está também investindo na produção de mudas de gérberas ''para diminuir o custo de produção''. As sementes são coletadas das flores mais velhas e, depois, são secadas ao sol. De empresas especializadas cada semente da flor custa, em média, R$ 0,60 e a muda varia entre R$ 1,00 e R$ 1,20.
''Produção de flor não tem sábado, domingo, nem feriado'', diz o produtor, referindo-se à necessidade de atenção intensiva. Entre os principais inimigos do cultivo, Sandro cita o ataque de pragas. ''Ácaro rajado e o trípes são os mais agressivos''.
Garantia de mercado e renda - ''Há espaço para a floricultura no Estado, mas falta assistência técnica especializada'', diz Rosângela Takemura. A entrada de novos produtores na região, segundo afirma, é possível, desde que se tenha condição de produzir em quantidade, o que permite reduzir o custo de produção, além de garantir volume. A falta de tradição da atividade na região implica diretamente na ausência de assistência técnica. ''A produção nunca estimulou a dedicação dos técnicos para o segmento'', presume. ''Mais do que quantidade e preço, é a qualidade da flor que garante o bom mercado'', sentencia.
A afirmação da florista londrinense coincide com as informações oficiais do Estado para o setor. Segundo a técnica Gilka Cardoso Andretta, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab, que é responsável pelos cálculos do Valor Bruto de Produção (VBP) no Paraná, em 2005 (os números de 2006 só são fechados no início de 2007), o setor de floricultura foi o único segmento agropecuário que registrou crescimento. ''Enquanto o VBP dos demais setores teve uma queda de 16%, as flores cresceram 72%'', afirma.
No grupo, segundo Gilka, estão inclusos todo tipo de produção de floricultura, como grama, mudas, vasos, flores para corte, ou mesmo a produção de mudas de árvores destinadas à arborização urbana. Na destinação de recursos financeiros do Estado, a floricultura, apesar do maior crescimento é também o que recebe a menor fatia.
''Há municípios que estão estimulando e apoiando esta produção'', diz a técnica do Deral. Com isso, está havendo uma inversão no ranking de produção no Paraná, liderados pelas regiões de Curitiba, Cascavel e Guarapuava respectivamente. ''Também em 2005, para nossa surpresa, a região de Londrina assumiu a liderança'', informa.
Nos cálculos do Deral, a floricultura representa ínfimos 0,23% da renda bruta gerada com a agropecuária no Estado. Traduzindo em números, o setor foi responsável por uma renda de R$ 61 milhões. Em crescimento esse valor representa um aumento de 476% do que foi contabilizado em 1997. Gilka explica que a comparação é feita a partir deste ano, graças à implantação de um sistema de cálculo que permite essa comparação.
A produção de mudas no último ano foi de mais de 1 milhão de caixas (com 15 mudas) contra 94 mil caixas produzidas em 1997. Em valores, a renda bruta de 2005 foi superior a R$ 4 milhões contra os R$ 218 mil gerados no ano em análise.
''A floricultura tem um grande potencial e mercado em expansão no Estado. Ainda somos abastecidos pela produção vinda do estado de São Paulo'', destaca Gilka. Ela alerta, entretanto, que a implantação da atividade é cara e exige produção tecnificada e mão-de-obra qualificada. ''O retorno é garantido. A renda pode chegar a R$ 100 mil/hectare'', garante. (Folha Rural/Folha de Londrina)