O turismo subaquático é uma modalidade que vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil. A prática surgiu do estudo científico, mas a riqueza marinha e o naufrágio de 1850 embarcações em nossa costa, fornecem o enredo perfeito para essa emocionante atividade, que parece tirada de um filme de ficção, cheio de navios piratas, histórias de amor e tesouros.
A exemplo de outras práticas de turismo, o mergulho requer treinamento em escolas habilitadas e equipamentos especializados. Mas, uma vez atendidas essas exigências é só escolher o destino e mergulhar fundo na aventura, cheia de adrenalina e mistério, afinal, apenas 350 dos naufrágios foram identificados em nosso litoral.
A maioria dos barcos afundou em águas brasileiras, entre os séculos 19 e 20, mas, existem navios bem mais antigos, que repousam a séculos no fundo do mar. Entre os destinos mais procurados, estão os locais que tem embarcações em melhor estado de conservação e segurança para o turista.
O mergulho pode começar em Fernando de Noronha, Pernambuco, considerado por muitos um dos melhores lugares para o turismo subaquático do país. Com visibilidade de até 50 metros, o turista confere os encantos da vida marinha. É ali também que se depara com o naufrágio mais antigo do Brasil: a nau Gonçalo Coelho, em 1503, que, apesar dos anos, se encontra em ótimo estado de conservação.
Em Abrolhos, Bahia, encontramos o Cavo Artemi, o maior naufrágio de nossa costa. O navio grego possui 180 metros de comprimento e afundou em 1980, com 16.800 toneladas de ferro. O navio encontra-se a uma profundidade de 9 a 31 metros, em um local de águas claras e de vida marinha exuberante, que proporciona ótima visibilidade ao mergulhador.
Em Lagoa Azeda, nas proximidades de Maceió, Alagoas, o barco Itapagé naufragou após ser atingido por torpedos de um submarino alemão, durante a II Guerra Mundial. 18 tripulantes e 9 passageiros morreram no episódio. A visita é um passeio histórico e emocionante, com cardumes brincando por todos os lados.
O mergulho ao Pinguino, navio graneleiro de origem panamenha, afundado em 1967 é um dos preferidos dos mergulhadores, devido às águas calmas e também às ótimas condições da embarcação. O navio foi a pique na Enseada do Sítio Forte, em Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro, depois de um incêndio na casa de máquinas.
Outro caso que é um verdadeiro ícone no turismo subaquático é o caso do espanhol Príncipe de Astúrias, conhecido como o "Titanic Brasileiro". O navio encerrou seus dias de cruzeiro em 1916, ao bater nos rochedos de Ilhabela, litoral paulista, levando para o fundo do mar, 470 pessoas, entre tripulantes e passageiros.
Além destes, muitos outros naufrágios ocorreram em nossa costa: transatlânticos, cargueiros, navios a vapor, graneleiros, submarinos e paquetes. Segundo relatos, a maioria permanece desaparecida, mergulhada nas brumas do mar e do mistério, como o Santa Rosa, que desapareceu em 1726, no nordeste do país, com um tesouro de US$400 milhões em ouro e prata.
Ou ainda, o Rainha dos Anjos, nau desaparecida na Baia de Guanabara, Rio de Janeiro, em 1722, quando levava presentes do imperador chinês para o Papa. Nem a embarcação, nem o tesouro avaliado em US$500 milhões de dólares foram encontrados até agora.
Além do Oceano Atlântico, diversos rios, lagos e igarapés também proporcionam a emoção do mergulho subaquático, como por exemplo, em Bonito, Mato Grosso do Sul. O turista pode se aventurar no Recanto Ecológico Rio da Prata e na Lagoa Misteriosa, locais de águas cristalinas e azuis, com peixes e vegetação abundantes.
Nas cidades de Capanema, Santarém e Tucuruí, no Pará, os amantes do mergulho encontram lagos extensos e profundos, resultado da ação extrativista da região, alguns com 5 quilômetros de extensão, com biodiversidade exótica e cardumes de espécies variadas.
Seja qual for o destino escolhido, seja em água doce ou salgada, o mergulho é um das atividades turísticas mais emocionantes praticadas no mundo. Afinal, nadar junto a golfinhos, botos, cardumes e conhecer os mistérios dos rios e do mar, é algo, simplesmente, emocionante e inesquecível. Bom mergulho!