A cada ano, mais brasileiros trocam as viagens de ônibus pela agilidade do avião. Voar está mais acessível, as passagens têm preço competitivo, somados as facilidades de financiamento e a diferença que pode significar dias no tempo da viagem. As estatísticas também contribuem para reforçar a segurança deste meio de transporte: estudos mostram que para cada 1,32 milhões de passageiros de avião apenas um poderá morrer em acidente aéreo, enquanto mais de 265 poderão morrer no trajeto até o aeroporto. Para algumas pessoas, no entanto, nada disso é argumento suficiente para fazê-las entrar em um avião.
O medo de voar atinge 40% dos brasileiros com manifestações em diferentes níveis, do mais ameno - no qual as pessoas utilizam o transporte aéreo com receio - ao mais extremo - no qual as pessoas não o utilizam em hipótese nenhuma. Há os casos emblemáticos de artistas, jogadores de futebol que cancelam shows ou deixam de assinar contratos simplesmente para não passar pelo pânico que uma viagem aérea representa.
Para quem não pode perder oportunidades, seja de uma viagem a passeio ou a negócios, a boa notícia é que existe tratamento. A psicóloga Elvira Gross é especialista neste tipo de fobia. Já curou centenas de pessoas com uma terapia que combina técnica da Psicologia Comportamental e da Psicologia Cognitiva. Ela explica que a cura do medo de voar e de outras fobias correlatas passou a ser atingida com um alto índice de sucesso - acima dos 90%.
Ela explica que as pessoas que tem medo de voar, geralmente são muito ansiosas e ao pensar na viagem começam a ter pensamentos catastróficos. O tratamento, que dura em média dois meses, busca trabalhar as causas dessa ansiedade e ao mesmo tempo traz o lado prático, demonstrando que o avião é um meio de transporte seguro.
"Todo o tratamento busca fazer com que o paciente desenvolva controle sobre as suas emoções e identifique suas sensações e comportamento desagradáveis para, a partir daí, aprender a lidar com situações difíceis, com exposição gradual diante de seus traumas", explica Elvira.
Após entrevista individual, o tratamento é realizado em grupos, de até seis pessoas. Inclui visitas ao aeroporto, palestra de um comandante de avião e treinamento em um simulador de voo. O simulador é CAE South América, o mesmo utilizado por comandantes dos diversos países da América do Sul.
A terapia se encerra com uma viagem de todo o grupo acompanhado por um psicólogo. "O acompanhamento é constante. Na terapia cognitiva são trabalhados os pensamentos que geram emoções. O paciente é estimulado a prestar atenção ao seu padrão mental e a tentar mudar os pensamentos improdutivos ou nocivos à saúde" conta Elvira, que também é autora do livro "Avião - Viaje Sem Medo", publicado pela editora Alaúde em 2009.