Os constantes reajustes de preços nos combustíveis têm preocupado os motoristas de aplicativo em Londrina, que veem a queda das suas rendas devido às despesas e à perda de demanda, influenciada também pelas atuais medidas de restrição. No 1º dia de março, a Petrobras anunciou um novo aumento nos preços do óleo díesel e gasolina comercializados em suas refinarias. Segundo a estatal, os valores são fundamentados pelo mercado internacional e pela taxa de câmbio.
Maillon Almeida, 30, viu nos serviços de aplicativo uma forma de arcar com suas contas básicas, já que estava desempregado. Trabalhando de 8h a 12h diárias, o condutor realiza 10 corridas. De acordo com o profissional, a busca pelos transportes privados diminuiu consideravelmente na pandemia, pois, antes deste período, ele completava até 30 viagens por dia.
A redução de clientes, combinada aos altos custos de manutenção do veículo, fez Almeida questionar a rentabilidade do seu trabalho. "Em cada corrida, é repassado o valor mínimo de R$ 3,75 aos motoristas. Não temos lucro deste dinheiro, pois o preço do litro da gasolina está em R$ 5,10."
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Daniela Montouro, 45, atuava como corretora de imóveis e, com o enfraquecimento do setor imobiliário, iniciou no ramo de transportes. Ela pontua que os aplicativos não oferecem qualquer ajuda de custo para os motoristas, e estão introduzindo novas modalidades promocionais de corrida que beneficiam os clientes, mas inviabilizam o lucro dos condutores.
A motorista explica que só começa a ganhar dinheiro quando o passageiro entra em seu veículo, não recebendo reembolso pela gasolina gasta durante o deslocamento até os solicitantes. Ela destaca que, além dos combustíveis, precisa arcar com outros reparos em seu automóvel. "Ao passo que o valor do combustível sobe, também aumentam os preços dos pneus e dos seguros. Também preciso lavar meu carro uma ou até duas vezes por semana", completa.
Ainda completam o tanque?
Bruno Santaella, 38, é proprietário dos postos de combustível Carajás, que possui 38 unidades, sendo seis em Londrina. Durante a pandemia, seus estabelecimentos apresentaram uma queda de 30% nas compras de gasolina e etanol. Ele comenta que as medidas de restrição, como o lockdown vigente, impulsionaram a menor circulação de automóveis.
Apesar de defender o livre mercado regulado pelos valores do comércio internacional, o empresário reconhece que o encarecimento dos produtos impactou as vendas na sua empresa: "Esse aumento dos preços é extremamente prejudicial para o posto. O proprietário de automóvel, que tem a opção de utilizar ônibus, acaba optando pelo transporte público. Aqueles que possuem um carro e uma moto, usam a segunda opção. Além disso, as caronas aumentaram significativamente."
*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.