Destinos

Viva uma experiência histórica nos caminhos de Minas

06 set 2011 às 11:53

O Brasil é um país jovem, tem pouco mais de 500 anos, muito menos que do que as grandes nações da Europa, Oriente Médio e Ásia, mas também tem muita história para contar. E uma parte importante dela pode ser encontrada na Estrada Real, roteiro histórico e ecológico que corta boa parte do estado de Minas Gerais.

A estrada propriamente dita foi construída a partir do século 17, quando o Brasil era colônia de Portugal, e originalmente ligava Villa Rica, hoje Ouro Preto, a Paraty. Era a época do Ciclo do Ouro, que se estendeu ao longo do século 18. O metal era garimpado no interior das Gerais e levado ao litoral fluminense para ser embarcado à Europa.


Posteriormente, quando as jazidas de diamantes começaram a ser exploradas mais ao norte, a estrada foi ampliada até o Arraial do Tejuco, a atual Diamantina, e, ao sul, ganhou um ramal até a cidade do Rio de Janeiro.


Uma das maravilhas deste percurso é Tiradentes, pequena cidade que foi rebatizada para homenagear seu filho mais ilustre, Joaquim José da Silva Xavier, o Mártir da Inconfidência, que, tendo exercido a profissão de dentista, ganhou o famoso apelido.



As ruelas, igrejas, prédios públicos e casas coloniais bem conservadas são os principais atrativos da área urbana do município, que pode ser conhecida a pé em dois dias. Mas há muito mais. A gastronomia é um ponto forte e alia a comida mineira tradicional a opções mais requintadas.


Ao redor da cidade, trilhas, montanhas e cachoeiras fazem a felicidade de quem gosta de natureza, aprecia fazer longas caminhadas ou de andar a cavalo. Para compras, vá até Bichinho, distrito de Tiradentes repleto de oficinas e lojas de artesanato. Há ainda um trem puxado por uma Maria Fumaça restaurada que leva até o município São João Del Rei. Vale o passeio. No destino, destaque para a Igreja de São Francisco de Assis, especialmente bela sob a iluminação noturna, e para o cemitério adjacente, onde está enterrado o ex-presidente Tancredo Neves e sua mulher, Risoleta.


De lá, uma sugestão é seguir para Ouro Preto, parando antes, porém, em Congonhas do Campo para ver as obras do mestre Aleijadinho no Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Lá estão suas famosas esculturas dos profetas, em pedra, e dos passos da Paixão de Cristo, em madeira. Tudo em tamanho natural.


Em Ouro Preto, vale ficar alguns dias para explorar bem a cidade, suas ladeiras, vielas sinuosas, casario colonial, inúmeras igrejas e obras de arte do barroco brasileiro. Esse é um daqueles lugares em que andar sem rumo, só olhando as paisagens e os monumentos, é um bom programa. A igreja de São Francisco de Assis, projetada por Aleijadinho e com pinturas de Mestre Ataíde, é uma das principais atrações da cidade.


Alexandre Rocha/Agência Anba

Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto


As obras desses dois artistas estão espalhadas pelo município e pela vizinha Mariana, que reúne também belos exemplos da arquitetura colonial. Essas duas cidades concentram várias minas do Ciclo do Ouro, algumas podem ser visitadas, e há garimpos ativos ainda na região, mas a busca hoje é por pedras preciosas, como o topázio.


Deixando Ouro Preto, e antes de seguir para Belo Horizonte, a capital mineira, uma boa pedida, aliás, imperdível, é parar no Caraça. Reserva natural privada, lá funcionava um colégio religioso até o final da década de 1960, quando um incêndio destruiu a escola. Hoje, os antigos alojamentos dos alunos servem como pousada.


Não é um lugar para quem quer agito, mas para quem adora a natureza e a tranquilidade. Durante o dia, o principal programa é caminhar pelas várias trilhas do parque. Mas atenção para não perder as refeições, servidas no refeitório do complexo principal de prédios. Os horários são rígidos.


Alexandre Rocha/Agência Anba

Santuário do Caraça


À noite, em frente à igreja de estilo gótico, que destoa das demais construções, os padres colocam restos de carne para atrair lobos guará. E eles vêm comer, mas é preciso permanecer em silêncio para não espantar os bichos.


De lá para BH, pare em Sabará, nas imediações da capital, para conhecer a igreja de Nossa Senhora do Ó, pequena e simples por fora, mas impressionante por dentro com sua decoração repleta de ouro, incluindo detalhes que lembram uma influência... chinesa!


Em Belo Horizonte, pausa para a arquitetura moderna, com os prédios projetados por Oscar Niemeyer ao redor da Lagoa da Pampulha. A capital é conhecida também pela profusão de botecos e seus petiscos, que alguns chamam de "baixa gastronomia", mas são deliciosos.


Para o norte, Diamantina guarda mais um pedaço da história do Brasil e até um pouco de influência árabe, como seus muxarabiês. É a terra de Xica da Silva, a escrava liberta que se tornou famosa, e de Juscelino Kubitschek, um dos mais populares presidentes do Brasil. É conhecida também por seus recitais de música e serenatas.


Alexandre Rocha/Agência Anba

Muxarabiê em Diamantina: influência árabe

Para voltar, se você estiver de carro e ele não for muito sensível, uma ideia é deixar de lado as rodovias e optar pelas estradas de terra que cortam lugarejos como Milho Verde e pequenas cidades, com Serro, famosa por seus queijos, até a Serra do Cipó, um lugar de paisagens deslumbrantes. E estando em minas não se esqueça: pão de queijo sempre!


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