A Comissão Pastoral da Terra, CPT-PR, sindicatos e associações ligadas aos assalariados da cana-de-açúcar reúnem-se neste sábado, dia 14, em Londrina, para discutir as condições de trabalho, salários e degradação ambiental nos canaviais do Paraná. O objetivo do encontro é construir uma agenda de ação conjunta entre todas as entidades.
A iniciativa do encontro surgiu da CPT que vem constatando que o
crescimento do setor sucro-alcooleiro no estado está beneficiando apenas os usineiros da região. Nos últimos 10 anos, a área de cana-de-açúcar plantada no Paraná cresceu aproximadamente 85% (na safra de 1993/04 a área foi de 180.850 ha e em 2003/04 esse número chegou a 335.555 ha).
A expansão foi ainda maior, 165%, no que se refere à quantidade de cana moída: 11.000 toneladas em 1993/94 para 28.500 toneladas em 03/04. Isso fez com que o Paraná se tornasse o segundo maior produtor de cana-de-açúcar do país.
O que vem preocupando as entidades que participarão do encontro, é o fato de que esse crescimento nos números da produtividade, não vem significando melhoria real nas condições de vida dos trabalhadores(as).
Segundo visitas realizadas pelos representantes das entidades e relatos dos próprios trabalhadores rurais a remuneração pelo corte da cana-de-açucar continua baixa e as condições de trabalho permanecem ruins.
Conforme análise da CPT, nas regiões de Rolândia, Porecatu, Florestópolis e Paraguaçu Paulista, a maioria dos trabalhadores recebe R$ 1,40 por tonelada.
Em média cada trabalhador corta nove toneladas de cana-de-açúcar por dia e recebe R$ 12,6. A maioria possui carteira assinada apenas no período de safra, que é de aproximadamente 8 meses no ano. Para agüentar uma jornada de oito horas de trabalho sob o sol escaldante do norte e noroeste do Paraná, em alguns canaviais as usinas vem adotando a prática de distribuir aos assalariados rurais canavieiros um soro fisiológico.
Fonte: Assessoria de Imprensa/CPT