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'A gente sabia que não era boa ideia'

Todos que participaram da delação correm risco, diz ex-advogado de empresário morto

Folhapress
13 nov 2024 às 16:14

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- Reprodução/ Twitter
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A morte do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, 38, na última sexta-feira (8) no aeroporto de Guarulhos, não deve ser a única a ser contabilizada pela polícia em decorrência da delação feita por ele ao Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Civil, segundo o advogado Guilherme Flauzino.


Flauzino foi um dos defensores de Gritzbach, de quem disse ter se tornado amigo, mas acabou renunciando ao trabalho de defendê-lo justamente por não concordar com a ideia de uma delação premiada, em razão do alto risco da ação e, em contrapartida, a falta de garantia de segurança oferecida.

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"O motivo está claro. Olha o que aconteceu com ele [Gritzbach]. Desde o início, a gente sabia que isso não era uma boa ideia. Quem participou corre risco. Eu estou tranquilo, né? Nós aqui estamos tranquilos, porque a gente não participou dessa delação", afirmou o advogado.

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O ex-defensor do empresário e corretor de imóveis passou atuar, agora na defesa de 3 dos 5 policiais militares envolvidos diretamente na escolta da família Gritzbach naquela sexta-feira —uma prova, segundo ele, da inocência dos PMs.

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"Eu trabalhei com o Vinícius, a gente virou amigo, a gente ficou muito próximo e eu jamais trabalharia para quem estivesse envolvido na morte dele. Jamais trabalharíamos para quem estivesse envolvido na morte do Vinícius. Então, se a gente está aqui, é porque a gente acredita neles", afirmou o defensor.


Sobre a situação dos PMs, Flauzino disse que não existe nenhuma prova contra eles, embora esteja ocorrendo uma condenação pública do grupo. Isso é fruto, segundo ele, de uma tentativa de o governo paulista em dar uma resposta para o crime, mesmo que isso implique acusar sem provas.

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"O fato de ter quebrado o veículo, que inclusive foi para o DHPP [homicídios] de guincho, não tem nada que ligue eles [a crime]. O que eles erraram? Entre você ter cometido uma falha, e ter participado da morte do cara, facilitado a morte do cara, ou ter mandado matar o cara, é bem diferente", disse.


Conforme relato dos agentes à Polícia Civil, a maior parte dos integrantes da escolta não conseguiu seguir até a área de desembarque o aeroporto para esperar o empresário, porque um dos veículos usados por eles, uma Amarok blindada, acabou apresentando problemas na ignição e, por isso, ficaram em posto de combustível.

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Apenas um único PM, em um segundo carro, seguiu até lá, mas não a tempo de conseguir evitar a morte ou participar de confronto com os assassinos.


O advogado afirma perceber uma clara tentativa de prejudicar a imagem de Vinícius diante da opinião pública e, com isso, manchar por tabela a imagem dos PMs envolvidos para "acabar com os policiais".

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"Eles não devem nada, não temem nada. É por esse motivo que a gente está colaborando com a Justiça, a gente autorizou a quebra de sigilo dos telefones deles, a extração de dados. Quem não deve não teme. Eles não têm nada a ver com essa história", disse.


Conforme a Folha de S.Paulo mostrou, pessoas ligadas à investigação do assassinato do delator afirmam ver os PMs como "muito ligados ao crime" e aumenta expectativa para um pedido de prisão para eles.

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Flauzino afirma que, ao apontar os policiais como culpados, o estado também busca a isentar-se das responsabilidades pela morte de Gritzbach.


"O Estado tem que julgar a culpa em alguém. O Estado queria informação, queria o trabalho pronto, mas não queria trabalho de cuidar dele. Se o Estado não teve a capacidade de promover segurança a uma pessoa, imagina para toda a população", afirmou ele.

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Sobre quem ele acredita que tenha sido o responsável pela morte do ex-cliente, o advogado afirma que, neste momento, é impossível apontar alguém. Ele descarta, porém, que tenha havido ordem integrantes da cúpula do PCC, que, segundo ele, não havia decretado a morte do empresário como vem sendo dito.


"Se o Vinícius tivesse sido decretado, já tinha morrido faz tempo", diz. "Mas, por mais que não estivesse decretado pelo PCC, ele tinha que tomar certo cuidado. A alta cúpula não decretou ele, mas tinham pessoas aqui embaixo [da facção] que, para ganhar nome, poderia fazer uma besteira", disse trecho.


Flauzino também nega que o ex-cliente tenha desviado dinheiro do PCC, como também é afirmado por policiais, mas admite que ele lavou dinheiro para criminosos, como o próprio acabou delatando.


"Isso é fofoca de bar isso daí [desviar dinheiro da facção]. O Vinícius vendia e comprava imóveis, com isso, o crime viu que ele era um ótimo corretor, viu ali um jeito de lavar dinheiro, disse. "Ele próprio falou que era um morto-vivo, que precisaria de segurança. O Estado falhou com ele."


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