A possível morte criminosa de duas capivaras no Parque da Raposa, em Apucarana (Centro-Norte) está sendo investigada como crime ambiental pela Sema (Secretaria de Meio Ambiente) e Guarda Municipal. Ambas foram encontradas com sinais de perfuração, com suspeita de caça ilegal e esportiva, o que indica que podem ter morrido no mesmo dia.
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Uma fêmea, com peso entre 50 e 70 quilos, foi localizada nesta quinta-feira (31) com um ferimento nas costas, possivelmente causado por uma bala ou flecha. “Tem um ferimento de entrada compatível com um projétil, se foi uma cabeça de flecha, ou um projétil lançado a partir de uma arma, seja de fogo ou de pressão, é difícil de afirmar no estado em que a capivara se encontra”, informou o biólogo Rodrigo dos Santos, que analisou o corpo do roedor nesta quinta. A equipe de fiscalização ambiental da Sema e guardas municipais estiveram presentes.
Santos explicou que o projétil atravessou o peritônio da capivara, indo das costas até a parte frontal e saindo “do outro lado”. “Pela condição do animal, não conseguimos encontrar o orifício de saída, mas pelas marcas de sangue ao redor, encontramos a linha que o projétil possivelmente fez dentro dele, entrando na dorsal e saindo na ventral.” O corpo do roedor estava em estado de putrefação, apresentando rigidez, inchaço e hematomas. Havia um objeto cravado nele, que se desprendeu no momento da retirada e foi perdido.
Uma hipótese considerada pelo especialista é que alguém atirou no roedor, que teria entrado no lago para fugir e tentar se salvar. O animal pode ter sofrido hemorragia interna e um choque hipovolêmico, condição potencialmente fatal causada por uma redução significativa no volume sanguíneo, o que levou ao óbito e que ele afundasse na água. “O corpo da capivara afunda, mas quando ele degrada ele produz gases, que fizeram com que ela fosse para a superfície, onde foi observada.”
MORTE ANTERIOR
Ainda nesta semana, uma primeira capivara foi encontrada morta no Parque e recuperada pela Sema, na segunda (28). Um vídeo gravado por um apucaranense no domingo (27) mostra que ela foi atingida por uma flecha, que perfurou o seu corpo, e estava boiando no lago. O biólogo supõe que este animal foi encontrado mais rápido porque pode ter permanecido mais perto da margem do lago.
Santos considerou que, nos dois casos, não parece que os responsáveis tenham agido para se alimentar, e sim, pelo prazer de matar. “O que nos pareceu é que não era uma tentativa de subsistência, o que por si só já é crime de qualquer forma, não o ameniza, mas a maneira como está sendo feito sugere que é algo ‘esportivo’. A hipótese é reforçada pelo fato dos autores não terem levado embora os corpos dos animais.
INVESTIGAÇÃO
O secretário de Meio Ambiente, Daniel Silva, registrou um boletim de ocorrência na PCPR (Polícia Civil do Paraná) nesta quinta, para que uma segunda força de segurança auxilie a Sema e a GM na apuração do ocorrido.
A pasta utilizou drones para identificar possíveis locais “onde esse pessoal que caça acaba ficando, tipo um mocó”. Silva pediu a ajuda da população na investigação, solicitando que se alguém tiver informações sobre a situação, entre em contato com a GM pelo 153 ou com a Sema pelo (43) 99967-0324.
“Queremos encontrar qualquer morador que tenha informação que nos leve a elucidar quando isso está acontecendo e se está acontecendo naquele local, porque é um parque relativamente grande, podem estar atacando as capivaras de um lado, elas entram na água para tentar se salvar, então morrem do outro lado da margem, o que nos dá a falsa impressão que está acontecendo de um lado, mas pode estar acontecendo do outro”, pontuou o biólogo.
Já o secretário reforçou que “caçar, matar e perseguir animal silvestre é crime. A pessoa pode pegar de seis meses a um ano de detenção, além de multa pesada”. Garantiu ainda que a segurança será reforçada nos parques, visto que são o destino de quem busca momentos de lazer “e não podem ser palco de algo cruel contra a nossa fauna silvestre”.
‘ALVO FÁCIL’
O Parque da Raposa comporta mais de 150 capivaras, quantificou Santos, sendo que o número ultrapassa 5 mil em todo o município de Apucarana. Os roedores também são encontrados em bolsões pela cidade, principalmente na zona rural, e no Parque Municipal Jaboti, palco do atropelamento de cerca de 20 capivaras em 2021.
O especialista informou que são animais dóceis, com hábitos relativamente noturnos, e costumam permitir a interação humana quando não se sentem ameaçados. “Se alguém se aproximar lentamente da capivara, consegue chegar perto, ela não vai reagir violentamente, a menos que realmente precise. Ela dificilmente briga com outros animais, convive bem e com o ser humano também, então a aceitação que ela tem aos humanos faz com que seja um alvo fácil”, explicou.
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