O anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quinta-feira (20), de retirar a tarifa adicional de 40% sobre uma série de produtos agropecuários brasileiros, foi recebido com alívio e otimismo pelo setor produtivo do Paraná.
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A medida beneficia itens como café, carne bovina, frutas tropicais, sucos — produtos que estavam no centro do impacto sobre exportadores do Estado desde a imposição das sobretaxas em agosto. Por outro lado, produtos importantes para a economia do estado ficaram de fora, como madeira, mel, pescados e café solúvel.
Segundo a ordem executiva divulgada pela Casa Branca, a decisão foi tomada após conversa entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro, quando ambos concordaram em iniciar negociações sobre as tarifas. O governo americano justificou que houve “progresso inicial” nas tratativas bilaterais e que recomendações internas apontavam para a necessidade de aliviar parte das restrições, consideradas prejudiciais ao próprio mercado norte-americano.
Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência afirmou que recebeu “com satisfação” a decisão e destacou que a medida é retroativa a 13 de novembro — data da última reunião entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio, em Washington. O governo brasileiro reforçou que seguirá negociando para retirar as tarifas remanescentes, especialmente sobre produtos industriais. Já a Amcham Brasil avaliou a decisão como “um avanço importante rumo à normalização do comércio bilateral”, com efeitos imediatos na competitividade das empresas brasileiras, e defendeu a continuidade do diálogo para incluir demais setores afetados.

O deputado federal paranaense Pedro Lupion (Republicanos), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), atribuiu a retirada das tarifas ao protagonismo do setor agropecuário brasileiro, minimizando o papel de articulação do governo federal. Para ele, o desfecho reflete sobretudo a pressão interna do mercado norte-americano e a capacidade de competitividade do campo brasileiro.
Segundo Lupion, a demanda do consumidor dos EUA por alimentos mais baratos acabou prevalecendo, abrindo espaço para a entrada de produtos brasileiros. “Há uma pressão interna do mercado americano, do consumidor americano, com inflação de alimentos importante por lá, e o agro competente do Brasil consegue colocar produtos com maior competitividade, com preços mais interessantes para os americanos. A carne brasileira chega lá mais barata que a carne americana, o café brasileiro compõe boa parte do mercado americano e as frutas brasileiras estão nas mesas dos americanos.”
Ele lembra que, além dos itens agropecuários, outros insumos também foram beneficiados. “Além disso, o petróleo e o carvão também tiveram suas tarifas retiradas.” No entanto, o parlamentar destaca que ainda há setores críticos pendentes de solução, especialmente o florestal. “Seguimos na luta pela questão das madeiras, que está afetando fortemente os compensados, as cercas, as molduras, afetando a indústria aqui no Paraná e em boa parte do Brasil.”
Repercussão no Paraná
No Estado, o agronegócio vê espaço para uma retomada rápida das exportações dos segmentos diretamente beneficiados. Para o gerente do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), Jefrey Albers, o anúncio foi recebido com otimismo, embora ele reconheça que o movimento, neste momento, tenha um interesse econômico maior nos Estados Unidos do que para o Brasil, propriamente dito.
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