O preço em alta do dólar pode pesar no bolso de quem planeja uma viagem internacional ou já está com as passagens compradas. Mas é possível tomar algumas medidas para amenizar os efeitos da elevação.
Definir um orçamento diário para a viagem é o primeiro passo, reservando uma média de 100 dólares (cerca de R$ 536) para quem vai sozinho. Depois, é essencial manter os gastos sob controle, além de evitar ao máximo o uso de cartão de crédito para fugir das altas taxas cobradas pelos bancos.
"Quanto mais se planejar para uma viagem internacional, menos surpresas desagradáveis terá", recomenda Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos.
As decisões da política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) e as incertezas na política fiscal brasileira podem refletir nas escolhas do viajante. Entre trazer um presente de fora ou não, e comer em um restaurante mais caro ou não, a opção mais econômica pode prevalecer.
Na quarta-feira (12), o dólar atingiu sua máxima, e fechou em R$ 5,40, após o Fed decidiu manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos entre 5,25% e 5,50% e com as incertezas no cenário brasileiro. O Fed também sinalizou que pretende fazer apenas um corte de 0,25 ponto percentual nos juros neste ano.
Internamente, o cenário fiscal do Brasil é de preocupação constante para os investidores internacionais. A falta de um superávit primário sólido e a dependência do governo em aumentar a arrecadação por meio de impostos em vez de cortar gastos criam uma perspectiva negativa.
O contexto fiscal desfavorável contribui para a depreciação do real frente ao dólar, que não deve sofrer grandes reduções até o fim do ano, segundo Viotto. "O dólar não deve disparar, mas é difícil que volte ao patamar de R$ 5", afirma.
Outro fator são as eleições americanas no segundo semestre deste ano. Historicamente com uma postura mais conservadora, o Fed deve manter a taxa de juros inalterada, aguardando os desdobramentos do pleito para fazer qualquer mudança.
"Com toda essa turbulência política, é difícil prever, mas não existe uma perspectiva de baixa a curto prazo", afirma Douglas Ferreira, diretor da mesa de câmbio da Planner Investimentos.
Dicas de como se preparar para a viagem:
DEFINA UM ORÇAMENTO DIÁRIO
- O primeiro passo é definir quanto irá gastar por dia de viagem para evitar gastos além do previsto.
- Para quem viaja sozinho, uma média de 100 dólares por dia é razoável. Casais devem considerar 150 dólares diários, enquanto famílias devem planejar cerca de 200 dólares por dia.
- Ao estabelecer esses valores, basta multiplicar pelo número de dias da viagem. Isso ajuda a calcular total que precisa ser convertido.
ABRA UMA CONTA INTERNACIONAL
- Considerar abrir uma conta internacional pode ser uma estratégia financeira mais vantajosa.
- Os bancos oferecem diversos pacotes e benefícios que facilitam a vida de quem viaja para o exterior, como pontos que podem ser trocados por produtos e descontos no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
- Ter uma conta bancária internacional permite depositar o dinheiro em reais, converter para dólares e usar um cartão de débito. Tudo isso pode ser feito por meio de um aplicativo no celular, acessível de qualquer país, sem a necessidade de ir a uma casa de câmbio ou banco.
FAÇA O CÂMBIO MÉDIO
- Da mesma forma que muitas pessoas parcelam passagens aéreas e até mesmo a hospedagem em hotéis, fazer compras parceladas de dólar antes da viagem é uma boa saída. A estratégia é conhecida como "câmbio médio".
- Isso envolve comprar dólares em pequenas quantidades ao longo do tempo, em vez de adquirir toda a quantia necessária de uma só vez.
- Comprando um pouco a cada mês, os viajantes podem aproveitar melhores taxas e suavizar o impacto de picos de alta da moeda.
- A prática ajuda a criar uma média favorável de cotação, minimizando os efeitos de flutuações cambiais.
MANTENHA OS GASTOS SOB CONTROLE
- Após definir um orçamento diário, mantenha-se dentro dele para evitar surpresas desagradáveis.
- Optar por refeições mais simples e explorar opções mais baratas de transporte são maneiras de controlar os gastos.
- A dica é balancear momentos de "luxo" com opções mais econômicas, sem comprometer a qualidade da viagem.
FUJA DO CARTÃO DE CRÉDITO
- O uso do cartão de crédito deve acender um alerta para o viajante. A recomendação é que essa forma de pagamento seja reservada somente para emergências.
- O uso excessivo pode onerar a fatura devido às altas taxas cobradas pelos bancos (spread bancário) e aos impostos adicionais, como IOF.
- O spread médio no cartão de crédito é de cerca de 10% do valor da compra, bem mais alto do que outras opções de câmbio, como o uso de um cartão de débito de uma conta internacional ou de outros serviços de transferências, que oferecem spreads de cerca de 2%.
- Também é importante avisar ao banco sobre a viagem para evitar bloqueios por suspeita de fraude.