Transformar um veículo normal em elétrico, ter um local para carregá-lo enquanto trabalha ou estuda, estacioná-lo em local privilegiado e ainda converter a energia gerada para a rede elétrica parece um sonho? Para o pesquisador do Departamento Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT) do Câmpus Curitiba da UTFPR, Jair Urbanetz Junior, isso virou realidade.
Recentemente, o professor, juntamente com seus alunos de mestrado e bolsistas do Laboratório de Energia Solar (Labens), construiu um estacionamento coberto exclusivo para carros elétricos, com instalação de placas fotovoltaicas, funcionando como uma usina geradora de energia ligada à rede elétrica na sede Neoville, operando como compensação de energia conforme regulamentação vigente no país. São duas vagas disponíveis e com local para carregamento dos veículos em cada vaga. Toda a mão-de-obra de construção, instalação (doada por empresas parceiras) e pintura foi feita pelo professor juntamente com cerca de seus 15 alunos.
Juntamente com o estacionamento, o professor orientou a dissertação de seu então aluno de mestrado, Jardel Eugenio da Silva, a qual resultou na conversão de um veículo convencional, um modelo Mercedes Benz Classe A190, em 100% elétrico.
Leia mais:
Encontro de carros antigos e rebaixados acontece neste domingo em Londrina
Vai viajar no fim do ano? Veja itens obrigatórios e essenciais para uma viagem tranquila
Motocicletas se multiplicam sob o olhar mais atento da política
Acidentes com motos sobrecarregam o SUS e levam a perda de mobilidade, amputação e dor crônica
"O estacionamento com carregamento solar era um desejo que eu tinha. Ele representa a união da geração de energia limpa com a mobilidade elétrica", explica o pesquisador. "Isso é uma sementinha que estamos plantando mostrando que o sistema é viável. Meu sonho é ver as vagas sendo disputadas no estacionamento, incentivando as pessoas a começarem a pensar nesta realidade".
Com relação a conversão de um carro comum, o pesquisador explica que o sonho era antigo. "Eu queria fazer a conversão de um carro elétrico e vi que tinha um aluno com esse
Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Diretoria de Gestão da Comunicação
potencial e que já tinha desenvolvido um veículo elétrico anteriormente em um TCC dele de outra instituição. A diferença é que este era um veículo pequeno, um mini bug. Então, lancei a ele o desafio de fazer a conversão em um veículo convencional e ele aceitou", conta Urbanetz.
O tempo para o carregamento de um veículo nas instalações pode levar cerca de oito horas, por se tratar de uma tomada convencional de 220V. Segundo o professor, o próximo passo, agora, é instalar carregadores com diferentes conectores para que esse processo seja mais rápido, levando em torno de uma ou duas horas. "No mercado, hoje temos veículos com três modelos de conectores diferentes. Já deixamos o espaço para colocar no local a instalação para estes três modelos e estamos em negociação com empresas para nos doarem essas instalações", completa.
Economia e Pesquisa
As placas instaladas nas duas vagas de estacionamento da sede produzem cerca de 500 kw/h por mês. Uma média de 6Mw/h ao ano. Convertidos à rede elétrica, a potência representa uma economia de R$ 250 ao mês, ou R$ 3 mil ao ano. "Isso em uma área de apenas 8m², em média. Imagine se instalássemos em toda a área de estacionamento?", ressalta o pesquisador Urbanetz.
A sede Neoville também recebeu, em 2016, através das pesquisas do professor, placas instaladas no telhado da sede com geração de 1MW/h por mês. A economia desta instalação chega a R$ 500 por mês, representando R$ 6 mil ao ano.
Somada às novas placas do estacionamento, a economia com gastos de energia elétrica para a Sede será de, aproximadamente, R$ 9 mil ao ano.
As placas fotovoltaicas são importantes fontes de pesquisa para os professores e alunos da UTFPR. Além da economia de energia e incentivo à mobilidade urbana sustentável, elas fornecem informações sobre incidência solar, performance das placas e os fatores diversos que levam a perda de energia.
Veja o vídeo do carro: