O Dia do Consumidor, inicialmente criado para promover conscientização sobre os direitos dos clientes e incentivar boas práticas no comércio, virou mais um destaque do calendário anual do varejo.
Leia mais:
Mulheres são as mais beneficiadas pelo aquecimento do emprego formal no país
Consumidores da 123milhas têm uma semana para recuperar valores; saiba como
Taxação dos super-ricos é aprovada em declaração de líderes do G20
Mega-Sena sorteia nesta terça-feira prêmio estimado em R$ 14,5 milhões
A data, marcada para esta sexta-feira (15), ganhou o apelido de "Black Friday do primeiro semestre" e, tal como acontece com a "irmã" do mês de novembro, consumidores já se agitam para fisgar os melhores preços -e de olho em produtos para aliviar o desconforto em meio às ondas de calor.
De acordo com levantamento do Buscapé, aparelhos de ar-condicionado saltaram da quarta para a segunda posição entre as categorias mais visadas pelos brasileiros entre 2023 e 2024. Ventiladores e circuladores, na mesma base de comparação, foram da 14ª para a 8ª posição.
A procura tem elevado o preço dos itens. Entre os dias 28 de fevereiro e 12 de março, o tíquete médio do ar-condicionado subiu 29%, indo de R$ 2.508 para R$ 3.232. No caso dos ventiladores, o valor médio pago subiu 15%, de R$ 307,78 para R$ 355,83, o que pode indicar, também, uma possível demanda por itens de maior valor.
"As ondas de calor aumentam a procura por aparelhos de ar-condicionado, o que tem refletido diretamente no valor do produto. O consumidor precisa estar atento para encontrar oportunidades em lojas e conseguir gastar menos nesse período", afirma Francisco Donato, superintendente executivo da Mosaico, empresa dona das marcas Buscapé e Zoom.
O ar-condicionado, porém, não desbancou a já tradicional líder de buscas para datas de campanhas promocionais: a categoria de smartphones. Geladeiras completam o pódio. Juntas, as três correspondem a quase metade (49,5%) de todas as pesquisas realizadas desde a última segunda-feira (11), início da chamada "Semana do Consumidor".
Esse movimento pode alavancar o faturamento do varejo para o Dia do Consumidor e superar os R$ 618,7 milhões do ano passado. Ao menos é isso que espera a Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).
O motivo para o otimismo está na melhora do cenário econômico: quedas em indicadores de desemprego e controle da inflação, além do ciclo de cortes da Selic (taxa básica de juros) indicam uma maior capacidade de consumo por parte da população.
"O varejo é a epiderme da economia: é o primeiro a esquentar e o primeiro a esfriar. Com um ambiente econômico mais favorável, inclusive pelo crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] em 2,9%, as pessoas naturalmente consomem mais", avalia o economista Roberto Kanter, professor dos MBAs de marketing e gestão comercial da FGV (Fundação Getulio Vargas).
E se o consumo aumenta, os cuidados com compras também devem ser redobrados.
Segundo Luiz Orsatti Filho, diretor-executivo do Procon-SP, as principais ocorrências durante períodos de forte campanha promocional são de não cumprimento de oferta e de prazos de entrega. "Normalmente acontece por causa de propagandas na internet, muitas vezes enganosas, com preços muito convidativos e fretes muito curtos. E isso tem aumentado por causa do número de golpes nos meios digitais", afirma.
O órgão de defesa ao consumidor ainda recomenda evitar uma série de sites que tiveram reclamações de clientes, foram notificados e não responderam. A dica de ouro é desconfiar.
"Não forneça seus dados para terceiros e, principalmente, desconfie de preços baixos demais, de ofertas milagrosas. E tenha muita calma. Dinheiro é difícil de conquistar, então não gaste ele por impulso", diz Orsatti.
Para Kanter, o Dia do Consumidor inspira os mesmos cuidados que a Black Friday, cuja fama de maquiagem de preços criou o apelido "Black Fraude".
"O cliente precisa pesquisar muito, monitorar o preço dos produtos, ver se os sites são confiáveis. Temos à mão muitas ferramentas que mostram o histórico de evolução de preços para saber se o valor que estão cobrando é realmente uma promoção ou se é aquela coisa da 'metade do dobro'", recomenda.
Vale lembrar, ainda, que o consumidor pode devolver a compra em até sete dias, se ela foi feita por telefone ou internet -o chamado "direito ao arrependimento". Em caso de avarias ou defeitos, o estabelecimento ou fornecedor tem até 30 dias para efetuar a troca ou reparo. Passado esse prazo, o cliente pode escolher entre ser reembolsado integralmente, ter o valor do defeito abatido ou efetuar a troca por um produto similar.
O cliente não é assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor caso queira trocar um produto não-avariado. No entanto, boa parte dos estabelecimentos comerciais dispõe de políticas de troca. Vale checar com sua loja de preferência.
Veja mais dicas abaixo:
- Fique atento às mensagens que chegam por meio das redes sociais, SMS e email. Golpistas usam falsas ofertas para pegar dados pessoais e bancários, posteriormente usados em fraudes financeiras e compras online
- Antes de efetuar a compra, verifique a reputação da empresa em sites como Reclame Aqui e o próprio Procon
- Desconfie de descontos milagrosos demais e compare preços com um buscador
- Verifique o endereço (URL), veja se há erros de ortografia ou bugs de design e acesse o link da política de privacidade do site. Na dúvida, pesquise pela loja oficial você mesmo para ver se há outro endereço possível
- Instale um antivírus que te notifique em caso de acesso a páginas suspeitas
- Não use a mesma senha para todos os sites ou serviços. Se ela for roubada, seus acessos estarão comprometidos
- Evite compras por impulso e analise os detalhes. Criminosos querem que a compra seja finalizada rapidamente
- Antes de fazer o pagamento por Pix ou boleto, verifique se o nome do destinatário tem relação com a loja
- Prefira compras em aplicativos